TRABALHO
INFANTIL
A
IMPORTÂNCIA DE PREVENIR NO AMBIENTE DE TRABALHO
O trabalho infantil compromete o desenvolvimento de
uma sociedade e o futuro de uma economia. No atual cenário econômico, os
trabalhadores e as organizações desempenham um papel fundamental na prevenção
do trabalho infantil. O diálogo social com os trabalhadores sobre o trabalho
infantil é um dos mecanismos mais efetivos para eliminar o trabalho infantil no
Brasil.
A legislação brasileira proíbe que crianças menores de
13 anos de idade exerçam qualquer tipo de atividade de trabalho, remunerado ou
não, indiferente da carga horária. Mas é bastante comum verificar situações em
diferentes regiões do Brasil nas quais crianças e adolescentes são expostos as
piores condições de trabalho e trabalhos perigosos.
Dados do Ministério Público do Trabalho (MPT), indicam
que, em 2020, o órgão recebeu 1.847 denúncias, firmou 383 Termos de Ajuste de
Conduta (TAC’s) e moveu 145 ações relacionadas ao tema da exploração do
trabalho infantil. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) reuniu
informações do Sistema Nacional de Agravos de Notificação (Sinan), do
Ministério da Saúde, entre 2007 e 2020, e cita que, ocorreram 29.785 acidentes
graves de trabalho envolvendo crianças e adolescentes, sendo que 290 foram
fatais. No mesmo período, houve 49.254 notificações de agravos à saúde
relacionados ao trabalho envolvendo pessoas com idades entre 5 e 17 anos.
Apesar de preocupantes, os números são ainda maiores, pois o Ministério da
Saúde admite que há subnotificação.
A UNICEF cita que o trabalho infantil compromete a
educação, restringindo seus direitos e limitando suas oportunidades futuras, e
leva a círculos viciosos intergeracionais de pobreza e trabalho infantil.
Cientes da importância de eliminar o trabalho infantil
e a importância de prevenir no ambiente de trabalho preparamos um post para
esclarecer que o trabalho infantil não é brincadeira e que todos devemos lutar
pela garantia dos direitos das crianças e adolescentes.
Realidade
do Trabalho Infantil no Brasil
Para a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o
trabalho infantil é causa e efeito da pobreza e da falta de oportunidades para
desenvolver as capacidades das crianças e adolescentes. Isto é, o trabalho
infantil impacta o nível de desenvolvimento social e econômico de um país e
aumenta a vulnerabilidade do trabalhador à acidentes de trabalho e ao trabalho
forçado na vida adulta.
No Brasil, em 2019, foram identificadas 1700 crianças
e adolescentes em situação irregular de trabalho pela fiscalização da
Subsecretaria de Inspeção do Trabalho (SIT). Os Estados do Pará, Bahia,
Pernambuco, Amazonas e Mato Grosso do Sul representam 52% do número total de
crianças e adolescentes alcançados em situação irregular de trabalho pelas
ações fiscais, em 2019.
Distribuição
de Crianças e Adolescentes em Situação Irregular de Trabalho – Fonte: SmartLab
(2021)
Apesar desse trabalho dos órgãos fiscalizadores, a
realidade do trabalho infantil no Brasil é mais crítica visto que fatos e
números publicados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD)
demonstram que no mesmo período de 2019, haviam 38,281 milhões de pessoas entre
5 a 17 anos de idade no Brasil. E, desse total 1,8 milhão, ou seja, 4,6%
estavam em uma situação de trabalho infantil.
O Observatório de Prevenção e da Erradicação do
Trabalho Infantil (SmartLab) também destaca que, em 2019, 1300 crianças e
adolescentes alcançados em situação irregular de trabalho, por sexo, pelas
ações fiscais. Também é destaca da que a maior vulnerabilidade à exploração
sexual comercial de crianças e adolescentes é em rodovias e estradas federais,
principalmente, nos postos de combustíveis, bares, pontos de alimentação,
boates e pontos de hospedagem.
Concentração
de Pontos Vulneráveis por Rodovia Federal – Fonte: SmartLab (2021).
