VERBA PARA
FISCALIZAÇÕES TRABALHISTAS CAI PELA METADE NO GOVERNO BOLSONARO
Os
recursos para fiscalizações trabalhistas e operações de combate ao trabalho
escravo caíram quase que pela metade no governo Jair Bolsonaro (sem partido) na
comparação com a média de anos anteriores.
De
2013 a 2018, a verba para essas ações foi, em média, de R$ 55,6 milhões por
ano. A partir de 2019, essa média recuou para R$ 29,3 milhões.
O
valor destinado para supervisão das condições trabalhistas foi corrigido pela
inflação no período e considera o montante proposto pelo Executivo no projeto
de Orçamento de cada ano, inclusive para 2021.
De
um total de R$ 1,5 trilhão de despesas previstas para o próximo ano, foram
reservados R$ 24,1 milhões para operações de inspeção de segurança e saúde no
trabalho, combate ao trabalho escravo e verificações de obrigações
trabalhistas.
Essa
é a menor verba para fiscalizações trabalhistas, de acordo com a série
histórica do Siop (Sistema de Planejamento e Orçamento) do Ministério da
Economia, iniciada em 2013. Os recursos já chegaram a somar R$ 67,7 milhões em
2015.
O
enxugamento vem na esteira de uma série de medidas adotadas pelo governo para
flexibilizar a legislação trabalhista, vista, pela equipe econômica, como
engessada.
Desde
a reforma trabalhista, aprovada pelo Congresso em 2017, a demanda por fiscalizações
aumentou, de acordo com o Sinait (Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do
Trabalho).
“Mas,
com a redução no orçamento, não tem como fazer milagre. Haverá queda nas
fiscalizações”, afirmou o presidente do Sinait, Carlos Silva.
Segundo
ele, como a reforma de 2017 deu mais poder às negociações trabalhistas entre
empregadores e sindicatos, cada convenção coletiva passou a ter regras
específicas (que podem ser diferentes do previsto em lei), o que exige um
aumento das ações de verificação de cumprimento das normas.
Procurado,
o Ministério da Economia afirmou que a Subsecretaria de Inspeção do Trabalho
planeja usar novas tecnologias, como ferramentas de inteligência artificial,
para que não haja redução e sim incremento do número de fiscalizações.
O
procurador do Trabalho Márcio Amazonas vê com preocupação a redução do
orçamento principalmente pelo impacto em atuações importantes, como na
erradicação do trabalho infantil e do análogo à escravidão.
“Vamos
ver as fiscalizações diminuindo em termos quantitativos e qualitativos”, disse.
“Agora,
como reduziu ainda mais em 2021, a não ser que haja uma reengenharia ou
alocação de recursos, a tendência é que haja menos fiscalização.”
Secretário-geral
da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, afirmou que a central vai
tentar reverter a queda da ação no Orçamento de 2021.
“Vamos
ao Congresso para discussão, e o movimento sindical vai se articular com os
diversos representantes, com os partidos, para que isso não seja diminuído,
principalmente nesse momento de pandemia, em que as condições de trabalho
pioraram”, disse.
Juruna
também criticou a política trabalhista de Bolsonaro. “Ao cortar do orçamento,
demonstra o quanto o governo está preocupado com as condições de trabalho na
sociedade brasileira: nada.”
Desde
o ano passado, a equipe econômica realizou tentativas frustradas de
flexibilizar a legislação trabalhista do país.
A
mais criticada foi a proposta que buscava reduzir os custos dos empregadores e,
com isso, viabilizar uma redução do desemprego e da informalidade.
O
programa foi chamado de Carteira Verde e Amarela e chegou a vigorar de janeiro
a abril, mas, como o Congresso não aprovou a MP (medida provisória), as
alterações perderam validade.
Empresas
que contrataram jovens tiveram desconto na Contribuição Previdenciária
patronal, reduzida de 20% para zero.
Alíquotas
do Sistema S, do salário-educação e do Incra também foram zeradas. O repasse ao
FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) caiu de 8% para 2%.
Na
estimativa do governo, o novo contrato de trabalho reduzia de 30% a 34% o custo
da mão de obra. A nova modalidade só valeu para contratações de pessoas com
remuneração de até 1,5 salário mínimo (R$ 1.567,50).
Sem
consenso com o Congresso, o programa da Carteira Verde e Amarela perdeu
validade em 20 de abril. A proposta chegou a passar pela Câmara, com
modificações, mas não avançou no Senado.
Outra
tentativa de afrouxar as regras trabalhistas foi por meio da MP da Liberdade
Econômica.
Em
articulação com o Congresso, o Ministério da Economia conseguiu incluir no
texto uma série de mudanças na CLT, mas algumas foram derrubadas durante a
análise do Legislativo. Um exemplo tratava da liberação do trabalho aos fins de
semana.
A
regra aprovada pela Câmara previa que o repouso semanal remunerado deveria ser
em um domingo ao menos uma vez em quatro semanas e que a remuneração seria em
dobro, exceto se a empresa determinasse outro dia de folga compensatória.
A
decisão do Senado foi uma derrota ao governo, que defendia a medida como uma
forma de incentivar a criação de vagas de emprego e estimular a economia.
Apesar do revés, a ideia não foi descartada pela equipe econômica.
Fonte
http://nrfacil.com.br/index.php/revista-2/item/1889-verba-para-fiscalizacoes-trabalhistas-cai-pela-metade-no-governo-bolsonaro
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