PESQUISA
BRASILEIRA SOBRE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO A AGROQUÍMICOS SERÁ SUBMETIDA À ISO
MUNDIAL
O Programa IAC de Qualidade em Equipamentos de
Proteção Individual completou 10 anos de atividades, em julho de 2016.
Desenvolvido pelo Instituto Agronômico (IAC) da Secretaria de Agricultura e
Abastecimento do Estado de São Paulo, o Programa é direcionado ao estudo de
normas e ao desenvolvimento e avaliação de padrões de qualidade para
vestimentas de proteção para riscos químicos com agrotóxicos.
O uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI)
agrícola é fundamental para proteger a saúde do trabalhador durante a aplicação
de agrotóxicos nas lavouras. Ao contribuir para reduzir o contato direto entre
o agricultor e os produtos químicos, o equipamento colabora para diminuir os
problemas de saúde decorrentes dessa interação. “Contribui para
garantir que o trabalhador rural esteja seguro, diante da exposição ocupacional
ao produto químico”, disse o pesquisador d a Secretaria que atua no IAC
Hamilton Humberto Ramos, responsável pelo trabalho.
De acordo com Ramos, os trabalhos realizados no
programa são utilizados como base técnica no desenvolvimento das normas. “Isso
faz com que o Brasil não seja apenas um usuário de normas ISO, mas que
participe ativamente no seu desenvolvimento; na área de vestimentas para uso
com agrotóxicos, essa participação é uma realidade graças aos trabalhos”, afirmou.
“É um selo de qualidade do IAC para
vestimentas para agrotóxicos, auxilia os fabricantes na busca da qualidade de
seus produtos e ajuda a pesquisa na constante melhoria da proteção ao
trabalhador”, destacou Raul Casanova Junior, diretor executivo da Associação
Nacional da Indústria de Material de Segurança e Proteção ao Trabalho
(Animaseg) e superintendente do Comitê Brasileiro de Equipamentos de Proteção
Individual da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
Para Francisco Grzesiuk, engenheiro agrônomo e
proprietário da Vest Segura, empresa de EPI localizada em Cascavel, Paraná,a
motivação para se integrar ao Programa do IAC foi a dificuldade de buscar,
isoladamente, incrementos significativos de qualidade. “Desde 2005, ano de
fundação da empresa Vest Segura, participamos do Quepia. Em conjunto é sempre
mais fácil. Tem mais opiniões e também é mais viável financeiramente”, disse.
Ele conta que, ao avaliar os avanços obtidos com esse
trabalho, dá para afirmar que é incomparável o que há atualmente no mercado e o
que havia antes do programa. “É difícil quantificar os ganhos da empresa por
participar do Quepia, mas hoje começa a fazer diferença entre ficar ou sair do
mercado”, afirmou.
Grzesiuk considera que, por meio do Quepia, há uma
interlocução mais forte com o setor regulatório. “Relacionar-se com a equipe do
IAC faz toda a diferença. A credibilidade conquistada pelo IAC ao longo das
décadas dá um peso decisivo no processo de evolução e interlocução com os
setores”, avaliou.
Em 2016, o programa participa de dois eventos
internacionais na área de segurança do trabalhador agrícola, representado por
Ramos. Em março, no Japão, houve a reunião anual da ISO Technical Comittee
(TC) 94 – Personal Safety – Protective Clothing and Equipment / Sub Comittee
(SC) 13 – Protective Clothing, em que foi dada a continuidade ao processo de
discussão das normas. Em outubro, a reunião do Consórcio Internacional para
Desenvolvimento e Avaliação de Equipamentos de Proteção Individual para o
Trabalho com Agrotóxicos (www.umes.edu/consortium), em que o IAC é membro da
comissão organizadora, será em Sevilha, na Espanha.
Para o secretário de Agricultura e Abastecimento,
Arnaldo Jardim, o programa contribui com as diretrizes do governador Geraldo
Alckmin para desenvolver uma agricultura sustentável, em harmonia com o
ambiente. “Não podemos demonizar os agroquímicos. Eles são importantes em nossa
produção. Devemos, sim, como faz o IAC, disciplinar o uso deles e garantir
segurança ao trabalhador no campo”, enfatiza o secretário.
Como
é feito o trabalho
A primeira etapa iniciou-se em 2003, em
conjunto com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), focada no
desenvolvimento de normas adequadas em ensaios de EPI. Paralelamente, começou a avaliar EPI's no mercado e realizar ensaios para criar novos
materiais, de acordo com os padrões especificados.
No Brasil, não existia, até outubro de 2009, norma de
certificação de EPI agrícola. A empresa fabricante se responsabilizava pela
qualidade do seu produto, sem uma avaliação externa. A situação do País começou
a mudar com a ação do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e o trabalho
pioneiro do Instituto Agronômico mostrou-se fundamental, ao propor normas de
certificação e oferecer ao setor um laboratório de avaliação de vestimentas,
credenciado pelo MTE.
Os resultados são produtos de melhor qualidade e o
posicionamento do Brasil como o país com mais informações sobre a qualidade de
vestimentas de proteção individual agrícola. A competência do trabalho
desenvolvido colocou o IAC na coordenação de consórcio mundial de
qualidade de EPI, ao lado do Ministério da Agricultura da França e
da University ofMaryland Eastern Shore, dos Estados Unidos.
Em uma terceira fase, evoluiu para o Programa
Voluntário de Certificação de Qualidade em EPI. As empresas aderem ao Programa
e, a partir da avaliação de seus materiais, feita em laboratório do IAC, obtêm
o selo do Programa. Atualmente, há 10 empresas participantes, dos Estados de
São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
O IAC tem um dos dois laboratórios credenciados pelo
MET para fazer a avaliação de EPI's para a agricultura. No laboratório do IAC,
em Jundiaí, interior paulista, são analisados aspectos relacionados às
resistências químicas e físicas, que envolvem a penetração de calda de
agrotóxicos por meio do tecido das vestimentas e das costuras. Esse referencial
é usado para identificar problemas na confecção, envolvendo não só a qualidade
da matéria-prima como também a adequação do molde adotado.
Outro parâmetro está na resistência ao número de lavagens
da roupa. “Ao encaminhar a peça para avaliação no laboratório do IAC, a empresa
fabricante deve especificar o número de lavagens a que deve ser submetido o
equipamento, sem perda de proteção”, explica Ramos.
De 2011 a 2015, o IAC avaliou 180 vestimentas de
proteção individual para riscos químicos com agrotóxicos de diferentes
fabricantes e modelos. Os resultados desses testes apontaram que apenas 52 das
vestimentas analisadas atendiam ao padrão mínimo de qualidade. De acordo com as
análises do IAC, a falta de uniformidade entre o tecido da mesma amostra foi a
principal causa de reprovação. