sexta-feira, 25 de agosto de 2023

 






 SAIBA COMO FAZER UMA INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTE DE TRABALHO




A cada 48 segundos um trabalhador sofre acidente de trabalho no Brasil. Ainda de acordo com o Ministério Público do Trabalho - MPT, em apenas 5 anos – entre 2012 e 2017 – mais de 14 mil trabalhadores morreram no exercício de sua profissão.

Identificar a real causa das ocorrências de acidente de trabalho, infelizmente, não é uma tarefa tão simples na grande maioria dos casos.

Além de ser um processo que exige esforço e cooperação do maior número possível de pessoas envolvidas nos processos, chegar a conclusões erradas sobre as causas dos acidentes significa desperdício de tempo e de dinheiro no combate aos acidentes.

Além dos prejuízos para as empresas e da dor provocada para os trabalhadores, uma única contribuição positiva pode ser encontrada a partir de uma ocorrência, contanto que se faça um trabalho de investigação efetivo: o aprendizado.

Conforme Fabrício Varejão, engenheiro e professor do Instituto Federal de Pernambuco, especialista em segurança do trabalho, investigar corretamente as causas é um processo de muito valor pois permite que as organizações aprendam com seus erros e se tornem, em um futuro próximo, mais eficientes em seus processos e, logo, mais seguras e competitivas. Ainda de acordo com o especialista, e tendo em vista os benefícios de investir em segurança do trabalho, não é possível corrigir ou prevenir se não se é conhecido o motivo real da ocorrência sendo a investigação, portanto, a base para construção de um sistema de prevenção em segurança do trabalho efetivo.

 

O que você vai aprender neste post:

·       Os 5 porquês

·       O diagrama dos 6M’s

·       Árvore de causas

·       Principais causas

 

OS 5 PORQUÊS

Ferramenta mais simples e com maior agilidade no momento de se iniciar a investigação de um acidente, a metodologia dos 5 Porquês consiste em, por meio das entrevistas com os envolvidos diretos, buscar a causa raiz do problema – geralmente encontrada na quinta pergunta.

Adotada inicialmente pelos japoneses no período pós-guerra em ambientes industriais, a metodologia permite identificar o que aconteceu, por que aconteceu e descobrir o que fazer para reduzir a probabilidade de uma nova ocorrência.

Perguntando “Por que? ” 5 vezes, espera-se que se encontre na seguinte ordem: um sintoma, uma desculpa, um culpado, uma causa e, finalmente, a causa raiz.

Sem necessitar de análises estatísticas, é uma ótima e ágil metodologia para investigar um acidente com proporções e impactos menores, não sendo recomendada, evidentemente, para situações mais complexas e que envolvam muitas variáveis.

 

O DIAGRAMA DOS 6M’s (OU ESPINHA DE PEIXE)

Também conhecido como diagrama de Ishikawa, em virtude do seu criador que se popularizou juntamente com a técnica a partir da década de 1960, é uma ferramenta de investigação também ágil e eficiente que possibilita a análise de causas-raízes sob a ótica de 6 elementos que começam com a letra M:

Métodos: causas relacionadas a procedimentos padrão (ou a falta deles). 

Matéria-Prima: causas que envolvem material usado no trabalho, seja pela falta de qualidade ou reputação do fornecedor.

Mão de obra: imprudência, pressa, falta de qualificação ou outras causas relacionadas a pessoas dentro do processo.

Máquinas: falhas decorrentes de falta de manutenção ou outras causas em equipamentos e maquinário presentes no trabalho.

Medição: causas que tem a ver com a calibração e efetividade dos indicadores presentes no ambiente de trabalho.

Meio Ambiente: calor, layout, poluição, excesso de poeira e outras causas relacionadas ao ambiente de trabalho.

 

Assim, se definindo o problema na “cabeça do peixe” a ser analisado, as causas em cada um dos M’s podem ser levantadas. Após esse processo de listar as possíveis causas, chega-se às causas mais importantes – ou a causa, em caso de uma causa presente em um dos M ser a principal para a ocorrência do acidente.

 

ÁRVORE DE CAUSAS

Ideal para casos mais complexos, onde o acidente de trabalho pode admitir diversas causas, sua aplicação demanda a reconstrução com o maior número de detalhes possível da história do acidente, onde são registrados apenas os fatos. Nessa perspectiva, se busca identificar o problema ou variação que originou o acidente de trabalho.

