segunda-feira, 18 de agosto de 2025

 



 

IoT NA SEGURANÇA DO TRABALHO: AVANÇOS E DESAFIOS

 

 


 

A Internet das Coisas, ou IoT (Internet of Things), é uma tecnologia que conecta objetos do dia a dia à internet, permitindo que eles coletem e troquem dados automaticamente. Com isso, máquinas, sensores, equipamentos e até mesmo roupas ganham a capacidade de se comunicar entre si e com sistemas centrais, transmitindo informações em tempo real. Na Segurança do Trabalho, a IoT surge como uma ferramenta poderosa, pois possibilita a integração de sensores, dispositivos e sistemas para monitorar riscos ambientais com maior eficiência e precisão, prevenindo acidentes e promovendo a saúde ocupacional.

Imagine, por exemplo, um operário em uma linha de produção exposto a níveis excessivos de ruído. Sensores inteligentes podem medir continuamente a intensidade sonora e emitir alertas assim que os limites de segurança forem ultrapassados, garantindo ações corretivas imediatas. O mesmo se aplica à exposição ao calor: sensores térmicos monitoram a temperatura ambiente e sinalizam quando ela atinge níveis críticos, ajudando a evitar casos de exaustão térmica.

Outro exemplo são os dispositivos vestíveis, como relógios inteligentes ou sensores acoplados aos uniformes, que rastreiam batimentos cardíacos e padrões de movimento para detectar sinais de fadiga e sugerir pausas no momento ideal. Essa tecnologia é especialmente valiosa em setores como construção civil e indústria pesada, onde o cansaço pode levar a acidentes graves.

A IoT também revoluciona a segurança em espaços confinados. Sensores de gases, por exemplo, identificam vazamentos tóxicos antes mesmo que os trabalhadores os percebam, acionando alarmes automáticos e isolando áreas contaminadas, o que reduz drasticamente riscos de intoxicação ou explosões. Além disso, os dados coletados em tempo real permitem análises preditivas, transformando a Segurança do Trabalho em uma prática proativa. Em vez de agir apenas após um incidente, os gestores podem identificar padrões e tendências, antecipando ameaças e tomando decisões estratégicas.

 

ATENÇÃO AOS DESAFIOS
“Mas são só vantagens, professor?”

Infelizmente, não. Apesar dos benefícios, a IoT traz desafios. Um deles é a privacidade e a proteção de dados, uma vez que a tecnologia coleta informações dos trabalhadores, como frequência cardíaca, localização e nível de fadiga, criando o risco de uso indevido ou vazamento. Outra preocupação é a segurança cibernética: se os dispositivos não forem adequadamente protegidos, podem ser alvo de hackers, comprometendo, não apenas os dados, mas também a integridade física dos trabalhadores. Basta imaginar um sensor de gás que falha ou um sistema de alerta sabotado para entender o potencial de tragédias. Há ainda o perigo da dependência excessiva da tecnologia. A IoT deve ser um complemento, nunca um substituto para a supervisão humana e o treinamento em segurança. Confiar cegamente nos dispositivos, sem verificações manuais ou capacitação adequada, pode mascarar falhas com consequências graves.

Portanto, embora a IoT represente um avanço, sua implementação exige planejamento para equilibrar benefícios e riscos. Com uma gestão bem estruturada, essa tecnologia pode elevar a segurança ocupacional a um novo patamar, protegendo os trabalhadores e, ao mesmo tempo, impulsionando a eficiência das empresas.

 

 

Para aprofundar o conhecimento sobre o tema, leia estes dois artigos que serviram de base para o texto:

ZORZENON, Rafael; LIZARELLI, Fabiane L.; BRAATZ, Daniel. The impact of the internet of things on health and safety performance at work: An empirical study of Brazilian companies. Safety Science, v. 187, p. 106866, 2025.

BAVARESCO, Rodrigo et al. Internet of Things and occupational well-being in industry 4.0: A systematic mapping study and taxonomy. Computers & Industrial Engineering, v. 161, p. 107670, 2021.

 

 

 

 

 

 

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FATORES DE RISCO PSICOSSOCIAIS: O INIMIGO “INVISÍVEL” NO TRABALHO

 

 


 

Com a nova redação da NR 1, passei a estudar os já famosos fatores de risco psicossociais e percebi que já conhecia vários deles, pois já havia convívio com esses problemas no meu ambiente de trabalho. Na verdade, nas minhas atividades profissionais, posso citar dois exemplos que ilustram bem como esses fatores podem afetar a vida de qualquer pessoa.

