segunda-feira, 29 de julho de 2024

 





 

6 AÇÕES QUE REDUZEM A PERDA AUDITIVA

 

 


 

No Brasil, 5% da população apresenta alguma deficiência auditiva ou perda auditiva. Ou seja, mais de 10 milhões de cidadãos apresentam a deficiência e 2,7 milhões têm surdez profunda, ou seja, não escutam nada, conforme o IBGE. A perda auditiva pode ser associada a diferentes fatores, entre os quais está o envelhecimento da população e o ruído elevado nos ambientes de trabalho.

A perda auditiva varia de leve a severa e são trabalhadores enquadrados no grupo com deficiência auditiva. É uma pessoa que se comunica frequentemente pela linguagem oral e faz uso de aparelhos auditivos ou implantes cocleares – dispositivos eletrônicos parcialmente implantados capazes de transformar sons em estímulos elétricos enviados diretamente ao nervo auditivo.

O ruído é considerado o agente físico nocivo mais comum encontrado nos ambientes de trabalho das nossas indústrias e que provoca a perda auditiva do trabalhador, lesão que consiste na Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR).

Entre os anos de 2007 e 2022, foram notificados 9.244 casos de PAIR no Brasil. Em 2022, o estado de São Paulo foi o que mais registrou notificações no país (n=89), seguido por Minas Gerais (n=77) e a Bahia (n=45). A elevada exposição do colaborador ao ruído está provocando um agravo à própria saúde. A essa exposição também podemos somar maus hábitos como, por exemplo, ouvir música alta em fones de ouvido, carros, trio elétricos, shows, infecção no ouvido, entre outros.

A perda auditiva dos colaboradores ocasionada no ambiente ocupacional está relacionada principalmente pela exposição de altos níveis de ruído. Mas não é o único agente causador da doença ocupacional.

Vibrações de britadeiras, o calor das caldeiras e vários produtos químicos tóxicos como solventes orgânicos, metais pesados e combustíveis também podem afetar a audição. Quando esses fatores estão associados, o risco de perda auditiva se torna ainda maior.

Considera-se Perda Auditiva Ocupacional (PAO), propriamente dita, o dano ao aparelho auditivo de um ou dos dois ouvidos lesionados decorrentes de fatores relacionados ao ambiente de trabalho, dependendo da frequência de exposição, intensidade, dose do produto químico e tempo que o colaborador fica exposto.

Operadores de máquinas, mineradores, metalúrgicos, siderúrgicos e pedreiros são alguns exemplos de profissionais que ficam expostos a risco de perda auditiva. Além disso, a literatura associa que a exposição ocupacional ao ruído é um agente causador de acidentes de trabalho.

 

Quais são os Limites de Tolerância do Ruído?

O colaborador que é exposto a ruídos deve fazer obrigatoriamente exame de audiometria no admissional, periodicamente a cada seis meses e no demissional.

 

Além disso, nos casos que ultrapassam os limites de tolerância auditiva devem ser aplicadas medidas preventivas como:

·      Uso e Controle de EPI.

·      Redução da fonte de ruído.

·      Diminuição do tempo ou do nível de exposição.

·      Exames auditivos.

·      Treinamento dos colaboradores.

·      Monitoramento dos níveis de ruído.

 

A Norma Regulamentadora – NR 15 destaca que o limite de tolerância é de 85 dB e se refere ao ruído contínuo, cuja jornada de trabalho é de até 8 horas. Para ocupações que excedem este limite, o turno de trabalho deve ser reduzido pela metade conforme o aumento de cada 5 dB – utilizando como parâmetro o limite de 85 dB.

 

Ou seja, ambiente cuja medição é de 90 dB, a jornada de trabalho deve ser de apenas 4 horas (240 minutos). Isso apenas reduz a quantidade de horas trabalhadas, não excluindo o uso de EPI, que continua obrigatório, principalmente porque aumenta-se o risco de exposição.

Locais onde é preciso gritar para ser ouvido demonstram que a intensidade do som está afetando o desempenho do trabalho e também devem ser adotadas medidas de proteção. Outro sinal que requer atenção é quando o colaborador sente os ouvidos zumbirem após o expediente.

Vale ressaltar que sons que ultrapassam o limite de tolerância interferem também na saúde mental, aumentam a tensão psicológica, afetam a concentração do colaborador, provocam irritação e fadiga.

