sábado, 18 de fevereiro de 2023

 




Erros na Proteção por Espuma

 

Neste artigo separamos os erros na Proteção por Espuma mais comuns em indústrias que armazenam líquidos combustíveis e inflamáveis, a maioria deles irão prejudicar muito o desempenho do sistema de proteção contra incêndio, outros irão até ajudar o fogo!

 

Primeiramente, vamos relembrar as classes do LGE:

 

·       Classe HC – para extinção de incêndios em hidrocarbonetos (derivados de petróleo);

·       Classe AV – utilização em aeroportos, para extinção de incêndios em hidrocarbonetos;

·       Classe AR – para extinção de incêndios em solventes polares (exemplo mais comum: álcool).

 

Para entender mais como identificar a classe do LGE no seu cenário de risco, recomendo que leia também o artigo Definindo a Classe do LGE.

 

Erro 1 – Quantidade de tipos de LGE

 

A NBR 15511 permite até 7 tipos de LGE (Líquido Gerador de Espuma), como mostra a tabela abaixo.

 

NBR 15511 – Tabela 1 – Tipos de LGE

 

Essa “grande” quantidade de tipos gera uma certa confusão nos profissionais, que acabam adquirindo o LGE incorreto. Apesar de ser ocasionada por falta de atenção ou conhecimento técnico na NBR 15511, esse erro é muito comum.

A normatização apenas de LGE Polivalente (que atende a mais de uma classe) seria uma possível saída para esse problema.

 

Erro 2 – LGE incompatível com o cenário de risco

 

 

Como mencionado no erro 1, é muito comum encontrar LGE do Tipo 1 (exclusivo para hidrocarbonetos) protegendo etanol (solvente polar), ou LGE do Tipo 4 (exclusivo para solvente polar) protegendo tanque de óleo diesel (hidrocarboneto).

Para entender melhor, a imagem abaixo mostra o método de combate do LGE para Hidrocarbonetos.

 


Espuma atuando em Hidrocarboneto

 

Conforme o LGE da Classe HC é aplicado, forma-se uma camada chamada Filme Aquoso que “anda” por cima do combustível e logo acima a espuma vai atuando por abafamento.

O LGE funciona semelhantemente à um lençol, só que para o calor.

Como a água não é miscível (não se mistura) em hidrocarbonetos, ela irá assentar no fundo do reservatório.

Mas, no caso do LGE Classe AR, devido a água ser miscível com solventes polares, a aplicação de espuma com o Filme Aquoso seria ineficiente, pois o Etanol iria “comer” toda a solução de espuma aplicada.

Para isso, foi necessário desenvolver uma espuma que “isole” o contato com a água e não deixe que ela se misture com o líquido em chamas.

 

Espuma atuando em Solvente Polar

 

De todos os erros na proteção por espuma, esse é o pior, pois a efetividade do sistema será igual a ZERO, e dependendo da quantidade de líquidos combustível ou inflamável armazenada, o risco de uma catástrofe é grande.

 

Erro 3 – Quantidade de LGE inferior ao Projeto de Incêndio

 

Incêndio da Ultracargo em 2015

 

As normas brasileiras atuais permitem que NÃO se considere dois ou mais eventos de incêndio em simultâneo, o que já não é o ideal.

Daí surge outro problema, vamos supor que no projeto de incêndio esteja especificado que é necessário um suprimento de LGE de 10 mil litros para combater o incêndio por 30 minutos no pior cenário de risco (sem ser evento simultâneo).

Quando vamos verificar o tanque ou bombonas de LGE, constatamos que possuem apenas 6,5 mil litros, que não atende nem ao mínimo requerido.

“Aqui a gente aprendeu que muitas vezes o mínimo não serve!” – Coronel Cassio Roberto Armani se referindo ao incêndio da Ultracargo em 2015, onde foram consumidos aproximadamente 400 mil litros de LGE.

