terça-feira, 2 de setembro de 2025

 



 

NR-20 E INFLAMÁVEIS: QUAL É A CLASSE DE RISCO DA SUA EMPRESA?

 


Qualquer empresa que armazene, manuseie ou transporte líquidos inflamáveis e combustíveis, por menor que seja a quantidade, convive com um risco inerente. Desde um posto de gasolina até uma grande planta petroquímica, passando por fazendas com tanques de diesel para geradores, a presença desses materiais exige um protocolo de segurança rigoroso. No Brasil, o manual de regras para essa gestão é a NR-20, que estabelece os requisitos mínimos para a Saúde e Segurança no Trabalho contra os fatores de risco de acidentes provenientes dessas atividades.

Contudo, a NR-20 é clara em sua abordagem: ela não trata todos os negócios da mesma forma. A norma entende que os riscos são proporcionais à complexidade e ao volume da operação. Por isso, o primeiro e mais crucial passo para qualquer empresa é entender a sua classificação. Determinar se sua instalação se enquadra como Classe I, II ou III não é um mero detalhe burocrático; é o diagnóstico que define todo o escopo de suas obrigações legais e o nível de robustez que seu programa de segurança deve ter.

 

Por Que a Classificação da NR-20 é Importante?

O princípio fundamental por trás da classificação da NR-20 é a proporcionalidade. Seria ilógico e impraticável exigir de uma pequena oficina mecânica com um tambor de 200 litros de óleo as mesmas medidas de segurança de uma refinaria que processa milhões de litros por dia. A classificação, portanto, ajusta o nível de exigência à magnitude do risco potencial.

Definir corretamente a classe da sua instalação é estratégico por duas razões principais. Primeiro, garante a conformidade legal. Estar classificado incorretamente para menos, como agir como Classe I quando na verdade se é Classe II, deixa a empresa vulnerável a multas pesadas, interdições e, em caso de acidente, a uma responsabilização jurídica severa. Segundo, otimiza recursos. Superestimar a classe pode levar a investimentos desnecessários em análises, documentos e treinamentos que a norma não exige para o seu porte, gerando custos que poderiam ser evitados. Em suma, a classificação é o seu mapa, indicando o caminho exato que sua empresa deve seguir para estar segura, em conformidade e operando de forma eficiente.

 

Como Determinar a Classe NR-20 da Sua Instalação

A determinação da classe de uma instalação, conforme o Anexo I da NR-20, baseia-se no cruzamento de dois critérios fundamentais. O primeiro é qualitativo, relacionado ao tipo de atividade que a empresa exerce. A norma lista uma série de operações, como postos de serviço, atividades de transporte, distribuição ou plantas de produção de alta complexidade. O segundo critério é quantitativo, focado na capacidade total de armazenamento de líquidos e gases inflamáveis que a empresa possui. Para chegar a este número, é preciso somar a capacidade de todos os tanques, vasos e recipientes no local.

Com essas duas informações em mãos, a atividade e o volume total, o gestor deve consultar a tabela oficial presente no Anexo I da norma. Essa matriz irá cruzar os dados e apontar inequivocamente se a instalação é Classe I, II ou III, fornecendo uma resposta clara e objetiva sobre o enquadramento do negócio. A especialização através de um curso de NR-20 para os colaboradores responsáveis também é uma forma eficiente de manter-se adequado às atualizações e exigências da norma. 

 

As Obrigações de Cada Classe

Uma vez definida a classe, as obrigações se desdobram em níveis de complexidade crescentes, criando um roteiro claro de conformidade para cada tipo de empresa.

Para as instalações Classe I, que representam as operações de menor risco potencial, as exigências são fundamentais, mas diretas. A documentação exigida, como o Prontuário da Instalação, é necessária, mas pode ser organizada de forma mais concisa. O treinamento requerido dos trabalhadores foca no conteúdo essencial para a operação segura, com uma carga horária específica para este nível. Da mesma forma, o plano de resposta a emergências é dimensionado para os cenários mais prováveis e de menor alcance daquela operação.

Ao avançar para a Classe II, a complexidade e o rigor das exigências aumentam de forma notória, refletindo um nível de risco intermediário. O Prontuário da Instalação, por exemplo, deixa de ser um documento simplificado e passa a exigir um detalhamento maior, incluindo registros de segurança mais robustos e relatórios de incidentes. A maior mudança, contudo, reside na necessidade de uma Análise de Risco mais aprofundada. O mesmo acontece com os planos de inspeção e manutenção, que se tornam mais sistemáticos. Consequentemente, os treinamentos têm sua carga horária e conteúdo expandidos para preparar as equipes para cenários mais complexos.