 

Impactos do Ruído no Ambiente de Trabalho

Além de afetar o aparelho auditivo e até a produtividade dos profissionais, o ruído pode atuar como um agente causador indireto de acidentes de trabalho.

Barulho excessivo prejudica a comunicação, podendo acarretar distrações e comprometer o entendimento referente a orientações de trabalho. Prejudica também a escuta dos sinais de alarme em casos de emergência.

Caso haja alteração do histórico de saúde do colaborador, onde os exames comprovam a perda auditiva como causa de doença do trabalho, a empresa é responsável por indenizar esse funcionário.

Além disso, os prejuízos para a empresa podem aumentar. A comunicação de CAT vai interferir negativamente no Cálculo do FAP (Fator Acidentário de Prevenção) e, consequentemente, aumentar a alíquota do imposto RAT (Risco de Acidente de Trabalho).

 

Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR) e outras Doenças Auditivas

A PAIR é uma lesão caracterizada pela diminuição gradual da acuidade auditiva, decorrente da exposição continuada ao ruído, associado ou não a substâncias químicas, no ambiente de trabalho. É sempre neurossensorial, geralmente bilateral, irreversível e passível de não progressão, uma vez cessada a exposição ao ruído.

A PAIR é associada ao zumbido ou “a uma ilusão auditiva que não está relacionada com uma fonte externa de estimulação”, conforme citado nos trabalhos científicos de especialistas. É identificada por meio de um conjunto de procedimentos como anamnese clínica e ocupacional, avaliação audiológica e outros testes complementares, quando necessário.

 

Dentre os sinais e sintomas que caracterizam a PAIR, podemos citar:

·      Percepção de diminuição da capacidade auditiva.

·      Zumbido.

·      Dificuldade do entendimento da fala.

·      Intolerância a sons mais elevados.

·      Dificuldades em localizar a fonte de som.

·      Dificuldade de atenção e concentração durante realização de tarefas.

·      Dor de cabeça.

·      Tontura.

·      Isolamento.

·      Alterações do sono.

·      Ansiedade e irritabilidade

 

6 Ações para Reduzir a Perda Auditiva

As medidas preventivas destacadas na NR 15 colaboram e são básicas para a proteção auditiva dos colaboradores. Outras ações que podemos realizar em um ambiente de trabalho com o objetivo de prevenir a perda auditiva são:

·      Instalar ferramentas, máquinas e equipamentos com os menores níveis de ruído possíveis;

·      Assegurar a efetiva implantação do Planos de Manutenção de máquinas e equipamentos;

·      Instalar barreiras acústicas (no teto, nas paredes) ou cortinas abafadoras entre as fontes de ruído e os funcionários do ambiente de trabalho;

·      Divulgar orientações sobre quanto tempo um trabalhador pode ficar exposto a uma fonte de ruído. É necessário elaborar campanhas específicas para adesão ao uso de EPI pelas empresas, em paralelo às medidas protetivas coletivas, essenciais na perspectiva da Saúde do Trabalhador, em especial, com as trabalhadoras;

·      Operar máquinas com um excessivo ruído durante os períodos que tiver o menor número de colaboradores expostos;

·      Projetar um ambiente silencioso onde os colaboradores possam permanecer e descansar antes de retornar à ocupação onde ficam expostos ao ruído ocupacional. Vale ressaltar que a disposição dos postos de trabalho onde há fontes de ruído devem ser planejados de modo a ficarem afastados de ocupações que exigem atividades mentais.

 

Pesquisas realizadas também indicam que é fundamental investir em programas de conservação auditiva que controlem a emissão de ruídos na fonte, isto é, nas máquinas, equipamentos, ferramentas, ambientes de trabalho, etc. São ações preventivas que permitirão reduzir as perdas auditivas do trabalhador geradas pela exposição ao ruído.

 

 


 

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IMPACTOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NA SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO

 



As mudanças climáticas estão cada vez mais provocando impactos na sociedade. E, é necessário que a segurança e saúde dos trabalhadores seja reforçada para evitar o surgimento de doenças ocupacionais e o registro de acidentes de trabalho.

Os eventos climáticos extremos, principalmente, os relacionados com o calor e a atividade laboral no ambiente ao ar livre com uma elevada exposição ao sol – vem sendo associados por diversas agências e pesquisadores com diferentes doenças do trabalho como, por exemplo, a Dermatite Ocupacional, o Câncer de Pele, entre outros.