Outro ponto importante, é que quando o armazenamento é feito por meio de tanque, ele deve ter um medidor que possibilite saber o seu volume.

Trecho da Instrução Técnica 25 do Corpo de Bombeiros de São Paulo

 

Erro 4 – Mistura de lotes

 

Constatada a falta de suprimento de LGE do item anterior, então a empresa decide adquirir o restante, mas daí pode surgir outro grande problema.

Primeiro temos que saber se o LGE estocado ainda está em boas condições de uso para poder ser misturado com o novo lote de LGE, até porque não se mistura laranja boa com laranja podre.

Temos então a necessidade de fazer os Ensaios Periódicos … que serão destacados no erro 7.

 

Erro 5 – Ter o LGE, mas não saber qual é o Tipo

 

Em geral a proteção por espuma é deixada de lado em empresas, e a maioria delas nunca fizeram um controle do seu suprimento de LGE. Quando vamos até as bombonas, containers (IBC) ou tanque não temos nenhuma informação (rótulo) descrevendo qual é o LGE estocado.

Trecho da Instrução Técnica 25 do Corpo de Bombeiros de São Paulo

 

Esse é um problema muito sério, já que visualmente não é tão simples (e nem seguro) identificar o tipo de LGE, e corre um grande risco de entrarmos no erro 2.

 

Erro 6 – Adquirir LGE sem certificação

 

A NBR 15511 que normatiza o LGE foi baseada nas principais normas do mercado nacional e internacional, como: Petrobras N-2142, ICAO Doc 9137, MIL-F-24385, NFPA 11 e ISO 7203 para que tivéssemos uma norma que atendesse todas as necessidades para os sistemas de espuma de baixa expansão no Brasil.

Mas, ainda temos vários LGE’s comercializados que não são certificados, outros nem sequer atendem a NBR.

Adquirindo um LGE certificado você garante que ele já veio testado por laboratório acreditado que garantiu sua capacidade de extinção e reignição do fogo.

Portanto, busque sempre as melhores condições comerciais, mas sempre exija material certificado.

 

Erro 7 – Não fazer Ensaios Periódicos do LGE

 

Ensaio de LGE – Tempo de Reignição

 

O LGE certificado pela NBR 15511, não possui um prazo de validade estipulado. Mas, é necessária sua validação a cada 12 meses por meio do Ensaio Laboratorial e a cada 36 meses para o Ensaio de Fogo.

Esses ensaios são necessários para garantir que não houve contaminação ou deterioração do LGE armazenado, e também garantir que a sua capacidade de extinção e reignição do fogo se mantiveram intactas ao longo do tempo.

Para mais detalhes de como são feitos os Ensaios Periódicos, leia também o artigo Ensaio de LGE (Líquido Gerador de Espuma)

 

Erro 8 – Ensaio em laboratório não acreditado

 

Em caso de acidentes, causando danos ao meio ambiente ou vítimas, o controle periódico de LGE conforme a NBR 15511 é o único meio de controle legalmente aceito no Brasil.

O relatório de ensaio, para ter valor legal junto às autoridades e ser aceito em auditorias, deve ser emitido por laboratório pertencente à RBLE – Rede Brasileira de Laboratórios de Ensaio, acreditado pela Cgcre (Coordenação Geral de Acreditação/INMETRO) para o escopo de ensaios de LGE.

Infelizmente, algumas empresas ainda buscam fornecedores que não são especializados em Líquido Gerador de Espuma (LGE).

Exemplo disso, é que muitas acabam contratando a empresa que realiza as manutenções dos extintores e mangueiras de incêndio para também fazerem os Ensaios Periódicos, mas na maioria das vezes essas empresas locais nunca fizeram esse trabalho para outros clientes e nem sequer leram a NBR 15511.

Elas também acabam enviando as amostras de LGE para laboratórios não acreditados pelo INMETRO, que não terá validade legal nenhuma em caso de sinistro.

