ANÁLISE
PRELIMINAR DE RISCOS - APR
Guia
completo
Se você é profissional de
segurança do trabalho, provavelmente já deve ter escutado ou aplicado uma APR
em sua rotina de trabalho. Ela é uma das principais ferramentas de
gerenciamento de riscos aplicáveis nas empresas.
E devido a sua enorme
importância, resolvi desenvolver este artigo como um guia completo de
Análise Preliminar de Riscos - APR para você aprender o máximo de
informações relevantes sobre o assunto.
Se você gostar do que veremos
neste artigo, deixe seu comentário e compartilhe com todos os amigos
prevencionistas, combinado?
Neste
artigo, vamos ver:
- O que é APR e qual seu
objetivo?
- Qual a importância da APR?
- A quem compete a elaboração de
uma APR?
- Qual o papel do supervisor de
Equipe?
- APR para prestadores de
serviços
- Principais dúvidas sobre APR’s
O
que APR e qual o seu objetivo
APR é a sigla usada para Análise
Preliminar de Riscos, uma ferramenta de gerenciamento de riscos que visa prever,
ainda na fase de planejamento ou projeto, situações de perigos e riscos em
máquinas, processos e/ou atividades, capazes de causar perdas e danos para a
empresa, e com isso, definir medidas de controle para evitar que
esses danos se concretizem.
Importância de uma APR
A implementação de uma rotina
de elaboração de APR’s oferece alguns benefícios para a empresa.
Abaixo, separei alguns deles, tais como:
1
- Melhor planejamento de atividades
A elaboração de uma APR, como
veremos mais adiante, requer uma análise profunda do objeto a ser
analisado. Para sua boa implementação é importantíssimo que se tenha bem
definido como vai ser desempenhada a atividade: qual a equipe atuará,
quais máquinas e ferramentas, quais os métodos e procedimentos, onde será
desempenhada a atividade, quais as condições do local dessa execução.
A definição detalhada de como
será realizada a atividade permite maior clareza no planejamento. Assim,
são identificados previamente os perigos e riscos, sendo possível replanejar
a forma de execução da atividade para eliminar ou controlar os riscos
identificados.
2-
Redução de perdas e danos
Com o melhor planejamento das
atividades, os perigos e riscos são identificados e controlados. Com isso,
a probabilidade de ocorrência de perdas e danos diminui. Além disso, até
mesmo quando as medidas de controle não são eficazes, medidas mitigadoras podem
ser planejadas para diminuir os prejuízos.
3
- Previsão dos riscos
A análise detalhada do objeto
(projeto, máquina, processo ou atividade) permite a identificação de
riscos previamente e a definição de medidas de controle para evitar ou
controlar estes riscos.
4-
Disseminação de conhecimento entre colaboradores
A Análise Preliminar de Riscos
pode ser usada para disseminar o conhecimento entre os colaboradores,
o que aumenta as chances de sucesso nas atividades prevencionistas, já que
a falta de conhecimento sobre os riscos e medidas de controle é uma
das principais causas de acidentes de trabalho nas empresas.
5
- Identificação de oportunidades de melhorias de processos
Esse ponto tem muita relação
com o primeiro tópico. Ao longo da análise do objeto, na etapa de planejamento
é possível identificar fragilidades (riscos) e, com isso, definir
e implantar as oportunidades de melhorias dos processos e atividades.
Assim a empresa aos poucos vai minando seus riscos de acidentes e
melhorando sua ação prevencionistas.
6
- Comprovação de ações preventivas
Uma outra importância da APR é
que ela serve como comprovação documental de que ações
prevencionistas estão sendo implementadas dentro da empresa. Com a Análise
Preliminar de Riscos é possível comprovar que a empresa identificou os
perigos e riscos, definiu as medidas de controle, e disseminou essa informação
para os seus colaboradores. Além de ter uma enorme importância na redução dos
índices de acidentes de trabalho, esta prática ajuda a empresa a se defender
em demandas judiciais por eventuais acidentes de trabalho.