O monitoramento da temperatura realizado pelo Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climático (CPTEC) demonstra que a temperatura média do Brasil vem aumentando em diversas regiões. Observa-se que ao projetar variações da temperatura média nos próximos anos ocorre um fenômeno de elevação das temperaturas mínimas (frio) e máximas (calor).

As mudanças provocam a necessidade de adaptar nos próximos anos práticas de proteção e prevenção da saúde e segurança do trabalhador. Observa-se que em todo o Brasil, no mês de julho, a temperatura média foi de 22,97°C, ou seja, um desvio de 1,04°C acima da média histórica, colocando o recente julho como o mais quente já registrado no Brasil desde 1961.

 

Figura (a) – Distribuição Geográfica de Acidentes de Trabalho / (b) Climatologia e (c) Desvio de Temperatura média do ar em 2023, em °C, para o mês de julho. Período de Referência: 1991 – 2020. Fonte: INMET.

 

É necessário que os profissionais que atuam na Segurança e Saúde do Trabalho conscientizem os empregadores sobre a necessidade de criar planos para proteger os trabalhadores do desenvolvimento de doenças relacionadas ao calor. Além disso, é evidente a necessidade de adaptar ou revisar os métodos de trabalho, a organização do trabalho e monitoramento da segurança e saúde do trabalhador.

A saúde do trabalhador ou a manutenção da temperatura corporal interna saudável em um ambiente quente depende da capacidade do corpo se livrar do excesso de calor, ou seja, dissipação de calor. A dissipação de calor ocorre naturalmente por meio da transpiração e do aumento do fluxo sanguíneo para a pele. E, os trabalhadores esfriam mais rapidamente se o calor externo (ambiental) e a atividade física (calor metabólico) forem reduzidos (OSHA).

Entre os sintomas que podem ser associados a exposição do calor extremo estão a sede, irritabilidade, erupção cutânea, cólicas, exaustão pelo calor ou insolação. Problemas da saúde do trabalhador que devem ser evitados com medidas preventivas e com cuidados administrativos e de controle de riscos ocupacionais. Veja a seguir as principais recomendações que podemos adotar!

 

Impactos das Mudanças Climáticas na SST

As pesquisas científicas demonstram que os eventos extremos climáticos (tempestades tropicais, inundações, ondas de calor, seca, incêndios florestais associados, nevascas, furacões, tornados e tsunamis) são decorrentes do aquecimento global ou aumento da temperatura média do planeta.

E, além dos graves impactos na sociedade, na flora e fauna ou ecossistemas naturais, o crescimento da frequência dos eventos extremos climáticos vem provocando a exposição dos trabalhadores as mais adversas condições de trabalho inseguras.

 

Para a Agência Europeia de Segurança e Saúde no Trabalho (OSHA-EU), as alterações climáticas trazem desafios para as atividades econômicas relacionadas com a agricultura e a silvicultura. Ainda, cita que o aumento das temperaturas e da frequência dos eventos climáticos extremos exige a avaliação dos riscos emergentes e a adaptação das práticas de trabalho como, por exemplo, para evitar a exaustão devido ao calor e a exposição a poeiras e doenças.

O relatório especial do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), publicado em 2018, pelo órgão das Nações Unidas (UNEP), projeta um aquecimento global de 1,5°C acima dos níveis pré-industriais e cita que as principais causas são as atividades humanas como, por exemplo, as atividades industriais e transportes, a queima de combustíveis fósseis (derivados do petróleo, carvão mineral e gás natural) para geração de energia, a conversão do uso do solo, agropecuária, o descarte de resíduos sólidos (lixo) e o desmatamento.

 

Para a ONG WWF-Brasil, no Brasil, as mudanças do uso do solo e o desmatamento são responsáveis pela maior parte das nossas emissões de dióxido de carbono (CO2) e fazem o país ser um dos líderes mundiais em emissões de gases de efeito estufa.

As mudanças nas áreas de vegetação florestal vêm acontecendo, principalmente, por atividades como agropecuária e geração de energia e conforme observamos no mapa vem aumentando ao longo dos anos.

