COMO
CRIAR UM PLANEJAMENTO DE SST PARA SUA EMPRESA?
Toda empresa que deseja uma efetiva prevenção de
acidentes e doenças relacionadas ao trabalho deve se preparar com um
planejamento de Segurança e Saúde no Trabalho (SST). Assim, é possível reunir e
praticar as melhores ações e estratégicas, de acordo com o mercado, cenário e
estrutura da organização. Mas o que, de fato, deve conter em um planejamento de
SST?
Geralmente, um planejamento de SST completo, funcional
e eficaz, deve conter as seguintes etapas:
Análise
de cenário
Primeiramente, para se planejar aonde quer chegar,
deve-se saber onde está. Por isso, antes de iniciar um planejamento, é
necessário entender e avaliar o cenário atual da empresa. Para isso, indica-se
que seja feita uma análise minuciosa do cenário interno e externo da instituição,
como por exemplo, viabilidade econômico-financeira, qualificação de pessoal,
tempo e posicionamento no segmento de atuação, cultura organizacional (cultura
de prevenção), entre outros. Assim, é possível identificar possíveis limites de
suas realizações pretendidas.
É interessante estar atento às questões externas que
afetam direta, ou indiretamente, a empresa. Nesse sentido, cite-se, por
exemplo, crises ou crescimento da economia, inflação, novidades legislativas,
instabilidade política, novas exigências em termos de padrão de qualidade de
produtos, entre outros.
Por
isso, para o cumprimento desta etapa, uma das ferramentas mais utilizada é
a Análise de SWOT - Strengths, Weaknesses, Opportunities e
Threats. A tradução mais usual em português. É FOFA - Forças, Fraquezas,
Oportunidades e Ameaças. Na planilha de SWOT, você avalia a posição competitiva
da empresa, internamente e externamente, enquadrando os seus atributos da
seguinte forma:
a) Forças
(Strengths): descrever o que diferencia a empresa da concorrência, como
por exemplo, tempo de fundação, marca estruturada, base de clientes fiéis,
balanço sólido, tecnologia exclusiva, serviços de qualidade, entre outros.
b) Fraquezas
(Weakenesses): averiguar tudo que impede que a empresa atue no seu máximo
potencial. São áreas nas quais a empresa precisa aperfeiçoar para permanecer
competitiva, como por exemplo, taxa de turnover, absenteísm, altos
níveis de endividamento, falta de capital, entre outros.
c) Oportunidades
(Opportunities): são os fatores externos favoráveis e capazes de oferecer
uma vantagem competitiva para a empresa, como por exemplo, melhores taxas de
produção e importação, mudanças na legislação, possibilidade de investimento,
novas tecnologias, lançamento de produtos complementares, entre outros.
d) Ameaças
(Threats): são os fatores que podem prejudicar a empresa, como por
exemplo, aumento dos custos de insumos, aumento da concorrência, baixa oferta
de mão de obra, greves e paralizações, entre outros.
É importante ressaltar que a análise tem como objetivo
auxiliar na elaboração de um planejamento de SST, mas recomenda-se que
participem não apenas a equipe técnica de SST, mas sim, outros colaboradores,
de áreas distintas, já que o SWOT vai avaliar e trazer uma visão abrangente da
organização. Cabe aos responsáveis de SST definirem a equipe mais adequada para
realizar essa análise.
Quando a empresa não possui uma equipe específica de
SST, há a possibilidade de considerar a contratação de terceiros ou assessorias,
para ter um planejamento mais ágil, atualizado e seguro.
Vale ressaltar que na avaliação interna e externa,
quando o objetivo é o planejamento de SST, deve ser considerado aspectos
específicos da área e não apenas a realidade que envolve a organização.
Enquanto fatores do ambiente interno estão sob a governança dos dirigentes e
colaboradores da organização, o ambiente externo independe de gestores da
empresa.
Identificação
dos perigos
Após realizar a análise preliminar do cenário da
empresa, chegou a hora de identificar os perigos e controlar riscos do ambiente
de trabalho.
Segundo o item 3.19 da norma ISO 45.001:2018,
perigo é a fonte com potencial para causar lesões e problemas de saúde.
No caso de Segurança e Saúde no Trabalho - SST, é
preciso focar nos perigos com potencial para gerar acidentes ou doenças
ocupacionais, como por exemplo, trabalho em altura, ruído, calor, doenças
infectocontagiosas; piso escorregadio; energia elétrica; gases e vapores,
posturas e movimentos inadequados; conflitos entre colaboradores; entre outros.
Em SST, os perigos ou fatores de riscos estão,
normalmente, associados à: processo produtivo; instalações prediais
(edificação, instalações elétricas, estacionamento, central de gás, escadas,
rampas, elevadores); máquinas e equipamentos; atividades de manutenção e
limpeza; condições ambientais; leiaute, inclusive mobiliário e gestão de
pessoas e atividades.
Assim como a análise preliminar, é provável que seja
necessária a visão de outros profissionais neste levantamento de perigos,
devido a certos conhecimentos técnicos, que podem não ser de expertise da
equipe de SST, como por exemplo, elétrica e mecânica.
Lembrando que, as estratégias apresentadas, não são
excludentes, podendo ser adotadas de forma simultânea e complementar.