Já as instalações Classe III representam o ápice da complexidade e do risco, e a norma responde com o nível máximo de exigência. Aqui, o Prontuário é um documento vivo, exaustivamente detalhado e constantemente auditado. A Análise de Risco evolui para metodologias quantitativas e qualitativas muito mais sofisticadas. O Plano de Resposta a Emergências transcende os muros da empresa, envolvendo brigadas de emergência profissionais, recursos materiais avançados e, frequentemente, a integração com órgãos públicos e planos de ajuda mútua com a comunidade. Os treinamentos são avançados e incluem simulados práticos de alta fidelidade para garantir a prontidão diante dos piores cenários.

 

Prontuário da Instalação

Independentemente da classe, um documento se destaca como o coração da gestão da NR-20: o Prontuário da Instalação. Ele funciona como o dossiê central, a “certidão de nascimento” da segurança daquele local. É neste prontuário que todas as informações relevantes devem estar organizadas e disponíveis para a fiscalização e para a própria gestão da empresa. Ele deve conter, em níveis de detalhe que variam conforme a classe, o projeto da instalação, os procedimentos operacionais, a análise de riscos, o plano de inspeção e manutenção, os certificados de treinamento dos trabalhadores e o plano de resposta a emergências. Manter este documento completo e atualizado é uma das obrigações mais importantes da norma.

 

Concluir a qual classe sua empresa pertence é, portanto, o primeiro passo para construir um ambiente de trabalho seguro e para operar com a tranquilidade da conformidade. É o alicerce sobre o qual todas as outras ações de prevenção da NR-20 serão construídas.

 

 

 

 

 

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PRIMEIROS SOCORROS PARA EMPRESAS: GUIA PARA A SEGURANÇA DO TRABALHADOR

 



No dinâmico e, por vezes, imprevisível ambiente de trabalho, a segurança dos colaboradores deve ser a prioridade máxima de qualquer gestão. Acidentes podem acontecer a qualquer momento, independentemente do porte ou do setor de atuação da empresa. Nesses momentos críticos, os minutos iniciais são decisivos e a aplicação correta de noções de primeiros socorros pode significar a diferença entre uma recuperação rápida e consequências graves, ou até mesmo fatais. Mais do que uma simples recomendação, a preparação para emergências é uma exigência legal, profundamente entrelaçada com as Normas Regulamentadoras (NR’s) que regem a saúde e segurança do trabalho no Brasil.

Compreender e implementar um programa eficaz de primeiros socorros não apenas garante a conformidade com a legislação, evitando pesadas multas e sanções, mas também fomenta uma cultura de cuidado e prevenção, demonstrando o compromisso da empresa com seu bem mais valioso: as pessoas. Por isso, é importante conhecer as noções essenciais de primeiros socorros que toda empresa precisa dominar, sua conexão direta com as NRs e como estar preparado para agir corretamente em situações de emergência. Leia mais.

 

Primeiros Socorros e as Normas Regulamentadoras (NR’s)

Muitos gestores associam as NR’s apenas a equipamentos de proteção individual (EPI’s) ou a laudos técnicos complexos. No entanto, a preparação para o atendimento emergencial é um pilar central de várias dessas normas. A principal delas, nesse contexto, é a NR-7, que estabelece a obrigatoriedade de implementação do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO).

O item 7.5.1 da NR-7 é explícito: “Todo estabelecimento deverá estar equipado com material necessário à prestação dos primeiros socorros, considerando-se as características da atividade desenvolvida; manter esse material guardado em local adequado e aos cuidados de pessoa treinada para esse fim”. Essa diretriz estabelece três obrigações fundamentais: a posse de um kit de primeiros socorros, o armazenamento correto deste material e, crucialmente, a capacitação de pessoal.

Portanto, a simples posse de uma caixa de curativos não é suficiente para atender à norma. É imperativo que um ou mais colaboradores recebam um curso de primeiros socorros qualificado, tornando-se aptos a utilizar os materiais de forma eficaz e segura. Este treinamento é o que verdadeiramente capacita a equipe a oferecer o suporte básico de vida até a chegada do socorro especializado (SAMU, bombeiros).

Além da NR-7, outras normas específicas também exigem o treinamento em primeiros socorros para atividades de alto risco. A NR-10, que trata da segurança em instalações e serviços em eletricidade, a NR-33, sobre segurança e saúde nos trabalhos em espaços confinados, e a NR-35, para o trabalho em altura, são exemplos claros que demandam essa capacitação como pré-requisito para a execução das funções. Investir em cursos que abrangem essas NRs é, portanto, investir diretamente na prevenção e na resposta a acidentes.

 

O Kit de Primeiros Socorros: O Essencial e o que Deve ser evitado

A montagem do kit de primeiros socorros deve ser estratégica, levando em conta os riscos específicos da atividade da empresa. Um escritório, por exemplo, possui riscos diferentes de uma linha de produção industrial ou de um canteiro de obras. No entanto, uma base de itens essenciais é universal.

Itens indispensáveis:

Materiais para curativos: Gazes estéreis de diversos tamanhos, ataduras de crepom, esparadrapo ou fita micropore, algodão, e curativos adesivos (band-aids) são a base para o controle de sangramentos e proteção de ferimentos.