Resumindo, o cliente acabou “comprando gato por lebre”.

 


 

Conclusão

 

Infelizmente, a maioria das empresas por onde passo comete no mínimo DOIS desses erros, e o pior, elas não tinham (e às vezes continuam não tendo) noção nenhuma do risco que elas correm.

A grande maioria das empresas está acostumada a cuidar da manutenção de extintores e mangueiras (quando cuidam …), só que a proteção por espuma é deixada de lado, sendo que a espuma é de longe o agente mais eficiente em líquidos combustíveis e inflamáveis.

 

Referências Bibliográficas:

NBR 15511 – Líquido gerador de espuma LGE, de baixa expansão, para combate a incêndios em combustíveis líquidos

 

 

 

 

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Altura da Sinalização de Emergência


Com frequência costumo encontrar erros na altura da sinalização de emergência em estabelecimentos comerciais, residenciais e industriais, por isso, decidi abordar esse tópico para não haver mais confusão, neste artigo vamos responder as dúvidas abaixo:

 

·         Qual a altura da placa de sinalização do extintor?

·         Como fixar a placa de sinalização?

·         Como fazer a correta sinalização da porta corta-fogo (PCF)?

·         Barra antipânico precisa de placa?

 

Recomendo que leia também o artigo Placas de Sinalização de Segurança Contra Incêndio e Pânico para compreender melhor os tipos de sinalização e sua correta aplicação.

 

Para definir a altura da sinalização de emergência, deve-se tomar sempre a medida do piso acabado até a base da placa de sinalização.

  

Sinalização Básica

Sinalização de Proibição Altura: 1,80 m





Sinalização de Proibição

 

Sinalização de Alerta Altura: 1,80 m



 


Sinalização de Alerta

 

Sinalização de Orientação e Salvamento Altura: 1,80 m


Sinalização de Orientação e Salvamento


Escadas de Emergência e Portas Corta Fogo (PCF)



Altura da Sinalização de Emergência

 

A porta corta fogo merecem atenção especial na hora da instalação, em alguns projetos de edifícios verticais elas chegam a ter de 3 a 7 placas de sinalização de emergência em uma mesma PCF.

 

A imagem do Exemplo 1 mostra a altura da sinalização de emergência de uma porta corta fogo, com base na NBR 13434-1 e NBR 11742.

 

A sinalização de portas de saída de emergência deve ser instalada logo acima das portas, no máximo após 10 cm da verga. Porém, quando não for possível, deve ser colada diretamente na folha da porta na altura de 1,80 m.

 

Dentro da caixa de escada também deve conter sinalização instalada à 1,80 m, indicando o andar onde a pessoa se encontra.

 

Vale ressaltar que a abertura de porta em escadas não deve obstruir a visualização de nenhuma placa, lembrando que porta corta fogo jamais deve permanecer aberta, como já destacamos no artigo Regulagem de Porta Corta Fogo.


Sinalização da Barra Antipânico


Barra Antipânico com adesivo “Empurre”

 

Apesar da maioria das barras antipânico já virem com o adesivo escrito “Empurre” em destaque, também é necessária a correta sinalização da barra antipânico com a placa de sinalização fotoluminescente à uma altura de 1,20 m do piso acabado.




Sinalização da Barra Antipânico

 

Sinalização de Equipamentos de Combate e Alarme Altura: 1,80 m



Sinalização de Equipamentos de Combate e Alarme


Uma das principais dúvidas que recebemos é:

 

Qual a altura da placa de sinalização do extintor?

 

As placas de sinalização de equipamentos de combate à incêndio e alarme de emergência devem ser instaladas à 1,80 m do piso acabado.

 

Porém, no caso de almoxarifados, estacionamentos, fábricas ou ambientes em que possam ter obstáculos que dificultem ou impeçam a visualização da sinalização de equipamentos de combate a incêndio à 1,80 m, deve-se repetir a mesma sinalização à uma altura que facilite a visualização (Dica: geralmente a altura da sinalização de emergência a ser repetida é de 3,00 m).

