DESAFIOS
DA EXPOSIÇÃO A NANOPARTÍCULAS E A SAÚDE OCUPACIONAL
A exposição ocupacional a nanopartículas representa um
risco emergente, simultaneamente novo e em ascensão. As nanopartículas entram
no corpo humano por diversas vias, desconhecendo-se ainda a total dimensão dos
danos que podem causar à saúde dos trabalhadores expostos. Embora a informação
sobre a exposição dos trabalhadores e seus respectivos efeitos na saúde seja
muito limitada, é crucial implementar os princípios básicos de prevenção desde
já.
Os métodos tradicionais de amostragem de partículas
podem ser utilizados para medir as nanopartículas; no entanto, esses métodos
apresentam limitações e requerem uma interpretação cuidadosa. A pesquisa sobre
técnicas de amostragem mais específicas e sensíveis está em franco
desenvolvimento, visando uma avaliação mais precisa da exposição ocupacional a
nanopartículas.
O
que são nanopartículas?
Conforme a norma ISO/TS:2008, um nano-objeto é
definido como um material com uma, duas ou três dimensões externas variando de
aproximadamente 1 a 100 nanômetros (nm). Para ilustrar, imagine um fio de
cabelo com cerca de 1 metro de comprimento. Agora, divida esse fio em 1 bilhão
de partes. O resultado é que você terá 1 bilhão de segmentos de um único fio de
cabelo.
Existem três principais categorias de nano-objetos:
nanotubos, nanofibras e nanopartículas. Tanto as nanopartículas quanto as
partículas ultrafinas são tridimensionais e têm um diâmetro nominal inferior a
100 nm. Embora esses termos sejam frequentemente usados como sinônimos,
“nanopartícula” geralmente se refere a partículas produzidas intencionalmente
para aplicações industriais. Em contraste, “partículas ultrafinas” descreve aquelas
que são geradas como subprodutos ou resíduos de processos industriais. Muitos
processos industriais geram partículas que possuem dimensões de nanopartículas,
mas que são classificadas como partículas ultrafinas.
Vias
de Exposição e Impactos na Saúde
A exposição a nanopartículas e nanomateriais apresenta
riscos significativos, associados principalmente a três vias potenciais de
exposição: inalação, ingestão e contato dérmico. O sistema respiratório é a
principal via de entrada para nanopartículas no corpo humano, sendo essa via
especialmente relevante para indivíduos que praticam atividades físicas ou têm
função pulmonar comprometida. Uma vez inaladas, as nanopartículas podem se
depositar em diferentes regiões do sistema respiratório, com a distribuição
variando conforme o diâmetro, grau de agregação e comportamento das partículas
no ar.
Atualmente, as pesquisas sobre os efeitos das
nanopartículas na saúde e segurança são insuficientes. As nanopartículas podem
apresentar propriedades muito diferentes em comparação com os mesmos materiais
em escala macro, o que requer uma nova abordagem na avaliação de riscos.
Estudos indicam que, uma vez dentro do corpo, as nanopartículas podem migrar
para órgãos ou tecidos distantes do local de entrada. Devido à sua
biopersistência e capacidade de bioacumulação, especialmente nos pulmões,
cérebro e fígado, as nanopartículas representam um desafio significativo.
Embora a base da toxicidade não esteja completamente estabelecida, parece que a
capacidade de causar inflamação é um dos principais mecanismos de
impacto.
Medidas
de prevenção
No ambiente industrial, a perturbação de
nanopartículas e partículas ultrafinas depositadas, especialmente durante
operações de limpeza e manutenção, é uma fonte típica de dispersão e inalação
dessas partículas. Dado que a informação sobre os riscos para a saúde ainda é
limitada, é prudente adotar medidas para minimizar a exposição dos
trabalhadores, conforme previsto na Diretiva Quadro, seguindo os princípios
gerais de prevenção.
Para
a maioria dos processos e tarefas, o controle da exposição a nanopartículas e
partículas ultrafinas dispersas no ar pode ser alcançado através de várias
medidas:
· Encapsulamento
da fonte;
· Ventilação
exaustora localizada, dimensionada adequadamente para evitar super
aspiração;
· Adoção
de boas práticas de trabalho para evitar a dispersão das partículas;
· Proteção
individual (máscaras com vedação e filtros adequados, luvas, óculos, trajes de
proteção, tampões de ouvido), complementada por medidas de controle de
engenharia e/ou administrativas (como rotatividade de trabalhadores);
· Vigilância
da saúde, apesar das limitações de conhecimento sobre como realizá-la
efetivamente;
· Substituição
de produtos perigosos por alternativas menos perigosas;
· Manuseio
apenas da quantidade indispensável ao processo;
· Limpeza
por aspiração com filtros adequados ao tamanho das partículas presentes ou por
métodos líquidos, evitando o uso de pistolas de ar comprimido para
limpeza.
Esses princípios devem estar integrados em um programa
de controle de riscos, incluindo medidas de informação e formação dos
trabalhadores, com destaque para as informações fornecidas por meio de rótulos
e fichas de dados de segurança.
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