Antissépticos: Soluções como clorexidina aquosa ou iodopovidona são utilizadas para a limpeza de ferimentos, prevenindo infecções. O álcool 70% pode ser usado para higienização das mãos do socorrista, mas deve ser evitado diretamente em feridas abertas.

Instrumentos de apoio: Uma tesoura de ponta romba (para cortar roupas ou ataduras), uma pinça (para remover farpas ou pequenos objetos), luvas de procedimento descartáveis (essenciais para a biossegurança do socorrista) e um termômetro são fundamentais.

Outros itens: Soro fisiológico estéril é excelente para a lavagem de ferimentos e olhos. Bolsas térmicas (para compressas frias ou quentes) podem ser úteis para contusões e dores musculares.

 

Atenção: Medicamentos são proibidos

É crucial ressaltar que o kit de primeiros socorros de uma empresa não deve conter nenhum tipo de medicamento, como analgésicos, anti-inflamatórios ou antitérmicos. A administração de medicamentos é um ato médico, e seu uso indevido por uma pessoa não habilitada pode mascarar sintomas importantes, causar reações alérgicas graves ou intoxicações, além de configurar exercício ilegal da medicina. A função do socorrista é prestar o suporte inicial e estabilizar a vítima, não a medicar.

 



Primeiros Socorros na Prática: Procedimentos Básicos para Acidentes Comuns em Empresas

O conhecimento teórico só tem valor quando se traduz em ação calma e eficaz. O treinamento de primeiros socorros capacita os colaboradores a manterem a calma e seguirem um protocolo.

Abaixo, descrevemos noções básicas para algumas das ocorrências mais comuns no ambiente de trabalho:

1. Cortes e Hemorragias:

A primeira ação é pressionar firmemente o local do ferimento com uma gaze ou pano limpo para estancar o sangramento. Se o sangramento for intenso e em um membro (braço ou perna), elevar a parte atingida pode ajudar a reduzir o fluxo sanguíneo. Nunca utilize torniquetes, a menos que você tenha treinamento específico para isso, pois seu uso incorreto pode causar danos severos. Após controlar o sangramento, realize a limpeza da área ao redor da ferida e cubra com um curativo limpo.

2. Queimaduras:

O procedimento imediato para queimaduras térmicas (causadas por calor) ou químicas é lavar a área afetada com água corrente em temperatura ambiente por, no mínimo, 15 a 20 minutos. Isso ajuda a resfriar a pele, aliviar a dor e remover o agente causador. Não aplique gelo, pasta de dente, manteiga ou qualquer outra substância caseira. Não fure as bolhas. Cubra a área com um pano limpo e úmido e procure atendimento médico.

3. Quedas e Fraturas:

Em caso de queda, especialmente se houver suspeita de fratura ou lesão na coluna, a regra de ouro é não movimentar a vítima. Acione imediatamente o socorro especializado. Tentar mover uma pessoa com uma lesão na coluna pode causar danos permanentes à medula espinhal. Mantenha a vítima calma e aquecida até a chegada da ajuda. Se houver uma fratura exposta, cubra o ferimento com um pano limpo, mas não tente recolocar o osso no lugar.

4. Desmaios e Mal Súbito:

Se um colaborador desmaiar, deite-o de costas em um local arejado e eleve suas pernas. Afrouxe suas roupas para facilitar a respiração e a circulação. Se a pessoa vomitar, vire sua cabeça de lado para evitar que se afogue. Normalmente, a consciência é recuperada em poucos instantes. Caso a pessoa não acorde ou apresente outros sintomas como dor no peito ou dificuldade para respirar, acione o socorro médico imediatamente.

5. Choques Elétricos:

Antes de tocar na vítima, desligue a fonte de energia (a chave geral). Se não for possível, use um material não condutor de eletricidade, como um cabo de vassoura de madeira ou um pedaço de borracha, para afastar a pessoa da fonte elétrica. Somente após garantir a segurança da cena, verifique os sinais vitais da vítima (respiração e pulso) e inicie os procedimentos de primeiros socorros, se necessário, acionando o socorro médico com urgência.

 

O Valor Inestimável do Preparo

Investir em cursos de Normas Regulamentadoras e, especificamente, no treinamento de primeiros socorros, transcende a mera conformidade legal. Trata-se de construir um ambiente de trabalho onde cada colaborador se sinta seguro e valorizado. Uma equipe preparada para uma resposta a emergências age com mais confiança, reduz o pânico e pode efetivamente salvar uma vida. A segurança do trabalho é um investimento com retorno garantido, refletido na saúde, no bem-estar e na produtividade de toda a empresa. Não espere um acidente acontecer para descobrir a importância de estar preparado. Aja preventivamente. Capacite sua equipe. Proteja sua empresa.

 

 

 

 

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