 

Vale lembrar que, quando os equipamentos estiverem instalados em pilares, todas as faces visíveis do pilar deverão estar sinalizadas.



Exemplo 2 – Sinalização em Pilar

 

Exemplo de melhorias:

 

No Exemplo 2, a altura da sinalização de emergência está à 1,80 m (logo acima do extintor), porém as outras três faces do pilar não foram devidamente sinalizadas na mesma altura.


Por ser um estacionamento, a altura de alguns carros poderia dificultar a visualização da sinalização, então foi repetida a mesma placa no alto do pilar, desta vez de forma correta nas quatro faces.

 

Sempre que repetir a sinalização no alto de um pilar, recomendamos que utilize uma sinalização maior para aumentar a visibilidade à longas distâncias, como 30 x 30 ou 40 x 40 cm.




Distância para visualização em metros

 

Sinalização Complementar

Sinalização de Nível Inferior Altura: Entre 0,25 e 0,50 m

 

É de extrema importância que a sinalização de emergência não seja instalada exclusivamente no teto, pois em caso de incêndio a tendência da fumaça é subir, dificultando a visualização da rota de fuga.


Sinalização de Emergência de Nível Inferior

 

Mas, mesmo com a rota de fuga instalada à 1,80 m, após algum tempo a fumaça também pode dificultar sua visibilidade.

 

Devido a sua instalação ser feita entre 0,25 m e 0,50 m, a sinalização de nível inferior se torna vital para visualizar o trajeto sem a interferência da fumaça.

 

Sinalização de Solo

 

Hoje em dia já existem modelos sinalização de solo fotoluminescente e antiderrapante, facilitando muito a sinalização dos degraus em escadas de emergência.


Sinalização de Solo Fotoluminescente

 

Sinalização de Indicação de Obstáculos

Sinalização Complementar

 

Elementos construtivos como vigas e pilares podem prejudicar o percurso em rotas de fuga.

 

Surge a necessidade de sinalizar possíveis obstáculos na rota de fuga para evitar:

 

·         Tropeços;

·         Esbarrões;

·         Batidas de cabeça no teto;

 

Em divisórias e portas de vidro utilizadas no caminho da saída de emergência, instala-se uma faixa em cor contrastante com o ambiente à uma altura entre 1,0 m e 1,4 m em toda sua extensão horizontal. Esta faixa deve ter no mínimo 5 cm de largura.

 

Como fixar a placa de sinalização?

 

Os métodos mais utilizados para fixar as placas de sinalização são com: fita dupla-face, cola de PVC, silicone, abraçadeira de nylon (enforca gato) ou parafuso.

 

Caso exista a necessidade de instalar a placa de sinalização suspensa no teto, é possível solicitar que as placas já venham com ilhós instalados.

 


Placa de Sinalização de Emergência com Ilhós

 

Não é recomendado utilizar pregos, pois existe uma grande chance de trincar as placas.

 

Aplicando o bom senso…

 

Para a NBR 13434-1 ser bem específica em relação a altura da sinalização de emergência, foram feitas várias análises para identificar a melhor altura de acordo com a média de altura da população.

 

Mas, muitas vezes surgem situações onde não é possível seguir a risca a altura padrão, como:

 

·         Muretas;

·         Tubulações baixas;

·         Máquinas ou equipamentos altos (acima de 1,80 m);

·         Parede com outro item já instalado no local da placa.

 

Nessas horas sempre temos que aplicar o bom senso e instalar no melhor local possível, e se preciso complementar com outro tipo de sinalização (exemplo: nível inferior).

 

Sempre que elaborarem uma rota de fuga, peça para alguém que não esteja familiarizado com a edificação encontrar a saída de emergência mais próxima, assim é possível tirar a prova se nosso trabalho foi bem feito!








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