 

O método da árvore de causas é dividido em 4 etapas:

1) Coleta de dados: busca de informações in loco registrando não só os fatos, mas também as opiniões dos indivíduos e fotos do local.

2) Análise dos dados: entendimento do problema classificando cada fator com possível influência no acidente em 6 elementos, que são indivíduos, tarefa, matéria-prima, equipamento, local de trabalho e gerenciamento. Após essa classificação, deve-se classificar as condições com um quadrado para antecedentes-estado, ou seja, condições permanentes na situação, e com um círculo para antecedentes-variações, as quais são condições não habituais no trabalho, como a troca de um colaborador, por exemplo.

3) Análise das causas: construção propriamente dita da árvore, ligando cada ponto estabelecido na etapa anterior com uma linha normal para ligação que contribuiu para a ocorrência do fato seguinte, e com uma linha pontilhada para ligação que aumenta a probabilidade de ocorrência do fato seguinte. 

4) Adoção de medidas de controle: elaboração de um plano de ação para prevenir novas ocorrências do mesmo acidente com base na identificação da causa raiz.

 

PRINCIPAIS CAUSAS

De acordo com a vivência de engenheiros de segurança e especialistas no assunto, as principais causas dos acidentes de trabalho podem ser classificadas em 4 categorias:

Falhas mecânicas: reforçando ainda mais o cuidado a se ter com a manutenção preventiva das máquinas e equipamentos;

Falhas humanas: decorrente da imprudência e/ou falta de conhecimento e treinamento do operário com relação aos riscos existentes;

Não uso de EPI’s: tanto pela ausência de investimento das empresas quanto pela negligência dos trabalhadores;

Improvisação de mão-de-obra: muito comum na construção civil e em setores da indústria que exigem menos especialização, é muito perigosa pois coloca trabalhadores inexperientes e sem as capacidades técnicas necessárias para lidar com determinadas atividades.

 

Ficou claro como proceder na investigação do próximo eventual acidente de trabalho na sua empresa? Caso ainda tenha qualquer dúvida, temos consultores disponíveis para ouvir e responder seus questionamentos. 

 

 



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PIRÂMIDE DE BIRD – CAUSAS DOS ACIDENTES DE TRABALHO

 



Você sabia que no Brasil R$ 1 a cada 7 minutos é gasto com despesas de acidentes de trabalho? De acordo com estudo do Banco Mundial e da OIT Organização Internacional do Trabalho, 4% do PIB mundial é perdido com acidentes laborais.  Apesar de estes serem números atuais e que geram bastante discussão tanto ao setor privado quanto ao público, estudos sobre os acidentes de trabalho e suas causas datam desde a década de 1920.

Nessa perspectiva, modelos matemáticos e ferramentas estatísticas vêm sendo investigadas e testadas a fim de ajudar empresas e o próprio Governo a lidar de modo mais científico com as ocorrências e, assim, reduzirem os gastos decorrentes desses acidentes. Assim, apresento neste artigo o conceito da Pirâmide de Bird e sua relevância para a forma como lidamos com acidentes de trabalho no nosso cotidiano.

O que diz essa pirâmide? De onde ela surgiu? Ainda vale para as empresas dos dias atuais? Vamos nos aprofundar um pouco mais no cenário histórico no qual essa ferramenta surgiu e responder as perguntas acima a fim de que você possa contar com mais uma ferramenta de muita relevância para o combate aos acidentes de trabalho na sua organização.

 

O que você aprenderá nesse post:

·       O legado de Heinrich

·       O trabalho de Frank Bird

·       Aplicações práticas

 

O LEGADO DE HEINRICH 

Antes de saber o que é a Pirâmide de Bird, preciso apresentar um outro conceito muito importante para o entendimento dela e com significativa contribuição para o seu surgimento: a lei de Heinrich.

Ainda em 1931, Herbert William Heinrich publicou um livro, que para muitos é a base do desenvolvimento da segurança do trabalho, com o título de Industrial Accident Prevention a scientific approach (“Prevenção de Acidentes Industriais, uma abordagem científica”, em tradução livre). 

