quarta-feira, 20 de agosto de 2025

 



 

REVEZAMENTO ENTRE POSTOS DE TRABALHO

 


Os programas de revezamento surgiram destinados a aumentar o desempenho e a flexibilidade dos trabalhadores. As motivações iniciais para a implementação dos programas faziam parte de um sistema focado na necessidade de trabalhadores com mais autonomia.

Com foco na Ergonomia, podemos considerar o revezamento como uma atividade que tem por objetivo minimizar as exposições acumuladas em determinado posto de trabalho. Essa ação é utilizada porque nem sempre é possível eliminar demandas físicas ou mentais adversas do trabalho, portanto, minimizar as exposições por meio da rotação de trabalho é uma alternativa. Para deixar claro, o revezamento não elimina a presença dos fatores de risco, mas os distribui entre vários trabalhadores “diluindo” a intensidade. Dessa forma, o risco para alguns indivíduos pode ser reduzido, enquanto para outros, aumentado. No entanto, não haverá mudança líquida nos fatores de risco presentes, ou seja, a empresa deve sempre implantar melhorias nos postos de trabalho para realmente eliminar ou minimizar de forma efetiva esses fatores de risco.

O revezamento permite atuar na duração e frequência da exposição, sem alterar o desenho do sistema produtivo.

Além disso, o planejamento deve considerar, além das demandas físicas, as mentais, ambientais e organizacionais, para avaliar os níveis de exposição e definir como será realizada a rotação de cargos.

Estes alertas são importantes, pois quando falamos de revezamento muitos acreditam ser um procedimento simples, pois bastaria realizar as análises ergonômicas, identificar os postos com maior criticidade e de menor criticidade e implantar o revezamento entre eles. Porém, realizar este procedimento sem um estudo amplo pode acarretar em diversas falhas e consequentemente em prejuízos para a empresa e para os colaboradores.

É essencial considerar que o revezamento pode impactar diretamente na produtividade e na qualidade do trabalho, além de gerar desconforto e desgaste físico e mental para os trabalhadores envolvidos.

 

Mas o que precisa ser planejado para implantar o revezamento?

Um dos primeiros passos é a definição de um responsável pela implementação do programa e designação de uma equipe de apoio para auxiliar na implementação.

 

Após essa definição inicial pode-se partir para os passos da implantação do programa de revezamento.

 

A seguir as principais etapas:

a) Identificação de cargos: devemos iniciar fazendo a identificação e listagem de todos os cargos existentes na empresa (ou pelo menos daquele que já consideramos como prioritários para o revezamento), incluindo descrições detalhadas de suas funções, habilidades necessárias e responsabilidades. Durante este passo precisamos reconhecer quais os fatores de risco de carga física, mental, ambiental e organizacional relacionados a falta de Ergonomia está afetando os postos sob análise, ou seja, precisamos realizar a análise ergonômica do trabalho dos postos.

b) Identificação dos trabalhadores: após identificar os postos de trabalhos precisamos fazer avaliação das habilidades, conhecimentos e experiências de cada funcionário, com o objetivo de identificar suas aptidões em relação aos diferentes cargos. Por exemplo, precisamos saber se têm os treinamentos obrigatórios em quais funções, se têm alguma limitação física, seu salário (o revezamento só pode ser realizado para trabalhadores com o mesmo salário) e quais suas atribuições para que em função do revezamento não ocorra desvio de função.

c) Definição dos objetivos: com em qualquer projeto, precisamos iniciar sabendo qual o nosso objetivo, dentre outros possíveis podemos pensar: no desenvolvimento das habilidades dos trabalhadores, no aumento da produtividade, na melhoria do clima organizacional e na diminuição da carga física e mental decorrente de postos de trabalho concebidos sem o foco na Ergonomia.

d) Treinamento dos trabalhadores: capacitação dos trabalhadores em relação as habilidades necessárias dos postos que serão revezados, como por exemplo, procedimentos do novo posto, responsabilidades e tecnologias e também orientação dos trabalhadores sobre os objetivos, benefícios e procedimentos do programa.

e) Criação do plano de rotação: após os passos anteriores pode ser definida a ordem de rotação dos cargos, levando em consideração a adequação dos cargos para os trabalhadores e a complexidade das tarefas envolvidas. Nesta etapa um ponto essencial é a de estabelecer a duração do tempo de cada rotação. É recomendado obter a planta baixa com o layout do setor a ser implantado, com o objetivo de auxiliar na visualização e distribuição dos postos.

 

Qual metodologia pode ser utilizada para auxiliar na implementação do revezamento?

Esse é um dos principais desafios na aplicação de um sistema de revezamento, mas como o texto já está longo continuarei na próxima semana.

 




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ACIDENTE SÃO REALMENTE ACASO?

 


Abro os olhos com dificuldade e vejo uma gota silenciosa caindo da bolsa de soro. Sinto um tubo na minha boca e, sem forças, volto a dormir.