Como
elaborar uma APR
Após conhecer um pouco sobre
APR e sua importância, chegou a hora de você saber como elaborar uma Análise
Preliminar de Riscos. Podemos dividir a elaboração em 7 etapas:
Etapa
1 - Definição de Objeto:
Nesta etapa, deve-se saber
exatamente de que se fará a análise de riscos. Geralmente, fazemos análises de
riscos de projetos, máquinas e equipamentos, processos ou atividades.
Etapa
2 - Estudar o objeto de análise:
Nesta etapa, é
necessário entender o objeto de análise, sua natureza, sua exigência de
desempenho, como funciona, quais as etapas do processo, quais as tarefas das
atividades, qual o histórico de incidentes e reclamações na própria empresa ou
em empresas similares.
Etapa
3: Levantamento de Perigos e Riscos:
Uma vez conhecido o objeto de
análise, chegou a hora de identificar os perigos e riscos. Em nosso artigo “Levantamento
de Perigos e Riscos” detalhamos como fazer este levantamento de forma eficaz.
Neste momento, é importante que seja feito o levantamento de perigos e
riscos de cada tarefa da atividade;
Etapa
4: Avaliação de Riscos:
Após fazer o levantamento
de perigos e riscos, chegou a hora de avaliarmos esse risco. A avaliação de
risco é o processo no qual analisamos o nível de criticidade do risco
(tolerável ou não tolerável), considerando critérios de probabilidade de
ocorrência e gravidade, de forma a direcionar ações de controle e recursos para
riscos mais significativos.
Etapa
5: Tratamento dos Riscos:
Uma vez identificados e
avaliados os perigos e riscos, chegou a hora de controlar o risco. O tratamento
de riscos é o conjunto de ações necessárias para diminuir a criticidade do
perigo e risco. Geralmente, são as implementações das medidas de controle, tais
como, eliminação, substituição, controles de engenharia, proteção coletiva,
sinalização, alertas e controles administrativos, equipamentos de proteção
individual - EPI, que farão com que a probabilidade de ocorrência do
evento diminua para níveis satisfatórios ou desapareça.
Etapa
6: Controle dos Riscos:
Esta etapa é a responsável
pela manutenção das ações definidas no tratamento de riscos. Em outras
palavras, é você garantir que as medidas de controle funcionem. Por
exemplo: garantir que os dispositivos de segurança projetados em uma
máquina estejam funcionando; garantir que a proteção coletiva seja eficaz;
assegurar que a sinalização e o alerta estejam eficientes; garantir o uso dos
Equipamentos de Proteção Individual (EPI) dos trabalhadores. Estes são alguns
exemplos de controle de riscos.
Etapa
7: Mitigação de danos:
Nesta etapa é preciso
prever ações mitigadoras para atuar em casos de concretização das perdas e
danos. Nos casos de acidentes de trabalho, é preciso definir quais as possíveis
lesões que podem ocorrer, e determinar quais as ações de primeiros
socorros devem ser desempenhadas. Outros exemplos são casos de incêndio, explosões
ou desastres ambientais. As medidas de mitigação do risco devem estar
contempladas e difundidas no Plano de Atendimento a Emergências da empresa. As
ações de mitigação permitem que a empresa diminua seus prejuízos decorrentes do
evento indesejado.
Um
caso prático:
Imagine a seguinte situação: a
empresa onde você trabalha está precisando fazer uma manutenção de coberta. Trata-se
de uma atividade não rotineira e, por isso, é preciso ter muita
atenção no planejamento da execução dessa tarefa.
A equipe de segurança do
trabalho foi informada da realização da atividade e marcou uma reunião com as
áreas envolvidas para conversar sobre a atividade. Algumas perguntas realizadas
foram:
- Quantos homens realizarão a
atividade?
- Todos têm conhecimento e
experiência nessa prática?
- Quais máquinas e equipamentos
serão utilizados?
