COMO
USAR A CRIATIVIDADE NA SEGURANÇA DO TRABALHO
Muita gente pensa que
criatividade é uma habilidade específica de profissionais que trabalham com
criação (designers, publicitários, arquitetos, etc.). O prefixo “cria” gera
muita expectativa em cima da palavra. O professor de criatividade e palestrante
Murilo Gun, inclusive, utiliza outro termo: combinatividade.
A tese dele é simples. Criatividade
nada mais é do que usarmos nosso conhecimento adquirido ao longo da nossa vida,
fazendo combinações entre coisas que já vimos e usá-las na resolução de
problemas. Partindo deste princípio, Murilo ressalta a importância de
vivenciarmos coisas novas e diferentes, sempre.
Optar por caminhos diferentes
ao sair de casa. Ir pelo mesmo caminho sempre não te deixa ver coisas
diferentes, uma loja diferente, um outdoor diferente. Ir pelo mesmo caminho não
traz vivência diferente e não haverá novidade de experiência para combinar com
as que você já possui.
Ler algo que não seja
tecnicamente tão interessante, para conhecer pontos de vistas sobre assuntos
que não são do seu cotidiano, pode trazer inputs que em algum momento serão
combinados com algo que já existe no seu repertório de ideias.
O que você pode estar se
perguntando é: “Como usar a criatividade na Segurança do Trabalho? ”
Na área de SST muitas
vezes (quase sempre) precisamos resolver problemas com poucos (ou nenhum)
recursos, então, a criatividade na Segurança do Trabalho pode fazer a
diferença. Ah, só abrindo um parêntese rápido: um problema não necessariamente
é algo ruim, beleza? Um problema é qualquer situação que necessite de uma
solução.
Muitas vezes comprar um
presente pra esposa pode ser um problema (aqui em casa preciso de uma
consultoria da NASA pra isso. Não importa o que eu dê, ela sempre vai trocar).
Planejar uma viagem pode ser um problema…
Enfim, problema pode ser
qualquer coisa que precisa ser resolvida.
Solução
padrão X Solução criativa
Aí entra a importância da
criatividade no ambiente de trabalho, no nosso caso, criatividade na Segurança
do Trabalho: é melhor resolver um problema da forma padrão, fazendo igual a
todo mundo e usando uma solução enlatada? Ou fazer algo diferenciado que possa
trazer outras vantagens e mais visibilidade para você e para a empresa?
Claro que não estamos falando
em descobrir a pólvora novamente. Na área de SST, muitas soluções são aquelas
que já foram testadas e validadas, até porque nos baseamos nas normas. Mas,
tenho certeza que a criatividade em Segurança do Trabalho é fundamental quando
somos exigidos a determinadas tarefas, certo?
Quantas vezes não temos que
“dar um jeito” quando nos deparamos com situações de risco? Muitas empresas (a
grande maioria) não enxergam a segurança do trabalhador como fator diretamente
ligado à qualidade da produção (e consequentemente à qualidade do
produto/serviço oferecido, consequentemente às vendas e ao lucro da empresa).
Então, precisamos resolver
problemas com poucos recursos por meio da nossa “combinatividade” de experiências.
Pegamos coisas que já vivenciamos e adequamos à realidade daquele momento, a
fim de resolver aquela situação.
Mais
inputs = mais ideias = mais criatividade
A diversidade dos chamados
“inputs” (recebimento de informações de fontes externas) acontece quando nos
deparamos com situações diferentes das que experimentamos no cotidiano. Quanto
mais inputs, maiores as possibilidades de combinações na hora de pensarmos em
uma solução para um problema.
Quer um exemplo? Se você só
compra uma marca de chocolate para o seu filho, a referência de chocolate que
ele vai ter é APENAS uma. Quando alguém perguntar se ele quer chocolate ele vai
aceitar pensando no chocolate que você sempre dá, até que um dia ele conheça os
outros (novas marcas = novos inputs). Faz sentido?
Uma vez durante uma palestra
abordei este assunto e começamos a conversar sobre soluções diferentes e
criativas dentro da área de SST.
Perguntei se alguém tinha uma
experiência para compartilhar e um técnico em segurança que estava presente na
plateia comentou que teve uma ideia para enclausuramento de um equipamento após
ver um anúncio sobre casinhas de cachorro numa revista de pets.
Ele aplicou aquele novo input
ao conhecimento que já tinha com a necessidade da empresa dele (combinou as
informações). Levou a ideia ao engenheiro de produção e juntos levaram a ideia
à diretoria da fábrica.
Resumindo, ele conseguiu
resolver um problema por meio de uma ideia que veio de uma revista de animais
que ele estava lendo. Só mais um detalhe: segundo ele, a solução acabou
custando um quinto do valor orçado inicialmente pela empresa.
Será que esse camarada ficou
com moral na empresa? Nem é preciso responder…Finalizando…
Muitas vezes a gente acha que
vai perder tempo lendo determinado conteúdo ou fazendo algo que não faz parte
da nossa rotina, mas é justamente aí que está o pulo do gato.
A leitura técnica sobre
Segurança do Trabalho é OBRIGAÇÃO nossa, o conhecimento técnico deve ser
padrão, isso é ponto pacífico.
O que pode vir a criar um
diferencial é justamente o conhecimento secundário, outras vivências,
aprendizagens que não têm a ver diretamente com minha área de atuação, pois
desta forma eu terei outros inputs para combinar com aquilo que é minha
obrigação saber, como este exemplo que citei acima.
Quantos técnicos em Segurança
do Trabalho costumam ler revistas de animais? Obviamente que não estou falando
pra todo mundo passar a ler revistas de animais, mas especificamente para
aquele TST isso criou um diferencial.
Portanto, ALÉM do estudo
técnico, é importante buscarmos informações consideradas “irrelevantes”, pois
tenha certeza que mais cedo ou mais tarde ela vai passar a ser relevante na
hora de combinar as ideias e resolver um problema.
Isso
é buscar criatividade na Segurança do Trabalho!
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