segunda-feira, 13 de março de 2023

 





 

ESQUELETO ROBÓTICO PROMETE BARATEAR USO DE TECNOLOGIA DE REABILITAÇÃO DE PONTA

 


Primeiros testes com pacientes devem começar este ano. Projeto em desenvolvimento envolve parceria entre Unesp, UFSCar e USP, e destina-se a pessoas que apresentam incapacidade motora em virtude de AVC.

 



Marcos do Amaral Jorge

 

Em alguns animais do grupo dos artrópodes, como aranhas, escorpiões e caranguejos, a estrutura responsável por prover sustentação e proteção aos órgãos vitais se localiza não no interior do corpo como é o caso do nosso esqueleto – mas sim fora dele. São os exoesqueletos. O conceito de exoesqueleto é hoje uma ideia investigada pelos pesquisadores que trabalham no campo da tecnologia de reabilitação de pacientes com dificuldades motoras. No campus da Unesp em São João da Boa Vista, um projeto de pesquisa está desenvolvendo um exoesqueleto robótico voltado para a recuperação dos movimentos de membros inferiores, com foco principal em pacientes que apresentem incapacidade motora em virtude de terem experimentado um acidente vascular cerebral (AVC).

O projeto do ExoTAO, como é chamado, vem sendo desenvolvido pelo professor Wilian Miranda dos Santos desde 2011, quando ele ainda era aluno de mestrado financiado pela Fapesp no Laboratório de Reabilitação Robótica da Escola de Engenharia de São Carlos, da USP, do qual ele hoje é professor colaborador. O foco principal do projeto, que além da USP tem também como colaboradora a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), está em pacientes que apresentam sequelas de AVC e que tenham sofrido lesão medular incompleta, cujo quadro demande um processo de reabilitação dos membros inferiores.  Um protótipo do exoesqueleto já está em funcionamento e vem sendo testado, por ora, em indivíduos sem incapacidades motoras. Mas a meta é começar seu uso em pacientes ainda este ano, de forma experimental.

 

AVC é a principal causa de mortes no Brasil

 

O AVC é a principal causa de morte no Brasil, e estimativas do Ministério da Saúde apontam que mais de dois milhões de pessoas vivem hoje com sequelas. Destas, mais de 500 mil apresentam incapacidade grave. Muitas vezes, estes pacientes têm sua mobilidade e autonomia comprometidas, sendo necessário passar por um longo, disciplinado e complexo processo de reabilitação que envolve, por exemplo, dezenas de sessões de fisioterapia e de terapia ocupacional, além de deslocamentos frequentes até os centros de reabilitação.

Santos explica que os primeiros dispositivos robóticos desenvolvidos com fins de reabilitação trabalhavam na imposição de uma marcha ideal. Isto é, o aparelho orientava a execução do movimento correto, mas não exigia que o paciente desempenhasse esforços: ele cumpria os exercícios de forma absolutamente passiva. Com o tempo, descobriu-se que essa abordagem era pouco eficaz. “Para que o paciente consiga reaprender a realizar o movimento após um AVC, é necessária uma reorganização cortical. Essa reorganização só é possível se houver esforço por parte dele”, explica o engenheiro.

Desde os primeiros passos do projeto do ExoTAO os pesquisadores estabeleceram como um dos seus desafios desenvolver um mecanismo que seja capaz de fazer uma leitura da intensidade necessária para que o paciente execute o movimento, mas não ao ponto de substituir seu esforço. “É como a relação entre o professor e o aluno. O robô deve auxiliar o paciente, mas não pode fazer o movimento pelo paciente. Ele deve auxiliar até um certo ponto. O aluno precisa ser capaz de realizar a tarefa por sua própria conta”, compara Santos.