O primeiro exemplo ocorreu quando eu trabalhei em um órgão público do Estado, no final do mandato de um governador. Naquela época, muitas das atividades já haviam sido concluídas e não havia mais projetos em andamento. Lembro-me de perguntar ao meu chefe o que eu deveria fazer e ela respondeu: “Mário, você pode carimbar os processos”.

Carimbar os processos consistia basicamente em ficar sozinho em uma sala, batendo carimbos e escrevendo manualmente números sequenciais nas páginas. Era um trabalho mecânico, repetitivo e sem qualquer desafio intelectual. Apesar de ser relativamente bem remunerado e não ter uma pressão por produção, comecei a me sentir completamente inútil nessa função. A sensação de que eu não estava contribuindo para nada relevante se tornou insuportável, e após pouco mais de um mês, pedi demissão.

Hoje, com uma visão mais clara sobre os fatores de risco psicossociais, percebi que aquela situação estava diretamente relacionada à falta de significado no trabalho. Esse é um dos fatores que podem gerar impactos negativos na saúde mental dos trabalhadores, pois, quando não vemos intencionalmente no que fazemos, nossa motivação despenca.

 

REALIDADE OPOSTA
O segundo exemplo que vivi foi em uma grande empresa em que a realidade era oposta ao órgão público: ali, a pressão era constante. Eu era responsável por diversas tarefas simultaneamente, participando de processos de verificação, projetos relacionados à Segurança do Trabalho e outras atividades.

Em um desses momentos de alta demanda, durante a revisão de um projeto de proteção para um esmeril, percebi que o engenheiro mecânico responsável pela execução da peça havia sido feito algo completamente diferente do que eu havia especificado. Aquilo poderia comprometer a segurança da operação. O acúmulo de tensão, o cansaço e a pressão fizeram com que eu reagisse de uma forma que nunca imaginei: perdi completamente a calma. Em um acesso de luxo, dei um berro para o engenheiro, algo totalmente incomum para a minha personalidade.

Poucos minutos depois, a ficha caiu. Pedi desculpas a ele, fui direto ao meu chefe e disse a ele: "Chefe, peço demissão. Acabei de fazer algo que não é da minha natureza".
E assim, sem pensar duas vezes, saí da empresa.

 

ADOECIMENTOS
O que quero destacar com essas duas situações é que eu tive a sorte de poder sair desses empregos. Na época, achei que era o momento de fazer uma pausa, e como eu tinha uma certa estabilidade financeira, isso me permitiu tomar essa decisão. Mas o que acontece com aqueles que não têm essa opção? O que ocorre com milhares de trabalhadores que enfrentam diariamente altos níveis de estresse, sobrecarga, falta de reconhecimento e desmotivação, mas que não podem simplesmente conseguir uma pausa, ter a esperança de mudanças nas atividades ou mesmo pedir demissão?

Infelizmente, para muitas dessas pessoas, o destino é o adoecimento. Os fatores de risco psicossociais, quando ignorados, podem levar a transtornos psicológicos graves, como síndrome de burnout, depressão e ansiedade. Além disso, há efeitos físicos associados, como dores musculares, insônia e fadiga crônica. A saúde mental dos trabalhadores precisa ser levada a sério, pois seu impacto vai muito além do ambiente de trabalho, no que diz respeito à vida pessoal, aos relacionamentos e à qualidade de vida como um todo.

 

DESAFIOS
A NR 1 trouxe avanço importante ao dar destaque a esses riscos e ao exigido que sejam considerados na gestão de Segurança e Saúde no Trabalho. No entanto, a aplicação prática ainda enfrenta desafios, pois muitos desses riscos são subjetivos e difíceis de mensurar. Na maioria das empresas, elas são tratadas como invisíveis, o que permite que continuem causando danos silenciosos à saúde dos trabalhadores.

É necessário, portanto, ampliar esse debate, conscientizar gestores e colaboradores sobre a importância do bem-estar mental no trabalho e agir para que a prevenção dos fatores de risco psicossociais seja uma prioridade.

 

 

 


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