O PERIGO DO RUÍDO NO AMBIENTE DE
TRABALHO
O ouvido humano tem seu grau máximo de sensibilidade
dentro de uma escala de sons baixa. Esta é a forma em que nossa espécie
evoluiu: se adaptando a ouvir tanto os sons distantes dos uivos dos animais,
como os tênues sussurros dos ventos sobre a vegetação.
Foi com o surgimento das máquinas que o homem se viu
forçado a conviver com ruídos de alta intensidade. Atualmente, classificamos
como ruído qualquer som que exceda os 80-85 decibéis (dB) de intensidade.
Como
o ruído afeta a audição?
A capacidade do ouvido para suportar altos níveis de
ruído varia de indivíduo para indivíduo, sendo impossível prever o risco da
perda da audição por meio dos níveis de exposição e das percepções subjetivas
da intensidade do ruído.
De acordo com os fonoaudiólogos, a certeza que se tem
é de que os níveis elevados de ruído ocasionam danos a curto ou a longo prazo.
Assim, quanto mais elevada for a intensidade do ruído e quanto mais prolongado
for o tempo de exposição, maior é o perigo.
A perda da capacidade auditiva pelo ruído geralmente
chega de forma gradual, como resultado de pequenas (porém frequentes)
exposições ao ruído, ao longo de vários anos. Claro que, em casos extremos, uma
única exposição a um nível muito alto pode causar surdez instantânea, um trauma
acústico.
A explosão gerada pelo rompimento de uma mangueira de
alta pressão bem perto do ouvido, por exemplo, certamente romperá o tímpano,
deslocará os três ossículos (martelo, bigorna e estribo) no ouvido médio e
deixará o ouvido interno exposto à surdez permanente.
Como
nossa audição funciona?
Os seres humanos ouvem ao captar as ondas acústicas,
transportadas até́ o tímpano pelo canal auditivo, produzindo vibrações. Estas
vibrações são transmitidas para a cóclea, no ouvido interno, por meio do
movimento de três ossículos: martelo, bigorna e estribo.
O movimento do líquido da cóclea estimula os nervos
ciliados, que se expandem e se contraem à medida que decodificam a informação
do som. As células nervosas transmitem esta informação ao nervo auditivo que,
em seguida, a leva ao cérebro.
Quando nos expomos a níveis elevados de ruído, os
primeiros componentes do sistema auditivo que se esgotam são as células
ciliadas mais externas, as que se contraem e relaxam como músculos ao ritmo das
ondas acústicas.
Se a exposição prolongada a níveis elevados ocorre com
frequência, as células ciliadas se debilitam e se deterioram gradualmente e
logo morrem.
Os
danos no ouvido interno são irreversíveis
A cóclea, no ouvido interno, contém entre 16.000 e
20.000 proeminências similares a pelos, que se denominam células ciliadas, cada
uma delas sintonizada para receber sons que variam em timbre e frequência. O
tecido do ouvido interno difere de outras partes do corpo em um aspecto vital:
suas células não podem regenerar-se.
Por isso, todo dano no ouvido interno é irreversível.
Não existem evidências científicas suficientes que sugiram que este dano
interno possa ser revertido em qualquer espécie de mamíferos. Temos que nos
conformar com o par de ouvidos que recebemos ao nascer.
A perda da capacidade auditiva causa pelo ruído pode
ser aliviada com o uso de dispositivos técnicos, mas seu uso pode ser incômodo.
Já os problemas de audição ocasionados por doenças, acidentes ou defeitos
congênitos podem ser reparados com cirurgia, mas só nas partes externas do
ouvido.
A luta para preservar a audição é uma batalha que deve
durar a vida toda. Não temos uma segunda oportunidade. Simplesmente temos que
cuidar muito bem de nossos ouvidos. Diferente de outros órgãos, eles não
melhoram com estímulos ou exercícios.
Quais
são os sinais de perda auditiva?
A perda da audição ocasionada pelo ruído é um
processo gradual que normalmente passa despercebido. Nas etapas iniciais, a
única forma de se perceber o problema é submetendo o ouvido a várias
frequências de sons.
O primeiro sinal da perda auditiva é uma queda em
forma de “V” nas frequências de 4.000 a 6.000 Hz, que representam a escala de
audição mais sensível do ouvido. Mesmo que o paciente não perceba sua perda de
audição, é possível que até 90% das células nervosas sintonizadas com estas
frequências estejam destruídas por completo.
Os primeiros sinais que o paciente percebe ocorrem nos
tons altos. Distinguir as consoantes pode tornar-se cada vez mais difícil.
Já o zumbido representa um sinal muito sério,
indicando que as exposições do paciente a níveis de ruído elevados são tão
frequentes que os nervos ciliados na cóclea estão em estado de fadiga pelas
pressões sucessivas.
São sintomas que costumam desaparecer no começo, porém
se a exposição ao ruído intenso continuar, o dano pode se tornar
permanentemente.
O ruído inesperado, como o de uma arma de fogo ou de
um martelo, pode ser especialmente perigoso por “pegar” o ouvido de surpresa.
Pela mesma razão, aquele ruído chato constante pode ser enganoso, pois o ouvido
acaba se acostumando, aceitando-o, mesmo sendo de intensidade já prejudicial.
Quando estamos expostos a níveis de ruídos elevados,
mas só “levemente,” como costumamos justificar, estamos subestimando o perigo.
Proteção
nunca é demais
A escala de decibéis pode confundir as pessoas que
estão acostumadas a pensar em quilo, metro, minuto etc. Um aumento do ruído em
três decibéis pode até parecer pouco, mas este valor representa a duplicação da
intensidade do ruído.
Em média, o ouvido humano é incapaz de detectar um
aumento de menos de dez decibéis. Sem dúvida, o ruído nesses níveis é superior
em mais de oito vezes o nível original. Importante: o ouvido humano se mostra
menos sensível num meio ruidoso.
A única forma confiável de saber a intensidade de um
ruído é medindo-a. Melhor ainda é não correr riscos e evitar a exposição ao
ruído alto fazendo uso de abafadores do tipo concha ou plugs de inserção.
É bem provável que a porcentagem de pessoas no mundo
que sofrem de deficiência auditiva em um ou em ambos os ouvidos aumente no
futuro.
Basta observarmos o número de jovens expostos a níveis
de ruídos cada vez mais altos, vindos dos sons potentes nos automóveis, em
casa, nos fones de ouvido, e em shows. O limite “seguro” nesses casos é sempre
excedido.
Além disso, alguns indivíduos têm predisposição
genética para perda de audição por exposição ao ruído. Para estas pessoas, o
limite de 85 dB para 8h de trabalho pode ser excessivo. A opção mais segura é
manter uma média de 75 dB.
Conclusão
O ruído é um dos maiores inimigos da saúde dos
trabalhadores, especialmente na indústria. Esperamos que as informações
trazidas nesse post tenham ajudado a conscientizar você e sua equipe sobre a
importância de cuidar da audição – afinal, o primeiro passo para isso é o
conhecimento.
Fonte
https://raclite.com.br/geral/o-perigo-do-ruido-no-ambiente-de-trabalho/
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