Para conseguir do aparelho uma resposta compatível ao esforço empreendido pelo paciente e ao mesmo tempo oferecer segurança, os pesquisadores equiparam o aparelho com uma série de atuadores elásticos, que são motores dotados de molas situados em cada uma das articulações do exoesqueleto. Por meio da leitura da força do paciente realizada por algoritmos, os atuadores são capazes de calcular a intensidade de força que o exoesqueleto deve imprimir no movimento que está sendo realizado pelo paciente. O funcionamento das estruturas foi detalhado em artigos publicados na revista científica Control Engineering Practice em 2019 e em 2017. “O exoTAO permite executar diversas assistências ao longo dos diferentes momentos que constituem uma marcha. O que o caracteriza como dispositivo robótico é justamente o fato de que pode obter informações e se adaptar a elas, exibindo algum grau de autonomia para a tomada de decisões”, explica Santos.

Outro objetivo foi conferir ao projeto uma estrutura modular. Isso facilita que os atuadores localizados nas articulações possam ser retirados para atender às demandas de tratamento de cada pessoa, permitindo assim individualizar o uso do aparelho e do tratamento.

 



Willian Santos demonstra o protótipo do exosesqueleto para membros inferiores que está sendo desenvolvido em parceria que envolve pesquisadores da USP, UFSCar e da Unesp.

Outra característica é a possibilidade de captar uma série de dados sobre o paciente por meio do aparelho. O exoesqueleto consegue fornecer, por exemplo, informações sobre a medida de força aplicada tanto pelo indivíduo quanto pelo robô ao longo de uma marcha, e também o comprimento da passada e a velocidade de deslocamento do paciente, entre outros indicadores.

Incorporar esses dados na avaliação do paciente ou na elaboração de protocolos de reabilitação, entretanto, não é a especialidade dos engenheiros que desenvolvem o exoesqueleto. Para cuidar desta esfera clínica, o grupo conta com a colaboração de pesquisadores da área de Fisioterapia da UFSCar. Marcela de Abreu Silva Couto atualmente realiza estágio de pós-doutorado no Laboratório de Reabilitação Robótica, mas desde 2013 integra o grupo, contribuindo com a perspectiva clínica dos projetos. Em seu doutorado, avaliou os efeitos de uma única sessão de terapia robótica associada a uma atividade com videogame em pacientes crônicos de AVC. O estudo detectou resultados positivos.

 

Potencial para acelerar a recuperação

 

Uma questão relevante levantada no trabalho é a sua colaboração para o desenho de futuros protocolos e reflexões sobre o uso desse tipo de recurso tecnológico. Couto explica que um dos diferenciais da reabilitação robótica é sua capacidade de  gerar e disponibilizar conjuntos de dados, que permite seu emprego como ferramenta de avaliação. Entretanto, explica a pesquisadora, ainda existe um caminho a ser percorrido no sentido de sincronizar esses dados com aquilo que já é passível de interpretação.

Parte das pesquisas realizadas pela fisioterapeuta tem foco em associar esses resultados fornecidos pelo equipamento às técnicas de padrão ouro usadas atualmente —  por exemplo, a análise da marcha feita com o emprego de câmeras. “A ideia é desenvolver não apenas o equipamento em si, mas todo esse aporte riquíssimo de informações que o equipamento traz consigo, e dessa forma estabelecer uma conversa entre os testes funcionais típicos que já aplicamos na fisioterapia e essa tecnologia em desenvolvimento”, explica.

A pesquisadora lembra que o processo de reabilitação de alguém que sofre com restrições motoras por conta de um AVC costuma ser longo, cansativo e desmotivante, tanto para o paciente quanto para os profissionais da saúde. O que os pesquisadores têm notado, contudo, é que a aplicação da robótica tem mostrado potencial para acelerar o processo de recuperação.

 “A reabilitação robótica tem a característica de oferecer uma terapia intensiva. Dependendo do equipamento e do modo como é usado, proporciona-se ao paciente um número maior de horas, em comparação ao que é feito por meio da terapia convencional. Às vezes, em meia hora de utilização de um equipamento robótico pode-se obter o resultado equivalente a mais de três horas de reabilitação convencional”, afirma a pesquisadora, que recentemente tem estudado a aplicação da robótica também em pacientes com mal de Parkinson.

