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SINTOMAS PERVERSOS DA BUSCA PELA PERFEIÇÃO NA GESTÃO DE SEGURANÇA
Na segurança do trabalho os líderes e profissionais da
área, por vezes, são levados a linguagem, a busca pela perfeição, e não fazem
por maldade, na verdade há boa intenção por trás disso, mas, a linguagem da
perfeição atrapalha muito mais do que ajuda, se é que ajuda…
A
busca pela perfeição pode causar transtornos mentais e emocionais e causar
doenças.
Há vários colegas prevencionistas que adoecem por
causa do trabalho, na verdade, adoecem mais por causa das crenças pessoais ou
organizacionais do que por causa do trabalho em si. São colegas que querem
cuidar da segurança dos outros, mas acabam esquecendo da segurança pessoal, ou
da própria saúde mental.
A busca pela perfeição possui pelo menos três
características principais, que podem ser encontradas juntas ou de forma
individual:
A
tendência de estabelecer padrões e metas e irrealistas
“Nossa
meta é fazer com que todos os trabalhadores utilizem os equipamentos de
segurança de forma apropriada o tempo todo”.
O problema maior é que muitas vezes o setor de
segurança determina uma meta como essa numa empresa que tem uma cultura de
segurança e imatura!
Se numa empresa que possui uma cultura de segurança
madura já é impossível conseguir a perfeição de algum elemento, imagine uma
empresa que tem uma cultura de segurança imatura.
A cultura sempre vence a estratégia! Por isso a
estratégia deve ser suficientemente sóbria para não ignorar a cultura da
organização. Qualquer ação de segurança terá chance de dar certo se estiver
calibrada no nível da cultura organizacional.
A busca pela maturidade da cultura de segurança é uma
maratona e não uma corrida de 100 metros. É um objetivo de longo prazo que pode
ser alcançado com planejamento realista e dedicação, mas leva tempo.
A
tendência de usar a linguagem do tudo ou nada
Zero acidente, zero incidente, risco zero, dano zero,
100% seguro são exemplos de metas extremistas. São metas boas para colocar na
parede, mas só na parede mesmo… essas metas só poderiam ser alcançadas dentro de
ambiente com temperatura e pressão controladas. Coisa impossível de conseguir
em empresas com sistemas sociotécnico complexos.
No ambiente de trabalho as prioridades estão
competindo umas com as outras o tempo todo. A segurança compete com a
qualidade, a qualidade compete com a produção, a produção compete com estoque,
o estoque compete com a entrega e por aí vai.
O conceito VUCA
- Volatility, Uncertainty, Complexity e Ambiguity explica muito do que
experiências atualmente, ele foi criado em 1980 pelo Army War College, dos Estados
Unidos. O mundo hoje é VUCA, ou seja, Volátil, Incerto, Caótico e Ambíguo!
E assim como o sistema de produção não é linear, muitas vezes nem o ambiente
psicológico é.
As máquinas não são perfeitas, o ambiente de trabalho
não é perfeito, a gestão de segurança não é perfeita, as pessoas não são
perfeitas. Como em ambientes de tamanha imperfeição poderíamos ter controle
absoluto a ponto de garantir o zero?
A verdade é que o zero só é alcançado no mundo das
ideias, ou durante um curto (bem curto mesmo) espaço de tempo no mundo real.
A tendência de focar em pequenos erros e falhas e
desprezar o progresso ou a realização no geral
Quem aí é marido talvez já tenha passado por algo do
tipo, você pega a lista de compras e vai ao supermercado compra quase tudo,
quase! Você esqueceu de trazer o cotonete, ou deliberadamente trocou o melão
pelo mamão (o primeiro estava muito caro) … já era irmão!
Todo esforço que você fez ao escolher elemento por
elemento, e colocar tudo no carrinho de compra foi jogado por água abaixo. Você
esqueceu ou trocou um item, e sua esposa te crítica como se não houvesse
amanhã. Irritada ela diz “Porque você
nunca se lembra de nada”…
Em algumas organizações a sensação é parecida com a
citada acima. Nesse caso o profissional de segurança é que faz o papel da
esposa. De tudo o que foi programado quase tudo foi feito, quase, o problema é
sempre o quase.
Enquanto ficarmos procurando a perfeição em nosso
sistema de gestão de segurança estaremos fadados a frustração. E com a frustração
vem o desânimo, a desilusão e o sentimento de incapacidade.
Na segurança do trabalho qualquer evolução deve ser
comemorada, por menor que seja ela, afinal, na maioria das empresas não há
sequer evolução, por algum motivo, elas estão estagnadas. O sentimento
positivo, e o reconhecimento dos esforços de todos os que contribuíram, pode
levar a organização a lugares ainda mais altos.
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sintomas perversos da busca pela perfeição na segurança
Os
perfeccionistas são rígidos, e essa rigidez fazendo-os ficar isolados ou
doentes.
Muitas organizações dizem que valorizam a criatividade
e a inovação. O problema é que a busca pela perfeição impede o aprendizado que
só pode existir num ambiente de tentativa, experimentação e erro, quando isso
não é possível a evolução acaba sendo sufocada e morre…
Eu sei que a busca pela perfeição e o objetivo das
metas zero ou 100% é tentar motivar as pessoas. Mas quando o objetivo é
inalcançável pode acabar surtindo o efeito contrário. Logo de início as pessoas
tendem a torcer o nariz, isso porque ninguém é motivado por metas inatingíveis.
O time de segurança dentro das suas possibilidades
deve trabalhar para promover a maturidade cultural e não a perfeição. Qualquer
“slogan ou meta de segurança radical”
deve ser evitado.
O objetivo da gestão de segurança não deve ser a
perfeição, mas atingir a maturidade! Quando a gestão vai se tornando mais
madura ela tende a ser mais lenta em criticar e mais rápida em parabenizar. E
isso tende a se refletir no sentimento positivo e de realização de todos que
fazem parte da equipe, inclusive do Time de Segurança!
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