6
AÇÕES QUE REDUZEM A PERDA AUDITIVA
No Brasil, 5% da população apresenta alguma
deficiência auditiva ou perda auditiva. Ou seja, mais de 10 milhões de cidadãos
apresentam a deficiência e 2,7 milhões têm surdez profunda, ou seja, não
escutam nada, conforme o IBGE. A perda auditiva pode ser associada a diferentes
fatores, entre os quais está o envelhecimento da população e o ruído elevado
nos ambientes de trabalho.
A perda auditiva varia de leve a severa e são
trabalhadores enquadrados no grupo com deficiência auditiva. É uma pessoa que
se comunica frequentemente pela linguagem oral e faz uso de aparelhos auditivos
ou implantes cocleares – dispositivos eletrônicos parcialmente implantados
capazes de transformar sons em estímulos elétricos enviados diretamente ao
nervo auditivo.
O ruído é considerado o agente físico nocivo mais
comum encontrado nos ambientes de trabalho das nossas indústrias e que provoca
a perda auditiva do trabalhador, lesão que consiste na Perda Auditiva Induzida
por Ruído (PAIR).
Entre os anos de 2007 e 2022, foram notificados 9.244
casos de PAIR no Brasil. Em 2022, o estado de São Paulo foi o que mais
registrou notificações no país (n=89), seguido por Minas Gerais (n=77) e a
Bahia (n=45). A elevada exposição do colaborador ao ruído está provocando um
agravo à própria saúde. A essa exposição também podemos somar maus hábitos
como, por exemplo, ouvir música alta em fones de ouvido, carros, trio
elétricos, shows, infecção no ouvido, entre outros.
A perda auditiva dos colaboradores ocasionada no
ambiente ocupacional está relacionada principalmente pela exposição de altos
níveis de ruído. Mas não é o único agente causador da doença ocupacional.
Vibrações de britadeiras, o calor das caldeiras e
vários produtos químicos tóxicos como solventes orgânicos, metais pesados e
combustíveis também podem afetar a audição. Quando esses fatores estão
associados, o risco de perda auditiva se torna ainda maior.
Considera-se Perda Auditiva Ocupacional (PAO),
propriamente dita, o dano ao aparelho auditivo de um ou dos dois ouvidos
lesionados decorrentes de fatores relacionados ao ambiente de trabalho,
dependendo da frequência de exposição, intensidade, dose do produto químico e
tempo que o colaborador fica exposto.
Operadores de máquinas, mineradores, metalúrgicos,
siderúrgicos e pedreiros são alguns exemplos de profissionais que ficam
expostos a risco de perda auditiva. Além disso, a literatura associa que a
exposição ocupacional ao ruído é um agente causador de acidentes de trabalho.
Quais
são os Limites de Tolerância do Ruído?
O colaborador que é exposto a ruídos deve fazer
obrigatoriamente exame de audiometria no admissional, periodicamente a cada
seis meses e no demissional.
Além
disso, nos casos que ultrapassam os limites de tolerância auditiva devem ser
aplicadas medidas preventivas como:
· Uso
e Controle de EPI.
· Redução
da fonte de ruído.
· Diminuição
do tempo ou do nível de exposição.
· Exames
auditivos.
· Treinamento
dos colaboradores.
· Monitoramento
dos níveis de ruído.
A Norma Regulamentadora – NR 15 destaca que o limite
de tolerância é de 85 dB e se refere ao ruído contínuo, cuja jornada de
trabalho é de até 8 horas. Para ocupações que excedem este limite, o turno de
trabalho deve ser reduzido pela metade conforme o aumento de cada 5 dB –
utilizando como parâmetro o limite de 85 dB.
Ou seja, ambiente cuja medição é de 90 dB, a jornada
de trabalho deve ser de apenas 4 horas (240 minutos). Isso apenas reduz a
quantidade de horas trabalhadas, não excluindo o uso de EPI, que continua
obrigatório, principalmente porque aumenta-se o risco de exposição.
Locais onde é preciso gritar para ser ouvido
demonstram que a intensidade do som está afetando o desempenho do trabalho e
também devem ser adotadas medidas de proteção. Outro sinal que requer atenção é
quando o colaborador sente os ouvidos zumbirem após o expediente.