Couto faz a ressalva de que a aplicação da robótica deve ser vista como mais um recurso a ser associado à reabilitação e não como uma solução mágica. “Não adianta romantizar um futuro em que as pessoas vão estar sentadas em máquinas se recuperando. Sempre precisaremos de uma visão individualizada e da associação de várias abordagens na terapia”, diz. Ela usa o conceito de ambiente de terapia, no qual são empregados recursos tecnológicos como robôs, videogames e realidade virtual, mas que não dispensa as técnicas convencionais.

 

Possibilidade de baratear acesso a tecnologia

 

O desenvolvimento de um dispositivo para reabilitação robótica com tecnologia nacional traz ainda a perspectiva de baratear essa modalidade de tratamento. O valor dos equipamentos importados é, na opinião de Santos, um dos maiores impeditivos para que a reabilitação robótica se torne mais acessível à população em geral. Dispositivos comerciais semelhantes ao aparelho desenvolvido pela equipe da Unesp, USP e UFSCar custam hoje  no mínimo 300 mil euros, o que praticamente inviabiliza a sua aquisição, exceto para alguns grandes centros de reabilitação.

Em 2018, foi depositada uma patente destacando a estrutura e o conceito modular do exoesqueleto, e mais recentemente o grupo vem trabalhando para transformar o protótipo em um produto. Para esta nova etapa, Santos aponta como principais desafios a otimização de algumas peças, de forma a reduzir seu peso, e a elaboração de um desenho otimizado que ajude a torná-lo viável comercialmente.

Mas, apesar dos preços ainda impeditivos, ele diz que a aplicação de dispositivos robóticos na reabilitação tem bons motivos para se tornar mais comum no futuro, amparada por aspectos vantajosos como a eficácia comprovada na melhora da reabilitação dos pacientes, o desenvolvimento de novos protocolos e estratégias de tratamento com este recurso e a tendência de incorporação da Inteligência Artificial na tomada de decisão dos aparelhos.



Fotos do exoesqueleto: acervo pessoal.

 

 



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VOCÊ UTILIZA OS EQUIPAMENTOS DE BLOQUEIO E ETIQUETAGEM DE FORMA CORRETA?

 



O Abril Verde já passou, mas lembrar da importância da segurança dentro do ambiente de trabalho nunca é demais. Segundo o Anuário Estatístico de Acidentes de Trabalho (AEAT), o Brasil ocupa a quarta posição no ranking dos acidentes de trabalho, com 4,5 milhões de ocorrências entre o ano de 2012 e 2018. Esse número elevado é alarmante e medidas protetivas devem ser tomadas para mudar urgentemente essa situação.

Por isso, queremos saber: você utiliza os equipamentos de bloqueio e etiquetagem corretamente? Eles estão de acordo com a NR-12? Os sistemas de bloqueio e etiquetagem são grandes aliados à prevenção de acidentes, à cultura de segurança de sua empresa e à melhoria contínua de resultados, o que evidencia ainda mais sua importância dentro do ambiente de trabalho industrial.

 

Como funciona o sistema de bloqueio e etiquetagem?

Para começar, vamos entender como o sistema de bloqueio e etiquetagem funciona. Quando um funcionário está fazendo alguma manutenção na máquina, apenas desligá-la pode ser muito perigoso, levando em consideração que outra pessoa pode ligá-la sem saber da intervenção. Essa situação pode colocar os dois colaboradores em risco ou outras pessoas que estejam por perto e até mesmo causar grandes complicações para a empresa como um todo.

Além disso, quanto aplicado corretamente, o sistema de bloqueio e etiquetagem oferece melhoria dos processos de manutenção e uma boa redução de custos e tempo. Trabalhos de manutenção são considerados perigosos, principalmente quando envolvem o uso de energia elétrica e substâncias tóxicas, por isso, equipamentos de bloqueio e etiquetagem são indispensáveis dentro da indústria.

Por sua vez, o sistema de bloqueio e etiquetagem pode ser aplicado por meio de diversos equipamentos. Eles isolam e demarcam a área de manutenção, por isso são tão importantes para a segurança e, consequentemente, para a diminuição dos acidentes de trabalho.