Pi… Pi… Pi…

Acordo com o barulho clássico de um hospital. Isso significa que meu coração ainda está batendo. Tento me mover, mas não consigo. Só vejo o teto branco com finas rachaduras ao redor das placas de gesso. Resisto por alguns minutos, mas o sono me vence novamente.

Acordo com a enfermeira trocando a bolsa de soro. Ela me olha com um sorriso e diz: “Não se preocupe, você está melhorando e sua família está torcendo e orando por sua recuperação”.

Penso em minha família e na Diana, que deve estar desesperada. Tento perguntar à enfermeira o que aconteceu e se a Diana não pode me visitar, mas não consigo falar.

Novo dia ou, talvez, o mesmo. Não tenho mais noção do tempo. Sinto uma coceira no nariz, mas ainda não tenho forças para levantar o braço. Fico neste desespero até dormir novamente. Tento lembrar o que aconteceu, mas só me lembro de ter saído para o trabalho. Será que sofri um acidente de carro?

Cara leitora (você também é convidado, caro leitor), infelizmente ainda vai demorar para o Sr. Nonato se lembrar com detalhes do seu acidente. Mas vou adiantar o que aconteceu: era segunda-feira e ele chegou à empresa com uma forte dor de cabeça. Foi direto para o refeitório, tomou um café puro, comeu um pão com manteiga e acompanhou as notícias pela TV. Chegou esgotado, como se tivessem desligado a chave geral de seu corpo. Tinha uma sensação desesperadora e o trabalho não ajudava, com tantas demissões, todo mundo estava no limite. Pensou em pedir demissão, mas também se perguntava o que faria se saísse. Despertou dos seus pensamentos e se encontrou com Duarte, o chefe da manutenção, para buscar a ordem de serviço com as tarefas do dia. Teria que fazer a manutenção dos motores localizados em uma plataforma no telhado da empresa.

Era o tipo de trabalho que o incomodava. Teria que usar o cinto de segurança e ele o detestava, era muito desconfortável e quente, mas sabia que, mesmo sendo uma tarefa rápida, o chato Técnico de Segurança não permitiria o serviço sem o cinto. Passou no SESMT e foi acompanhado pelo estagiário para preenchimento da Permissão de Trabalho. Serviço liberado, colocou o cinto e subiu pela escada de marinheiro que daria o acesso a plataforma, engatou na linha de vida e começou a subir. A empresa era imensa e o pé direito era em torno de doze metros. Saiu da escada e pisou na plataforma, deu dois passos e lembrou que precisava engatar a porcaria do talabarte na linha de vida. Ia ser a penitência do dia, mas, enfim, tinha que seguir o procedimento.

Iniciou a abertura do motor e percebeu que não tinha a chave na bitola adequada. Tirou todas as ferramentas do cinto, mas não encontrou nenhuma que servisse. Resolveu usar a ponta do alicate para afrouxar o parafuso e, depois de muito esforço, conseguiu, mas sabia que não conseguiria fixá-lo de volta sem a chave adequada. Decidiu descer para pegar a ferramenta. Quando deu o primeiro passo, desequilibrou-se e começou a cair. O cinto estava preso ao cabo de aço na altura dos seus pés, então ele caiu com certa velocidade, batendo a cabeça na lateral do prédio e ficando pendurado. O impacto foi forte e ele ficou desacordado por vários minutos até ser resgatado.

Esse foi o motivo, minha cara leitora, dele estar prostrado na cama do hospital. Mas vamos voltar ao leito do Nonato.

Estava em outro quarto, acordei com dor de cabeça, ainda com o tubo na boca, com a cabeça coçando e sem forças para levantar os braços, preso às limitações de um corpo doente. Tentei gritar e sacudir, mas sem forças, só conseguia chorar. Neste momento, a porta abriu e eu escutei a voz da Diana e de um homem. Envergonhado, fingi estar dormindo e escutei quando ela perguntou: “Ele não vai melhorar?”.

O homem respondeu: “Sim, ele já está bem melhor. Ainda ficará fraco por alguns dias, mas não corre mais riscos”. Quando perguntou sobre os movimentos, o médico respondeu: “Infelizmente, a queda prejudicou a vértebra cervical e ele não terá mais movimentos”. Tentei batucar os braços, gritar, mas não consegui contradizer o médico. O máximo que consegui, foi fazer com que as lágrimas corressem pelo meu rosto e caíssem no interior do meu ouvido.

Após escrever esse texto, comecei a pensar nos erros nos procedimentos que levaram ao acidente. Pense um pouco na situação: a permissão de trabalho foi aberta por um estagiário, talvez não tenha sido bem avaliada a necessidade de realizar a atividade com acompanhamento do SESMT ou, pelo menos, em dupla. O uso de cinto de retenção teria sido uma escolha mais apropriada, pois impediria que o trabalhador chegasse à beira da edificação e evitaria uma possível queda. Se fosse possível, um guarda-corpo poderia ser instalado. Em outras palavras, apesar da palavra “acidente” nos remeter a um acontecimento casual, fortuito e inesperado, ao estudar as ocorrências, percebemos que raramente elas são realmente acidentais.

 

 



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