GESTÃO
DA SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE EM QSMS E A TEORIA DA JANELA QUEBRADA.
Venho comentado em meus textos que não existe zona de
conforto para quem atua na área de QSMS e Sustentabilidade.
Principalmente no Gerenciamento de Riscos das
atividades, seja em fábrica, trecho, mineração, óleo e gás ou energia.
Sou fã número 1 de caminhadas de QSMS nas áreas de
produção e trechos, pois é uma oportunidade única de verificar como anda a
situação quanto às questões de qualidade, segurança, proteção ao meio ambiente,
saúde ocupacional e a relação com as comunidades.
Quem fica sentado na frente do computador todo o tempo
pode esperar surpresas desagradáveis: acidentes de trabalho e acidentes
ambientais têm data e hora marcada para acontecer se você não se antecipar aos
desvios.
E
qual a relação do QSMS com a teoria da janela quebrada?
Esse tema também é o que mais pedem em minhas palestras
ou treinamentos.
A teoria da janela quebrada é baseada num artigo com o
título “Broken Windows” de James Q. Wilson e George L. Kelling, que surgiu em
março de 1982.,
Ela
é mais ou menos assim…
Imagine um edifício desocupado com algumas janelas
quebradas. Se não forem consertadas as janelas, mais serão quebradas com
certeza, depois pichadas e o prédio invadido.
Com o tempo, a situação vai piorando mais e mais, o
vandalismo ocorre com maior frequência e passa ser natural termos um edifico
todo destruído.
Uma estratégia de êxito para prevenir o vandalismo,
dizem os autores do estudo, é resolver os problemas quando eles são
pequenos.
Reparar as janelas quebradas rapidamente, dizem os
autores, vamos verificar que os vândalos terão menos probabilidade de estragar
mais.
Então,
o que a teoria da janela quebrada tem a ver com a gestão de QSMS?
· Qual
a origem dos acidentes, tanto de trabalho, quanto os ambientais?
Qual a origem dos conflitos com as comunidades?
Qual a origem de produtos não conformes?
Desvios, quase acidentes e a falta de rapidez em
tratar cada um.
A teoria da janela quebrada é sobre comportamento,
atitude, comprometimento para que os pequenos desvios não passem a ser
encarados dentro do normal.
E
precisam ser atacados imediatamente!
Quando assumi a gestão de QSMS e Sustentabilidade em
uma planta química na Ásia, o cenário era o seguinte ao chegar:
Essa planta estava com uma taxa alta de acidentes
fatais e acidentes ambientais.
Na primeira caminhada de QSMS, observei que as normas
de segurança e procedimentos não eram aplicadas como deveriam ser.
Quase ninguém usava EPI’s no chão de fábrica, piso
sujo, escorregadio e ferramentas jogadas para todos os cantos.
Constatei que diretores, gerentes e supervisores
também não usavam EPI’s enquanto estavam no chão de fábrica.
Esta
era nossa janela quebrada!
Durante meses tentei melhorar nossos procedimentos de
QSMS, sem sucesso.
Precisávamos fazer cumprir todas as regras de
segurança e procedimentos em geral.
Não era incomum para os funcionários na fábrica e da
administração ignorar a maioria das regras, normas e procedimento.
Segurança não era tão importante quanto a produção
(alguma semelhança com seu local de trabalho?).
Trabalhar em equipamentos funcionando sem proteção era
normal (um colaborador já tinha perdido um braço).
EPI’s não eram usados, LOTO foi negligenciada e a
lista não parava de crescer.
Ninguém se machuca porque quer, no entanto, nessa
fábrica, as medidas de controle necessárias para manter as pessoas seguras não
eram utilizadas, ou melhor totalmente ignoradas.
Em
que situação tinha entrado!!!
Tinham me dito antes de assumir o desafio que essa
fábrica era a que possuía a mais alta taxa de acidentes de todas as nossas fábricas
globalmente.
Após meses de insucesso, aproveitei a vinda do CEO e o
Board para uma visita.
Em uma sessão de brainstorming com nosso CEO e o Board
para discutir o nosso problema de QSMS e como mudar a situação, expliquei a
teoria da janela quebrada.
Precisávamos começar a reforçar todos os procedimentos
de QSMS e elevar a segurança como um VALOR e dar prioridade número 1 em
importância.
Liderança,
por exemplo, era o que eu pedia.
Você tem sido um líder coerente com seu discurso? Tem
agido pelo exemplo? Perguntei a todos!
Pensei: “agora vou ser demitido”. Mas fiquei quase 17
anos e cheguei ao corporativo.
Era importante naquele momento que a gestão aderisse aos valores.
Se a segurança não é valorizada por eles, não seria
valorizada pela força de trabalho.
Segurança requer esforço e, mais ainda, procedimentos.
Cada
vez que uma regra de segurança é quebrada e não imposta, ele envia uma mensagem
que a segurança não é importante.
Ao não corrigir violações de segurança menores, nós
criamos uma cultura que não valoriza segurança.
As medidas de controle projetadas para proteger os
empregados podem ser desconsideradas e existe o perigo onde deveria haver
nenhum.
Os
gerentes precisam ter a certeza de que todas as regras de segurança são
aplicadas em todos os níveis.
Segurança deve ser vista como importante o suficiente
para fazer cumprir todas as regras de segurança.
É preciso esforço para impor regras de segurança,
assim como é preciso esforço para o trabalho seguro.
Este
esforço deve começar com a gestão e vir de cima para baixo através da
organização.
Tudo que vem com a força de água do chuveiro funciona
e com a força da água de bidê, não (essa eu ouvi de um peão).
Obtive apoio do CEO e começamos a cumprir todas as
regras de segurança em nossa fábrica, não deixando nenhum desvio que fosse para
tratar para depois.
Nos certificamos de que qualquer um no chão de fábrica
portasse EPI’s, seguindo os procedimentos. Reuniões de segurança passaram a ser
rotineiras.
Diretores e gerentes em todos os níveis, caminhando pelo
chão da fábrica, passaram a cumprir as normas e dar um bom exemplo.
Começamos uma prática de início de todas as reuniões
com QSMS como o primeiro tema da agenda.
Nossa
fábrica deixou de ser a pior nas questões de QSMS em toda organização global e
passou a ser um dos melhores. Recebemos um prêmio como resultado de nosso
esforço.
A equipe foi fundamental para o sucesso da
transformação, o apoio da diretoria em adotar como sendo um VALOR o QSMS e
passar dar o exemplo também.
Mas o ataque imediato para tratar todos os desvios e
quase acidentes com tolerância zero e sem deixar para depois, foi crucial para
o sucesso.
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