Vale ressaltar que sons que ultrapassam o limite de
tolerância interferem também na saúde mental, aumentam a tensão psicológica,
afetam a concentração do colaborador, provocam irritação e fadiga.
Impactos
do Ruído no Ambiente de Trabalho
Além de afetar o aparelho auditivo e até a
produtividade dos profissionais, o ruído pode atuar como um agente causador
indireto de acidentes de trabalho.
Barulho excessivo prejudica a comunicação, podendo
acarretar distrações e comprometer o entendimento referente a orientações de
trabalho. Prejudica também a escuta dos sinais de alarme em casos de
emergência.
Caso haja alteração do histórico de saúde do
colaborador, onde os exames comprovam a perda auditiva como causa de doença do
trabalho, a empresa é responsável por indenizar esse funcionário.
Além disso, os prejuízos para a empresa podem
aumentar. A comunicação de CAT vai interferir negativamente no Cálculo do FAP (Fator
Acidentário de Prevenção) e, consequentemente, aumentar a alíquota do imposto
RAT (Risco de Acidente de Trabalho).
Perda
Auditiva Induzida por Ruído (PAIR) e outras Doenças Auditivas
A PAIR é uma lesão caracterizada pela diminuição
gradual da acuidade auditiva, decorrente da exposição continuada ao ruído,
associado ou não a substâncias químicas, no ambiente de trabalho. É sempre
neurossensorial, geralmente bilateral, irreversível e passível de não progressão,
uma vez cessada a exposição ao ruído.
A PAIR é associada ao zumbido ou “a uma ilusão
auditiva que não está relacionada com uma fonte externa de estimulação”,
conforme citado nos trabalhos científicos de especialistas. É identificada por
meio de um conjunto de procedimentos como anamnese clínica e ocupacional,
avaliação audiológica e outros testes complementares, quando necessário.
Dentre
os sinais e sintomas que caracterizam a PAIR, podemos citar:
· Percepção
de diminuição da capacidade auditiva.
· Zumbido.
· Dificuldade
do entendimento da fala.
· Intolerância
a sons mais elevados.
· Dificuldades
em localizar a fonte de som.
· Dificuldade
de atenção e concentração durante realização de tarefas.
· Dor
de cabeça.
· Tontura.
· Isolamento.
· Alterações
do sono.
· Ansiedade
e irritabilidade
6
Ações para Reduzir a Perda Auditiva
As medidas preventivas destacadas na NR 15 colaboram e
são básicas para a proteção auditiva dos colaboradores. Outras ações que podemos realizar em um ambiente de trabalho com o
objetivo de prevenir a perda auditiva são:
· Instalar
ferramentas, máquinas e equipamentos com os menores níveis de ruído possíveis;
· Assegurar
a efetiva implantação do Planos de Manutenção de máquinas e equipamentos;
· Instalar
barreiras acústicas (no teto, nas paredes) ou cortinas abafadoras entre as
fontes de ruído e os funcionários do ambiente de trabalho;
· Divulgar
orientações sobre quanto tempo um trabalhador pode ficar exposto a uma fonte de
ruído. É necessário elaborar campanhas específicas para adesão ao uso de EPI
pelas empresas, em paralelo às medidas protetivas coletivas, essenciais na
perspectiva da Saúde do Trabalhador, em especial, com as trabalhadoras;
· Operar
máquinas com um excessivo ruído durante os períodos que tiver o menor número de
colaboradores expostos;
· Projetar
um ambiente silencioso onde os colaboradores possam permanecer e descansar
antes de retornar à ocupação onde ficam expostos ao ruído ocupacional. Vale
ressaltar que a disposição dos postos de trabalho onde há fontes de ruído devem
ser planejados de modo a ficarem afastados de ocupações que exigem atividades
mentais.
Pesquisas realizadas também indicam que é fundamental
investir em programas de conservação auditiva que controlem a emissão de ruídos
na fonte, isto é, nas máquinas, equipamentos, ferramentas, ambientes de
trabalho, etc. São ações preventivas que permitirão reduzir as perdas auditivas
do trabalhador geradas pela exposição ao ruído.
Gostou do conteúdo? Conte para gente nos comentários e
não deixe de compartilhar nas redes sociais.
Siga o Blog e Deixe seu comentário e compartilhe este
artigo em suas redes sociais para que mais pessoas se informem sobre
o tema.
Nenhum comentário:
Postar um comentário