PGR:
UMA VELHA FORMA DE FAZER – UM JEITO NOVO DE PENSAR
O saber pode ser muitas coisas o entender como aplicar
o saber outras tantas mais o compreender para que serve alguma coisa é, sem
dúvida, uma das partes essenciais do saber.
No Brasil a questão do saber quase sempre é um grande
problema que, via de regras, causa grandes danos tentando fazer a coisa certa.
Há uma distância imensa entre o que se sabe e aquilo que precisa ser utilizado
e, por conta disso, nos perdemos em meio a teorias, tentativas e seus altos
custos. Há muitos canhões sendo utilizados em espaços onde, com um pouco de
sensibilidade e realidade, um mero estilingue resolveria o problema.
Há uma necessidade urgente de desaprender. No país das
fórmulas prontas e seus inúmeros formulários, ainda não perdemos a velha e boa
mania de tentar resolver tudo como se a vida fosse um grande cartório: Temos
papel para quase tudo e, infelizmente, a maioria deles quase sempre tem pouca
serventia prática. E assim, vivemos de papel em papel, de modelo em modelo, uma
plena frustração diante das soluções que não chegam.
Não há nenhuma grande novidade no modelo de
gerenciamento de riscos. Isso é assim desde muito tempo. E onde consegue sair
do papel também, desde muito, apresenta ótimos resultados. Também faz tempo que
dentro das Normas e Diretrizes para Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho
existe um simples e tenro conteúdo esperando pessoas capazes de interpretá-los
e aplicá-los, não apenas como mais uma mera formalidade, mas como algo vivo e
contínuo, capaz de, ao longo de determinado tempo, trabalhar soluções
organizadas e consistentes. Isso, na prática, quer dizer que as rodas já foram
inventadas há muito tempo, o que ainda não tivemos ou temos são humanos capazes
de fazer com que elas efetivamente girem. Pior ainda é que, muitas vezes,
notamos em diversos locais que o tempo dedicado a gerar imensas pilhas de
papéis poderia ser o mesmo aplicado a fazer com que as mudanças existissem, mas
faltam preparos, interesse e capacidade para fazer com que seja assim.
Preencher um formulário, de fato, é muito menos desgastante do que processos de
negociação, do que preparar pessoas para que atuem de formas diferentes, entre
tantas outras questões.
É sempre muito perigoso o encontro de inteligência,
seja de que forma for; seja qual conteúdo tenha, com simples hábitos de
burocracia técnica, infértil, mas tranquila para aqueles que dela cuidam e
vivem.
O conteúdo do Programa
de Gerenciamento de Riscos é o extrato de práticas que há décadas grandes
organizações praticam. Tratar a segurança e saúde no trabalho de forma
estruturada, organizada e planejada, pode parecer algo muito simples para
aqueles que vivem, há muito tempo, dentro de outra cultura. Aqui, no Brasil,
teremos, antes de qualquer coisa, que desconstruir a nossa forma emergencial e
desesperada de tratar a questão e, isso precisa ser feito com todos os cuidados
necessários para uma transição que envolve saúde e vida das pessoas.
Experiência
de outros países
O PGR é a base para um novo começo mas não há novo que
sobreviva em meio a tantas formas velhas e solidificadas, às cabeças e formas
de agir de tantas pessoas. Muitos dos nossos empregadores estão acostumados a ideia
de uma segurança do trabalho estática e limitada à compra de papéis. Muitos de
nossos trabalhadores perderam, ao longo do tempo, dentro desse mesmo modelo, a
ideia de uma prevenção mais completa e que passasse pelo menos dois passos
adiante do modelo da proteção individual e das meias horas de treinamento. Pior
ainda é que boa parte dos nossos especialistas não têm a mínima ideia do que
fazer depois da última página desse ou daquele programa ou documento.
A
Segurança e Saúde no Trabalho brasileira estão doentes!
A ideia essencial do PGR é que todos pratiquem, pelo
menos, a identificação dos perigos dos seus negócios e atividades, avaliem seus
riscos e definam a prioridade das ações a serem tomadas, conforme os níveis de
risco ocupacional. E, desde muito, isso deveria ser assim. Dentro dessa ideia
e, seguindo experiência de outros países, essa atividade deveria ou, deve ao
longo do tempo, ser feita pelos responsáveis das organizações de tal forma a
contribuir para que exista, por parte deles, interesse, atenção e compreensão
sobre um básico gerenciamento de riscos. Para que isso ocorra, o PGR não pode e
nem deve ter o grau de sofisticação que muitos insistem em dar a ele. E nós
precisamos compreender isso em nome da ideia de que isso pode mudar muitas coisas
de forma positiva
Muita gente me diz: “mas
se for assim, nós iremos perder atividades e trabalhos”,
quando na verdade não é bem essa a realidade. O PGR, na forma em que é
apresentado, tira, ainda parcialmente, das mãos dos especialistas algumas atividades,
mas, sequencialmente, as devolve em maior quantidade, pelas demandas
necessárias em termos avaliações, laudos, programas, treinamentos, que, com
certeza, tendo mais organizações fazendo o que está proposto na NR-1, irão
existir em maior quantidade. Mais organizações identificando perigos, avaliando
riscos e os classificando, quer, na realidade, dizer mais necessidades quanto,
por exemplo, a adequação das medidas de controle.
Interessante que o PGR, na verdade, vem nos ajudar a
concretizar um anseio dos profissionais especializados, quanto a ideia de que o
problema do gerenciamento dos riscos não é nosso, mas, sim, do “dono do
negócio”. A nós cabe a atuação técnica especializada para aquilo que ele – o
dono do problema – tem necessidades para adequar seus níveis de riscos
ocupacionais.
Simplicidade
Portanto, vamos dar sentido e vida ao PGR, reformando
nossas formas antigas de ver e pensar a prevenção. Vamos crescer como área
técnica, trabalhando e atuando naquilo que de fato é nossa missão: aplicar conhecimentos
para eliminar, reduzir ou controlar.
Um bom PGR é aquele que o gestor compreende e, por si,
chega à conclusão de que algo precisa ser feito e, não aquele documento
exageradamente complexo, e cheio de citações de leis, portarias, normas etc.
Um bom PGR resume em algumas páginas – daquilo que se
denomina INVENTÁRIO – um diagnóstico
simples, que associa as atividades realizadas, os problemas que elas podem
causar às pessoas, o que já existe para evitar que isso ocorra e, deixando
espaço para que o deve e pode ser feito, para trazer aquelas situações para
condições, pelo menos, aceitáveis de, tal forma, que possam ser realizadas sem
expor a vida e saúde de pessoas.
Nós, brasileiros, temos dificuldades com coisas
simples, até porque tudo por aqui carece de caminhos e descaminhos para que se
resolva.
Nós, profissionais especializados em segurança e saúde
no trabalho, temos dificuldades em compreender que a prevenção precisa ser
dinâmica: não é o papel que salva vidas e preserva saúde! É o que está escrito
nele quando posto em prática!
Paremos
com os exageros.
Façamos
uma boa e interessada leitura da NR-1.
Tenhamos o discernimento para entender os limites e
simplicidade do PGR e façamos aquilo que é preciso, para o contexto para o qual
se aplica.
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