- Que ferramentas serão
utilizadas?
- Quais as etapas previstas para
as atividades?
Onde será realizada a
atividade? Há possíveis interferências com rede elétrica, estruturas, veículos?
As respostas a essas perguntas
já permitirão entender o cenário de realização da atividade e prever
riscos e perigos durante sua execução. Em seguida, é importante colocar no
papel cada tarefa a ser executada, os perigos e riscos associados, e as medidas
de controle para evitar que o acidente aconteça.
Quais
os modelos de APR’s
Neste momento, você deve estar
se perguntando qual o modelo de APR deve ser usado em suas atividades. Na
verdade, não existe um modelo padrão. Contudo, vou te mostrar duas formas de
APR’s que já vi no mercado e que podem ser úteis para você: o modelo check-list e
o modelo planilha. Para cada um, vou apresentar seus benefícios e
malefícios.
1-
Modelo em Check-list:
Neste modelo já se tem um
formulário com uma relação de perigos e riscos predefinidos, bem como, a
relação de medidas de controle. A pessoa que preenche a APR verifica os perigos
e riscos dentro daquela relação e sinaliza no formulário, bem como, as medidas
de controle necessárias.
Benefícios do modelo Check-list:
- Permite um rápido
preenchimento;
- Possibilita lembrar de
riscos e perigos mais facilmente;
- Permite lembrar de
medidas de controle mais facilmente;
- Ajuda numa clara
interpretação do documento;
Malefícios do modelo check-list:
- A lista de riscos é
limitada o que pode causar um levantamento de perigos e riscos deficiente;
- Pode gerar um comodismo
da pessoa que preenche a APR, inibindo-a de identificar outros
perigos e riscos;
- Mais vulnerável à fraude,
já que, permite que seja assinalado, posteriormente, no formulário os perigos e
riscos ou medidas de controle;
- Não permite análise tarefa por
tarefa;
- Falta clareza na
associação entre riscos e suas respectivas medidas de controle.
2-
Modelo em Planilhas:
Neste modelo, não se tem o
formulário pronto, mas sim, uma planilha em branco onde devem ser preenchidas
informações sobre tarefas, perigos e riscos, causas e consequências, e as
medidas de controle sugeridas.
Benefícios
do modelo Planilhas:
- Permite Análise Tarefa por
Tarefa, o que garante maior clareza dos perigos, riscos e medidas de controle
em cada etapa da atividade;
- Informações descritas de
forma mais clara;
- Maior facilidade para
divulgação das informações;
Malefícios do modelo
Planilhas:
- Mais fácil esquecer algum
perigo e riscos, bem como, a correspondente medida de controle mais adequada;
- Nem todos os funcionários têm
familiaridade com leitura de planilhas ou tabelas;
Como pode ser verificado,
ambos modelos possuem pontos positivos e negativos. Cabe a você, prevencionistas,
analisar qual o modelo mais adequado para sua necessidade e mais eficaz para
seu sistema de gestão de segurança e saúde do trabalho.
A quem compete a elaboração de
uma Análise Preliminar de Riscos (APR)
Este é um questionamento muito
comum dentro das empresas. Para respondê-lo de forma mais efetiva, é importante
diferenciarmos duas abordagens: APR como um “ Valor” dentro da empresa, e
APR como documento.
APR
como Valor:
Se pensarmos na Análise
Preliminar de Riscos como um “Valor” a ser seguido dentro da empresa, a
resposta ao questionamento inicial é que cabe a TODOS elaborarem uma
Análise Preliminar de Riscos antes de suas atividades.
Seja ela a mais simples
atividade administrativa, como por exemplo, tomar café ou transitar com copo de
água cheio na mão, à mais complexa das atividades, como por exemplo, soldagem
de tanques de combustíveis.