Avaliação
de risco
Segundo a norma OHSAS 18001/2007, item 3.21,
risco é a “combinação da probabilidade da ocorrência de um acontecimento
perigoso ou exposição e da severidade das lesões, ferimentos ou danos para a
saúde, que pode ser causada pelo acontecimento ou pela exposição”.
Assim, pode-se dizer que risco é a
probabilidade de ocorrência de um acidente ou doença ocupacional devido à
exposição a situações perigosas, considerando também as prováveis consequências
de tais ocorrências (lesões ou mesmo a morte).
Confira,
a seguir, algumas formas de analisar e identificar possíveis perigos e riscos
na sua empresa:
a) Processo de
produção: deve-se analisar as situações de perigo por etapa dos processos
de produção. A separação das etapas dos processos pode ser feita com a análise
dos fluxogramas de produção e através de inspeção do local de trabalho. A
equipe responsável deve fazer uma inspeção detalhada das linhas de produção e,
conforme etapas definidas, levantar as situações de perigos detectadas. Não
esqueça de avaliar também os Equipamentos de Proteção Individual – EPI’s e
Equipamentos de Proteção Coletiva EPC’s.
b) Instalações: recomenda-se
uma inspeção planejada para verificar as condições relativas à estrutura das
edificações da empresa, avaliando telhado, sinais de fissuras e trincas,
escadas, rampas, condições de piso, ventilação e iluminação, entre outros. Além
disso, é fundamental que haja inspeção dirigida às instalações elétricas e
sistema de combate a incêndio.
c) Máquinas e
equipamentos: é essencial orientar a equipe e levantar todos os perigos
relativos às máquinas e equipamentos, devido ao potencial que representam para
provocar acidentes, danos pessoais e materiais. Com os manuais desses
equipamentos em mãos, é interessante realizar um inventário com as
características básicas de cada um. É sugerível que a identificação dos fatores
de riscos, seja dividida em, pelo menos, quatro fases de operação: partida,
alimentação (caso de combustíveis), operação e desligamento. A análise de
riscos de máquinas e equipamentos é uma exigência da Norma Regulamentadora
12, do Ministério do Trabalho.
d) Auditorias: o
levantamento de perigos pode ter como base os relatórios de auditorias
(internas ou externas).
e) Entrevistas e Questionários: pode ser realizada a aplicação de entrevistas e/ou questionários dirigidos à alguns empregados que operam máquinas, processos ou que coordenam atividades consideradas potencialmente perigosas.
d) A avaliação de risco é, em geral, realizada com o uso de planilhas ou sistemas específicos. Veja a seguir um exemplo de planilha que pode ser aplicada:
Requisitos legais e afins
Neste momento, há a necessidade de realizar um
levantamento para identificar todos os requisitos legais, em matéria de SST,
que a empresa deve cumprir obrigatoriamente, tais como as Normas Regulamentadoras
- NR’s).
Além disso, é recomendado verificar outros aspectos
que se julgue importante e necessário para a cultura prevencionista da empresa.
Definição
de objetivos e metas
Finalmente, após todo esse percurso, chegou o momento
de ser definido os objetivos e metas do planejamento, considerando todas as
etapas anteriores.
Agora,
serão definidas e combinadas as ações e investimentos por parte da empresa,
principalmente, equipe responsável, tendo como ressalvas importantes:
a) Os objetivos e metas
devem estar alinhados com todas as etapas anteriores: avaliação de cenário,
levantamento de perigos, avaliação de riscos e requisitos legais;
b) Os objetivos devem ser
elaborados, preferencialmente, começando com um verbo no modo infinitivo que
indica ação, de forma mais macro, como por exemplo, “reduzir” (reduzir o nível
de absenteísmo na empresa);
c) As metas são a
quantificação dos objetivos. No caso, ao se definir um objetivo como o
exemplificado (reduzir o nível de absenteísmo na empresa), a meta irá definir
em quanto pretende-se essa redução, por exemplo em 10%.
Planos
de Ação
O plano de ação é o documento que contém as ações que
devem ser executadas para o cumprimento dos objetivos e metas traçadas no
planejamento. É a partir do plano de ação que se executa todo o trabalho de
prevenção, em busca dos resultados almejados. No plano, estarão as ações que
devem ser realizadas para que o planejamento seja efetivamente cumprido.
Para facilitar e melhor organizar o plano de ação, existem alguns modelos
sugeridos. Um dos modelos mais conhecido é o 5W2H, que propõe sete perguntas
que podem ser dispostas numa planilha.
É importante que durante o plano de ação as equipes de
trabalho sejam bem definidas, além dos colaboradores devidamente treinados, para
que não realizem tarefas para as quais não estão aptos.
É necessário que sejam criados esquemas que mostrem
quem é o responsável pela tarefa, bem como os passos para que ela seja
cumprida. Assim, caso algo venha a falhar, será possível fazer a pronta identificação
e tomar as medidas cabíveis para que isso deixe de acontecer.
Por fim, criar um planejamento de SST exige
organização e disciplina para que, efetivamente, se torne uma ferramenta
estratégica no gerenciamento eficaz de perigos e riscos da empresa e, o mais
importante, na garantia de um desempenho seguro, eficaz e saudável da empresa.
Uma organização que renuncia ao planejamento de SST, certamente estará atuando
com o improviso e o incerto, que vão de contrapartida da função da SST, podendo
ter que lidar com situações indesejáveis, e até mesmo graves, em termos de
acidentes do trabalho e passivos trabalhistas.
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