USO
DO AMIANTO: STF DEVE VOLTAR A JULGAR PROIBIÇÃO NO BRASIL
Uso do amianto no Brasil é um
assunto polêmico: são conflitos de interesses políticos, econômicos, ambientais
e de saúde.
Antes de falarmos sobre estes
prós e contras que geram esta discussão, precisamos voltar ao ano de 2017,
quando o Supremo Tribunal Federal (STF) proibiu a produção e a
comercialização e o uso do amianto no país.
Ou
seja: desde 2017, o uso do amianto é proibido no Brasil.
Porém, agora, em fevereiro de
2020, uma empresa de Goiás “afrontou” o STF.
A empresa Eternit, que
controla a mineradora SAMA, anunciou que vai retornar o processo de mineração
do amianto no estado goiano.
Mas
qual o problema do uso do amianto?
Além do retorno do uso do
amianto por parte da empresa mineradora ser ilegal, já que vai de encontro a
uma decisão da mais alta instância do Poder Judiciário brasileiro, ela
também contraria uma recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS).
A OMS aponta que a inalação do
pó gerado pelo uso do amianto causa diversos problemas à saúde, inclusive o
câncer.
Isso ocorre porque a
respiração da poeira de suas fibras causa a inflamação das células dos alvéolos,
evoluindo para uma série de doenças incuráveis e progressivas.
Uma das doenças que a
respiração das minúsculas fibras de amianto pode levar é a asbestose,
também conhecida como pulmão de pedra, porque causa o endurecimento do pulmão.
Os cânceres causados pelo uso
do amianto são, sobretudo, no trato gastrointestinal com o desenvolvimento do
mesotelioma, um tumor raro, agressivo e maligno que acomete os tecidos que
revestem o tórax e o abdômen.
Um fator agravante é que os
sintomas dessas doenças podem levar até 20 anos para aparecerem.
E
quem sofre com isso? Os trabalhadores!
As fibras do amianto podem ser
inaladas em grande quantidade no processo de extração ou na degradação natural
dos produtos de fibrocimento.
Mas não são somente aqueles
que trabalham na mineração que podem sofrer as consequências. Quem tem telha ou
caixa d’água de amianto em casa também pode ser vítima dos malefícios.
Quando, por exemplo, o
material é partido ou ocorrem rachaduras e a abrasão das paredes do
reservatório podem infectar a água.
Os trabalhadores da
construção, que trocam telhados de amianto, também estão expostos a este agente
nocivo.
Por
que a empresa goiana liberou a mineração?
Em Goiás há uma lei estadual
que permite o uso do amianto quando produzido para exportação.
Ela foi sancionada pelo
governador Ronaldo Caiado (DEM).
Porém, a lei promulgada em
2019 já sofre uma ação direta de inconstitucionalidade no próprio STF.
Diante
disso, quais os prós do uso do amianto?
Como nós dissemos no início
deste texto, as opiniões sobre o uso do amianto vão muito além das questões de
saúde.
Os empresários, de forma
especial aqueles do ramo da mineração, destacam que a proibição do uso do
amianto traz grande prejuízo econômico, com mais desemprego, sobretudo na
região de Minaçu, estado goiano, onde se encontrava a maior mina de amianto do
Brasil.
Outra questão bastante
discutida é em relação ao preço dos produtos.
O amianto é um material barato
e outros materiais que seriam usados em seu lugar, como alternativas possíveis,
não seriam viáveis para concorrência de mercado, pois eles seriam mais caros.
Além do preço, eles seriam
menos duráveis.
Aqueles que são favoráveis ao
uso do amianto ressaltam que os produtos representam barateamento da construção
civil, principalmente para as famílias de baixa renda.
Em
relação aos trabalhadores, os defensores garantem que:
- O limite de tolerância para fibras respiráveis em 2 fibras/cm3 (as fábricas garantem que são feitos monitoramentos regulares que as permitem operar em limites menores do que esse);
- A cada seis meses é realizada uma avaliação ambiental e a divulgação dos resultados para conhecimento dos funcionários;
- Os trabalhadores usam Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), bem como roupa de trabalho que é trocada duas vezes por semana e lavada sob responsabilidade da empresa;
- Os trabalhadores possuem vestiários duplos, de modo que se possa separar as roupas de trabalho das roupas comuns;
Os trabalhadores passam por
exames médicos e avaliação clínica na admissão, periodicamente e após a
demissão por até 30 anos, em periodicidade determinada pelo tempo de exposição:
anual, para os que se expuseram mais de 20 anos; a cada dois anos, entre 12 e
20 anos; a cada três anos, abaixo de 12 anos.
E
agora…
O assunto deve entrar na pauta
do STF muito em breve. Se repetir o que foi avalizado com o julgamento de 2017,
o uso do amianto deve continuar proibido no Brasil.
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