Nas empresas cuja Análise
Preliminar de Riscos é um Valor, o próprio trabalhador, antes de realizar
sua tarefa, vai identificar o risco (derramar água, escorregar e cair), avaliá-lo
quanto à gravidade (queda de mesmo nível com possível torção ou fratura de
membros) e estabelecer suas medidas de controle (beber a água sem
caminhar, ou, caminhar lentamente evitando locais com obstáculos, ou não encher
o copo por completo), sem a necessidade de se criar um documento formal,
definindo a forma de execução segura daquela atividade.
APR
como documento
Por outro lado, se pensarmos
na Análise Preliminar de Riscos como um documento legal, orientador das
medidas de segurança necessárias para execução de uma determinada atividade,
inclusive como norteador para elaboração de Procedimentos Operacionais
Padrão, a resposta ao questionamento acima é: EQUIPE MULTIDISCIPLINAR.
Esta equipe deve ser formada por profissionais de segurança do trabalho,
funcionários de “chão de fábrica”, supervisores e demais profissionais com
conhecimento da atividade a ser realizada. Quanto maior o conhecimento da
atividade a ser executada, melhor será a APR criada.
Desta forma, nós do Ambiente SST
recomendamos que os profissionais de segurança do trabalho busquem criar
uma cultura de segurança dentro de suas empresas, tal que a elaboração da
APR seja um valor seguido por todos os funcionários, de tal forma que,
naturalmente, façam suas gestões de riscos, e que os documentos formais de APR’s
sejam desenvolvidas naquelas atividades de maior criticidade ou que seja
exigência legal prevista nas Normas Regulamentadoras.
Qual
o papel do supervisor de equipe na APR?
Um dos agentes mais
importantes na prevenção de acidentes de trabalho é o supervisor de
equipes. Ele deve ser o exemplo a ser seguido nos aspectos de prevenção
contra acidentes de trabalho, além de estimular a prática segura de
atividades.
Para que este papel seja
cumprido de forma eficaz, é necessário que ele conheça os riscos das
atividades. Desta forma, elencamos alguns papéis importantes para o supervisor
de equipe. São eles:
- Participar da elaboração das
APR’s;
- Conhecer as APR’s aplicáveis
às atividades;
- Divulgar as APR’s para sua
equipe;
- Certificar que as medidas de
controle estão sendo cumpridas antes deliberar a realização das atividades;
- Cumprindo os itens acima, o
supervisor estará atuando de forma preventiva, garantindo a saúde e segurança
de toda sua equipe.
Como
divulgar a APR?
De nada adianta você
desenvolver um APR supercompleta e eficaz e deixá-la guardada na gaveta. Para
que sua APR possa surtir os efeitos que a ela compete e que foi discriminado lá
no tópico 2 deste artigo (Qual a importância de uma APR?), é necessário
divulgá-la o máximo possível. Para isso, existem alguns instrumentos que você
pode utilizar, tais como:
- Treinamentos específicos;
- Distribuição de APR impressa
nas frentes de trabalho;
Elaboração
de cartilhas e folhetos
Contudo, é fundamental você
ter em mente que mais importante que o fato de distribuir a APR é os funcionários
conhecerem o seu conteúdo, e conseguirem aplicar aquelas medidas de controle
durante suas atividades. Desta forma, passar as informações de forma
acessível, em linguagem apropriada para a quem se dirige a informação, é
fundamental para o sucesso da divulgação da APR.
Quais
as principais dificuldades na elaboração de uma APR eficaz?
Apesar de a APR ser uma
ferramenta muito importante nos aspectos de prevenção de acidentes, sua
elaboração eficaz possui alguns fatores limitantes que podem
dificultar o processo. São eles:
- Capacidade limitada de
implementar medidas de controle, seja por indisponibilidade financeira,
limitação tecnológica ou falta de conhecimento;
- Dificuldade de reunir uma
equipe multidisciplinar;
- Urgência para conclusão da
atividade;
- Dificuldade de disseminação do
conteúdo da APR;
- Falta de conhecimento sobre os
processos, perigos e riscos do objeto analisado.
MODELOS DE APR's