AUDITORIA
DE SST:
O TÉCNICO DE SEGURANÇA COMO UM AUDITOR INTERNO
Auditoria é uma avaliação
criteriosa de atividades desempenhadas numa empresa ou em um de seus setores.
Ela tem como objetivo verificar se estas atividades estão em conformidade
com seu planejamento estabelecido previamente e se sua implementação foi eficaz
e adequada, atendendo às normas a que estão sujeitas.
Existem diversos tipos de
auditoria nas mais diversas áreas: auditoria contábil, para verificar as contas
de uma empresa. Auditoria jurídica, para orientar uma empresa no campo jurídico
e evitar erros, custos adicionais e prejuízos. Auditoria de qualidade, baseada
na ISO 9001, para verificar desde o processo produtivo de uma empresa até seu
relacionamento com clientes. Auditoria ambiental, baseada na ISO 14001, para
verificar os impactos (positivos e/ou negativos) que uma empresa causa ao meio
ambiente através de sua atuação…
Na área de Saúde e
Segurança do Trabalho (SST) não é diferente. As auditorias normalmente são
baseadas na ISO 45001 ou na OHSAS 18001 (norma britânica que deu origem à ISO)
e são feitas verificações que analisam criteriosamente as adequações de uma
empresa à referida norma.
Usamos o termo “normalmente”
porque uma auditoria interna pode levar em consideração apenas as normas as
quais determinada empresa precisa atender, não sendo necessariamente uma norma
ISO, e, sim, suas normas internas que permeiam suas próprias atividades e
possibilitam sua adequação às atividades desenvolvidas.
Tipos
de auditoria
Antes de mais nada, é
imprescindível sabermos que existe uma norma ISO que determina as diretrizes
para as auditorias de sistemas de gestão, a ISO 19011. As diretrizes
determinadas vão definir como devem ser realizados os processos de auditoria, a
postura dos auditores e as qualificações exigidas. Agora, vamos conhecer os
tipos de auditoria:
Auditoria interna (também
chamada de auditoria de primeira parte): é realizada pela empresa dentro da
própria empresa para auditar seu próprio sistema, seus processos e
procedimentos, assegurando que seus parâmetros de gestão predefinidos estejam
sendo seguidos à risca, atingindo os resultados esperados e previamente
objetivados.
Auditoria no fornecedor
(também chamada de auditoria de segunda parte): realizada pela empresa ou
representante dentro de uma terceirizada, esta auditoria tem o objetivo de
avaliar a conformidade e os requisitos legais ou contratuais, se estão sendo
cumpridos de acordo com os requisitos da contratante.
Um bom exemplo para
entendimento é a atuação da Petrobrás dentro de suas terceirizadas. A Petrobrás
envia seus auditores para dentro das terceirizadas, para que elas sejam
auditadas e haja uma verificação criteriosa dos requisitos que a Petrobrás
exige. Desta forma, nossa gigante nacional controla as atividades de suas
parceiras terceirizadas, mantendo o padrão dos serviços prestados por todas
elas.
Auditoria externa (também
chamada de auditoria de terceira parte): para fins de certificação. Esta
auditoria é realizada por um auditor líder independente (no Brasil, é designado
pelo órgão certificador credenciado pelo INMETRO) para fins de certificação do
sistema de gestão desejado pela empresa.
Seu objetivo é verificar se o
sistema de gestão a ser adotado e certificado está estabelecido, documentado,
implementado e mantido de acordo com uma norma específica.
A auditoria externa é a última
fase do processo de certificação. Por exemplo, uma empresa que busca
certificação da norma ISO 9001 deve implementar o sistema de gestão e quando
tiver com todo o sistema funcionando, solicita a auditoria externa. O auditor
faz toda verificação e analisa as conformidades de acordo com a norma
requerida. A empresa estando em conformidade com as exigências da norma passa a
ter a certificação (neste caso, ISO 9001).
Agora que conhecemos os tipos
de auditoria, vamos mais à fundo na auditoria interna (auditoria de primeira
parte), sua importância e onde entra o técnico em segurança do trabalho nessa
história.
