A cada 48 segundos um trabalhador sofre acidente de
trabalho no Brasil. Ainda de acordo com o Ministério Público do Trabalho -
MPT, em apenas 5 anos – entre 2012 e 2017 – mais de 14 mil trabalhadores
morreram no exercício de sua profissão.
Identificar a real causa das ocorrências de acidente
de trabalho, infelizmente, não é uma tarefa tão simples na grande maioria dos
casos.
Além de ser um processo que exige esforço e cooperação
do maior número possível de pessoas envolvidas nos processos, chegar
a conclusões erradas sobre as causas dos acidentes significa
desperdício de tempo e de dinheiro no combate aos acidentes.
Além dos prejuízos para as empresas e da dor provocada
para os trabalhadores, uma única contribuição positiva pode ser encontrada a
partir de uma ocorrência, contanto que se faça um trabalho de investigação
efetivo: o aprendizado.
Conforme Fabrício Varejão, engenheiro e professor
do Instituto Federal de Pernambuco, especialista em segurança do trabalho,
investigar corretamente as causas é um processo de muito valor pois permite que
as organizações aprendam com seus erros e se tornem, em um futuro próximo, mais
eficientes em seus processos e, logo, mais seguras e competitivas. Ainda de
acordo com o especialista, e tendo em vista os benefícios de investir em
segurança do trabalho, não é possível corrigir ou prevenir se não se é
conhecido o motivo real da ocorrência sendo a investigação, portanto, a base
para construção de um sistema de prevenção em segurança do trabalho efetivo.
O
que você vai aprender neste post:
· Os
5 porquês
· O
diagrama dos 6M’s
· Árvore
de causas
· Principais
causas
OS
5 PORQUÊS
Ferramenta mais simples e com maior agilidade no
momento de se iniciar a investigação de um acidente, a metodologia dos 5
Porquês consiste em, por meio das entrevistas com os envolvidos diretos,
buscar a causa raiz do problema – geralmente encontrada na quinta pergunta.
Adotada inicialmente pelos japoneses no
período pós-guerra em ambientes industriais, a metodologia permite identificar
o que aconteceu, por que aconteceu e descobrir o que fazer para reduzir a
probabilidade de uma nova ocorrência.
Perguntando “Por
que? ” 5 vezes, espera-se que se encontre na seguinte ordem: um
sintoma, uma desculpa, um culpado, uma causa e, finalmente, a causa raiz.
Sem necessitar de análises estatísticas, é uma ótima e
ágil metodologia para investigar um acidente com proporções e impactos menores,
não sendo recomendada, evidentemente, para situações mais complexas e que
envolvam muitas variáveis.
O
DIAGRAMA DOS 6M’s (OU ESPINHA DE PEIXE)
Também conhecido como diagrama de Ishikawa, em
virtude do seu criador que se popularizou juntamente com a técnica a partir da
década de 1960, é uma ferramenta de investigação também ágil e eficiente que
possibilita a análise de causas-raízes sob a ótica de 6 elementos que
começam com a letra M:
Métodos:
causas relacionadas a procedimentos padrão (ou a falta deles).
Matéria-Prima:
causas que envolvem material usado no trabalho, seja pela falta de qualidade ou
reputação do fornecedor.
Mão
de obra: imprudência, pressa, falta de qualificação ou
outras causas relacionadas a pessoas dentro do processo.
Máquinas:
falhas decorrentes de falta de manutenção ou outras causas em equipamentos e
maquinário presentes no trabalho.
Medição:
causas que tem a ver com a calibração e efetividade dos indicadores presentes
no ambiente de trabalho.
Meio
Ambiente: calor, layout, poluição, excesso de poeira e outras
causas relacionadas ao ambiente de trabalho.
Assim, se definindo o problema na “cabeça do peixe” a ser analisado, as causas em cada um dos M’s
podem ser levantadas. Após esse processo de listar as possíveis causas,
chega-se às causas mais importantes – ou a causa, em caso de uma causa presente
em um dos M ser a principal para a ocorrência do acidente.
ÁRVORE
DE CAUSAS
Ideal para casos mais complexos, onde o acidente de
trabalho pode admitir diversas causas, sua aplicação demanda a reconstrução com
o maior número de detalhes possível da história do acidente, onde são
registrados apenas os fatos. Nessa perspectiva, se busca identificar o problema
ou variação que originou o acidente de trabalho.
O
método da árvore de causas é dividido em 4 etapas:
1) Coleta de dados: busca de informações in loco
registrando não só os fatos, mas também as opiniões dos indivíduos e fotos do
local.
2) Análise dos dados: entendimento do problema
classificando cada fator com possível influência no acidente em 6 elementos,
que são indivíduos, tarefa, matéria-prima, equipamento, local de trabalho e
gerenciamento. Após essa classificação, deve-se classificar as condições com um
quadrado para antecedentes-estado, ou seja, condições permanentes na situação,
e com um círculo para antecedentes-variações, as quais são condições não
habituais no trabalho, como a troca de um colaborador, por exemplo.
3) Análise das causas: construção propriamente
dita da árvore, ligando cada ponto estabelecido na etapa anterior com uma linha
normal para ligação que contribuiu para a ocorrência do fato seguinte, e com
uma linha pontilhada para ligação que aumenta a probabilidade de ocorrência do
fato seguinte.
4) Adoção de medidas de controle: elaboração de
um plano de ação para prevenir novas ocorrências do mesmo acidente com base na
identificação da causa raiz.
PRINCIPAIS
CAUSAS
De
acordo com a vivência de engenheiros de segurança e especialistas no assunto,
as principais causas dos acidentes de trabalho podem ser classificadas em 4
categorias:
Falhas
mecânicas: reforçando ainda mais o cuidado a se ter com a
manutenção preventiva das máquinas e equipamentos;
Falhas
humanas: decorrente da imprudência e/ou falta de conhecimento
e treinamento do operário com relação aos riscos existentes;
Não
uso de EPI’s: tanto pela ausência de investimento
das empresas quanto pela negligência dos trabalhadores;
Improvisação
de mão-de-obra: muito comum na construção civil e em
setores da indústria que exigem menos especialização, é muito perigosa pois
coloca trabalhadores inexperientes e sem as capacidades técnicas necessárias
para lidar com determinadas atividades.
Ficou claro como proceder na investigação do próximo
eventual acidente de trabalho na sua empresa? Caso ainda tenha qualquer dúvida,
temos consultores disponíveis para ouvir e responder seus
questionamentos.
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