 

Bloqueio e etiquetagem de acordo com a NR-12

A NR-12 é uma norma regulamentadora que tem como objetivo estabelecer medidas de proteção para garantir a saúde e segurança dos trabalhadores. Por isso, ela destaca em seus itens os requisitos para que acidentes de trabalho não aconteçam. Confira os tópicos que falam sobre bloqueio e etiquetagem e certifique-se que sua empresa está de acordo com as normas.

 

Item 12.113

A manutenção, inspeção, reparo, limpeza, ajuste e outras intervenções devem ser executadas por profissionais capacitados, qualificados ou legalmente habilitados, adotando os seguintes procedimentos:

 

a) Isolamento e descarga de todas as fontes de energia das máquinas e equipamentos, de modo visível ou facilmente identificável por meio dos dispositivos de comando

b) Bloqueio mecânico e elétrico na posição “desligado” ou “fechado” de todos os dispositivos de corte de fontes de energia, a fim de impedir a reenergização, e sinalização com cartão ou etiqueta de bloqueio contendo o horário e a data do bloqueio, o motivo da manutenção e o nome do responsável (produtos personalizados).

c) Medidas que garantam que à jusante dos pontos de corte de energia não exista possibilidade de gerar risco de acidentes

d) Medidas adicionais de segurança, quando for realizada manutenção, inspeção e reparos de equipamentos ou máquinas sustentadas somente por sistemas hidráulicos e pneumáticos

e) Sistemas de retenção com trava mecânica para evitar o movimento de retorno acidental de partes basculadas ou articuladas abertas das máquinas e equipamentos

 

Item 12.116 – Sinalização

As máquinas e equipamentos, bem como as instalações em que se encontram, devem possuir sinalização de segurança para advertir os trabalhadores e terceiros sobre os riscos a que estão expostos, além das instruções de operação e manutenção e outras informações necessárias para garantir a integridade física e a saúde dos trabalhadores. A sinalização de segurança compreende a utilização de cores, símbolos, inscrições, sinais luminosos ou sonoros, entre outras formas de comunicação de mesma eficácia. Esta sinalização deve ser adotada em todas as fases de utilização e vida útil das máquinas e equipamentos.

 

Item 12.117

A sinalização de segurança deve ficar destacada na máquina ou equipamento, em localização claramente visível e ser de fácil compreensão.

 

Item 12.118

Os símbolos, inscrições e sinais luminosos e sonoros devem seguir os padrões estabelecidos pelas normas técnicas nacionais vigentes e, na falta dessas, pelas normas técnicas internacionais.

 

Item 12.119

As inscrições das máquinas e equipamentos devem ser escritas na língua portuguesa e ser legíveis. As inscrições devem indicar claramente o risco e a parte da máquina ou equipamento a que se referem, e não deve ser utilizada somente a inscrição de “perigo”.

 

Item 12.120

As inscrições e símbolos devem ser utilizados nas máquinas e equipamentos para indicar as suas especificações e limitações técnicas.

Devem ser adotados, sempre que necessário, sinais ativos de aviso ou de alerta, que indiquem a iminência de um acontecimento perigoso, como a partida ou a velocidade excessiva de uma máquina.

Se ainda está com dúvidas, baixe o material da Tagout e saiba como bloquear disjuntores de forma segura e eficiente!

 

*João Marcio Tosmann – formado em Engenharia Elétrica, com ênfase em Eletrônica, pela PUC-RS, com pós-graduação em Administração Industrial pela USP e MBA em Marketing pela ESPM. Possui experiência em projetos de manutenção industrial e logística em autopeças. Atuou como membro da diretoria do Complexo Industrial Automotivo General Motors (CIAG) e líder de projetos de novos veículos como Celta (General Motors) e EcoSport (Ford). Atualmente é diretor da Tagout, indústria de produtos de Bloqueio e Etiquetagem que oferece consultoria, treinamento e elaboração de procedimentos para implantação do Programa de Controle de Energias Perigosas (PCEP).

 

 

 



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