Importância
da auditoria interna
Ponto pacífico nas normas do
sistema de gestão integrada é a liderança e o comprometimento da alta direção
com relação ao sistema de gestão a ser adotado. Portanto, a alta direção da
empresa deve SEMPRE se comprometer com as medidas propostas e demonstrar,
hierarquicamente, a importância de seu cumprimento. A ISO 45001 não é diferente
e seu item 5.1 traz as responsabilidades da alta direção com relação à
liderança e comprometimento na implantação da norma.
Sempre que uma determinação
parte do alto escalão de uma empresa, sua adoção se torna mais “obrigatória” do
ponto de vista dos colaboradores, pois com a alta direção dando as coordenadas,
as medidas devem ser automaticamente seguidas e cumpridas, facilitando a
implantação de todo o sistema.
Para a realização da auditoria
é necessário que o auditor seja devidamente treinado na ISO 19011 e no sistema
de gestão ao qual será auditado (agora vamos tratar especificamente da ISO
45001:2018 – Sistemas de gestão de saúde e segurança ocupacional).
Através da auditoria interna é
possível obter informações para melhoria contínua, seja através da
identificação de não conformidades e/ou observações de oportunidades de
melhorias.
Geralmente as auditorias
internas são uma espécie de preparação para a auditoria de certificação, porém,
não é via de regra e elas devem ser vistas como uma oportunidade da empresa
melhorar seus processos.
Mesmo nas empresas em que não
há certificação, pode-se utilizar os procedimentos da norma para manter o ciclo
de melhoria contínua e é aí que entra a atuação dos técnicos em segurança do
trabalho.
Atuação
do TST na auditoria interna
Seguir os procedimentos
sugeridos na ISO 45001 (mesmo sem possuir a certificação) é uma excelente
oportunidade de manter um sistema de gestão afiado contra ocorrências negativas
relacionadas à SST. Sua aplicação, juntamente com o conhecimento do TST nas normas
regulamentadoras, podem ser ferramentas à prova de balas (e à prova de
acidentes do trabalho dentro da empresa que levar os requisitos a sério).
Havendo respaldo da alta
direção, o TST deve implementar os requisitos legais para atender a ISO 45001.
É imprescindível informar que
existem diversos cursos de auditor interno da ISO 45001, porém, não é uma
exigência para atuação.
Ao auditor é exigido que
realize sua atividade somente se for competente para isso.
Portanto, o auditor precisa,
mais do que um curso, conhecer muito bem as normas aos quais utilizará como
base para que possa identificar as conformidades e possíveis não conformidades,
afinal, não tem como fazer isso se não souber quais são estas possibilidades.
Como
realizar uma auditoria interna
Para execução de uma auditoria
interna existem algumas etapas que devem ser seguidas, faremos esta abordagem
de forma bem simplificada:
Preparação: nesta etapa
são analisados os documentos referentes ao sistema de gestão. É desenvolvido o
programa de avaliação e detalhado o planejamento. As partes interessadas são
comunicadas sobre a auditoria (data e escopo);
Reunião de abertura: reunião
em que o auditor explica como vai ocorrer a auditoria e quais são seus
objetivos;
Auditoria: avaliações NO
LOCAL (presencialmente), conversas e entrevistas com colaboradores e coleta de
evidências;
Reunião de encerramento: apresentação
dos primeiros resultados da auditoria;
Elaboração do relatório da
auditoria interna: documento mais completo referente à auditoria, contendo
acompanhamento das ações corretivas e manutenção das avaliações.
Os itens a serem auditados
basicamente são todos os que se referem a Segurança do Trabalho e qualidade de
vida dos colaboradores.
Documentos e procedimentos,
desde evidências de existência de um DDS até programas de gestão de riscos
ocupacionais, passando pelo cruzamento de informações contidas nos documentos
com o dia a dia observado pelo auditor (conferir se o que consta nos documentos
é de fato o que acontece na rotina de trabalho, realmente).
O técnico em segurança do
trabalho, responsável pela auditoria interna, pode sugerir sua periodicidade,
que vai depender do tipo de atividade realizada pela empresa. A grande sacada
aqui é manter as rotinas de SST em dia, funcionando de forma automatizada e
sendo melhoradas continuamente, independente de certificação, ISO ou qualquer
norma.
A grande vitória será a
adequação do fator comportamental, para que as boas práticas sejam difundidas e
o comportamento seguro seja implementado em todas as camadas da organização,
oferecendo um ambiente muito mais seguro e saudável para seus colaboradores.
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