Evolução da Cobertura e Uso da Terra do Brasil – Fonte: INDE (2021)

 

É estimado que os riscos relacionados ao clima para a saúde, meios de subsistência, segurança alimentar, abastecimento de água, segurança humana e crescimento econômico aumentem com o aquecimento global de 1,5°C. O relatório do IPCC também destaca que ilhas de calor urbanas frequentemente amplificam os impactos das ondas de calor nas cidades, fenômeno climático que pode ser associado ao crescimento da morbidade e mortalidade relacionadas ao calor.

O calor é um grande risco para a saúde dos trabalhadores que trabalham nos ambientes externos. Pode causar desidratação, exaustão e insolação, e pode até resultar em perda de consciência e um ataque cardíaco em circunstâncias extremas. Exigir o uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI) em condições extremas de calor é um procedimento particularmente desafiador visto que aumenta o esforço e o estresse do trabalho (OSHA-EU).

A agência americana de Segurança e Saúde do Trabalho (OSHA) destaca que trabalhadores expostos as condições de calor e umidade extrema também correm o risco de doenças relacionadas ao calor. O risco de doenças relacionadas ao calor aumenta à medida que o clima fica mais quente e úmido. Esta situação é particularmente séria quando o calor aumenta repentinamente no início da estação quente e os trabalhadores tem dificuldades para se adaptar a temperaturas elevadas.

Estudos também mostram que o estresse que as mudanças climáticas causam em trabalhadores como, por exemplo, os agricultores e silvicultores, está ligado a problemas psicológicos como transtornos de ansiedade, transtornos do humor, estresse e depressão. Da mesma forma, medo, desespero, suicídio, aumento do uso de drogas e mortes relacionadas ao calor têm sido associados a mudanças climáticas adversas (OSHA-EU).

Outros exemplos de trabalhadores que ficam expostos ao calor e passam a maior parte do tempo ao ar livre são os trabalhadores da construção civil, carregadores de bagagens, trabalhadores que atuam nas atividades de transmissão, geração e distribuição de energia, manutenção de grandes equipamentos, jardins, etc. Para a OSHA outros fatores que contribuem com a exposição é a execução das atividades sob a luz solar direta, adicionando até 9ºC ao índice do calor, tempo de execução das atividades e o próprio uso de roupas pesadas.

 

Ações Preventivas para os Trabalhadores

A OSHA destaca que a maioria das fatalidades dos trabalhadores ao ar livre, 50% a 70%, ocorrem nos primeiros dias de trabalho em ambientes quentes nos quais o corpo precisa desenvolver uma tolerância ao calor gradualmente ao longo do tempo. O processo de tolerância de construção é chamado de aclimatação ao calor. A falta de aclimatação representa um importante fator de risco para desfechos fatais.

Entre as principais medidas preventivas para reduzir os impactos das elevadas temperaturas na segurança e saúde do trabalhador estão a consumir líquidos adequados (água e bebidas esportivas), trabalhar em turnos mais curtos, realizar e controlar pausas frequentes e identificar rapidamente quaisquer sintomas de doenças causadas pelo calor.

Para qualquer trabalho realizado ao ar livre e com a exposição do trabalhador aos raios solares é importante adotar um procedimento de controle da temperatura ambiente e corporal. Com essas informações será possível adotar ações preventivas mais eficientes e adequadas para a saúde e segurança dos trabalhadores.

 


 

Índice de Calor – Fonte: OSHA (2021)

Outras medidas administrativas da Segurança e Saúde do Trabalho estão relacionadas com, por exemplo, treinamentos dos supervisores e trabalhadores para desacelerar a atividade física quando estão expostos ao calor extremo, reduzir as velocidades de movimentação manual ou programar o trabalho pela manhã ou turnos mais curtos, com pausas frequentes para descanso na sombra ou pelo menos longe de fontes de calor. Os supervisores podem encorajar os trabalhadores em ambientes quentes a beber líquidos. No mínimo, todos os supervisores e trabalhadores devem receber treinamento sobre sintomas relacionados ao calor e primeiros socorros.

As doenças relacionadas ao calor podem ter um custo substancial para trabalhadores e empregadores. As doenças causadas pelo calor podem contribuir para a diminuição do desempenho, perda de produtividade devido a doenças e hospitalização e, possivelmente, morte. E, para finalizar reforçamos a necessidade de incentivar o fornecimento de água, intervalos de descanso e locais com sombra como prevenção, bem como tratamento para doenças relacionadas ao calor (OSHA).

 




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