A OIT também identificou que do total de crianças e
adolescentes, 706 mil estavam ocupadas nas piores formas de trabalho infantil
como, por exemplo, extração e corte de madeira, trabalho em atmosferas tóxicas,
explosivas ou com deficiência de oxigênio, na direção e operação de tratores,
máquinas agrícolas e esmeris, trabalhos denominados na LISTA TIP, decreto
N°6.481, de 12 de junho de 2008.
A agricultura e o comércio e reparação foram as
atividades econômicas que agruparam, respectivamente, 24,2% e 27,4% das
crianças e dos (as) adolescentes em trabalho infantil. Além disso, os serviços
domésticos representaram 7,1% do trabalho infantil.
Entre as crianças e os (as) adolescente em situação de
trabalho infantil, 66,4% eram homens e 66,1% eram pretos ou pardos. E, a
análise de distribuição por idade demonstra que 53,7% estavam no grupo de 16 e
17 anos; 25,0% no grupo entre 14-15 anos e 21,3% no de 5 a 13 anos.
A análise realizada pela OIT também indica que 38,3% do
total de 5 a 17 anos, 51,8% (19,8 milhões) realizavam afazeres domésticos e/ou
cuidado de pessoas. O maior percentual de realização dessas tarefas estava no
grupo de 16 e 17 anos (76,9%), seguido pelas pessoas de 14 e 15 anos (74,8%) e
as de 5 a 13 anos (39,9%). Entre as mulheres esse percentual era de 57,5%
enquanto que para os homens era de 46,4%.
Eliminar
o Trabalho Infantil
A OIT e a UNICEF alertam que, em 2021, se observa que
pela primeira vez, em duas décadas, aumento no mundo e que mais 8,9 milhões de
crianças e adolescentes correm o risco de ingressar no trabalho infantil no
mundo até 2022, como resultado da pandemia de Covid-19.
O atual cenário econômico do Brasil como, por exemplo,
o desemprego, o aumento da informalidade, cancelamento de matrículas de
crianças e adolescentes nas escolas, a menor renda familiar, entre outros
aspectos, contribui para que muitas crianças e adolescente sejam forçados às
piores formas de trabalho infantil.
Para
reverter a tendência de aumento do trabalho infantil, a OIT e a UNICEF,
recomendam e estão pedindo para todos os atores da sociedade:
· Proteção
social adequada para todos, incluindo benefícios universais para crianças e
adolescentes.
· Aumento
dos gastos com educação de qualidade e retorno de todas as crianças e todos os
adolescentes à escola – incluindo quem estava fora da escola antes da pandemia
de Covid-19.
· Promoção
de trabalho decente para adultos, para que as famílias não tenham que recorrer
às crianças e aos adolescentes para ajudar a gerar renda familiar.
· O
fim das normas prejudiciais de gênero e da discriminação que influenciam o
trabalho infantil.
· Investimento
em sistemas de proteção infantil, desenvolvimento agrícola, serviços públicos
rurais, infraestrutura e meios de subsistência.
Além disso, existem medidas e iniciativas por meio de
procedimentos administrativos ou judiciais que são adotados como, por exemplo,
abertura de procedimento administrativo ou ação judicial competente,
solicitação ao Conselho Tutelar, Ministério Público do Trabalho, requisição de
fiscalização específica, envio de informações e documentos ao Ministério
Público do Trabalho ou denúncias a qualquer outro órgão da vigilância sanitária
ou policial.
Prevenir o trabalho infantil no ambiente de trabalho é
uma forma de reduzir a quantidade de crianças que estão expostas a riscos
físicos, mentais e sociais. Também é possível adotar medidas ou programas
legais para o desenvolvimento dos jovens.
A capacitação dos jovens pode ser alcançada com uma
formação sólida e com oportunidades nas empresas. Dados da Fundação ABRINQ
indicam que no Brasil, cerca de 235 mil crianças e adolescentes menores de 17
anos trabalham em condições legais. Neste caso, no país é permitido trabalhar a
partir dos 14 anos sob condições específicas, tais como como a de jovem
aprendiz.
Trabalho infantil não é brincadeira. Denuncie ao
Disque 100 ou se preferir, procure o Ministério Público do Trabalho de sua
cidade.
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