Nesta obra, Heinrich estabelece empiricamente, com base em análise de 75 mil acidentes de trabalho na Travelers Insurance Company, que para cada 1 acidente com ferimento grave, existem 29 acidentes com ferimentos menores e 300 acidentes sem lesões para o trabalhador.

Apesar de todas as limitações de sua época e questionamentos quanto ao método de sua pesquisa, é de se reverenciar o despertamento de uma nova era com vistas ao controle dos riscos em ambiente de trabalho e identificação das causas de acidentes causadores de acidentes graves.

 

O TRABALHO DE FRANK BIRD

Somente em 1965, após analisar cerca de 90 mil acidentes de trabalho em uma empresa de aços independentes com cerca de 5.000 funcionários por meio de um estudo que durou 7 anos, é que então surge Frank Bird no cenário da segurança do trabalho mundial. Diferente de Heinrich, embora tomando como base todo o seu trabalho, Bird leva em conta também acidentes que envolvem perda de patrimônio e meio ambiente, além das ocorrências que envolvem pessoas.

Assim, com o sucesso da implementação do conceito de controle de danos na empresa de aços Lukens, popularizado em 1966 com a publicação de Damage Control pela American Management Association (AMA), em 1968 Frank Bird sobe de patamar ao ser convidado para diretor de engenharia da Insurance Co. of North American. Nesta empresa de seguros, Bird liderou um outro estudo de acidentes de trabalho, desta vez envolvendo mais de 297 empresas de 21 grupos industriais diferentes.

 

Como fruto deste estudo, incluindo a análise de 1.753.498 acidentes, Bird conclui sua pirâmide com a seguinte proporção:

1 – 10 – 30 – 600. 

Isto é, para cada 1 lesão grave haveria 10 acidentes com lesões menores, 30 acidentes sem ferimentos e 600 incidentes (ou quase acidentes).

 

APLICAÇÕES PRÁTICAS

O que se pode então aproveitar de uma pesquisa realizada há 50 anos? Muito mais importante do que os números e suas proporções – os quais evidentemente podem variar de acordo com cada empresa – a filosofia por trás da pirâmide de Bird é o grande legado deste pioneiro da segurança do trabalho.

Entender que os programas e cuidados quanto aos eventos mais suaves e comuns (a base da pirâmide) devem receber atenção dobrada, dado o volume de sua ocorrência e seus impactos, é fundamental. Em outras palavras, quanto mais rigorosa for uma empresa com falhas e acidentes aparentemente irrelevantes, como um pequeno vazamento de água ou pequenos choques em uma máquina, mais segura essa empresa estará contra desastres e acidentes de gravidade maior.

 

Para traduzir esse conceito no dia a dia da sua empresa, separei algumas dicas práticas:

1.   registre tudo e incentive a fluidez da informação, assim cada pequeno desajuste será mais facilmente notificado e resolvido.

2.   invista na conscientização e empoderamento do trabalhador por meio de palestras e conversas informais, de modo que ele se sinta parte e responsável por cada pequeno detalhe e notifique ao sinalizar eventuais inconformidades.

3.   produza documentos de procedimento operacional padrão e invista na sua visualização por meio de folders, cartazes e mapas.

4.   construa sua própria pirâmide de Bird! 

 

Melhor do que saber os números exatos da proporção da pirâmide para a sua empresa, a cultura de prudência e o senso de responsabilidade que esta ferramenta pode viabilizar para seus colaboradores é o principal ponto positivo para sua organização, uma vez que permitirá uma prevenção mais bem-feita e, portanto, a redução de custos e aumento de produtividade, como destacamos no em nosso artigo sobre os benefícios de investir em segurança do trabalho.

Entendeu por que você precisa redobrar a atenção para os acidentes simples? Assim como em quase tudo na vida, se não resolvermos os problemas enquanto estão pequenos eles podem se tornar uma grande bola de neve – até o ponto de causarem graves acidentes e prejuízos para sua empresa.

Não permita que isso aconteça! Você e seus colaboradores merecem uma empresa mais eficiente, segura e com uma produtividade ainda maior.

Para isso, a Prevenção pode te ajudar compartilhando toda sua experiência de pioneira em segurança e medicina do trabalho.

 

 

 

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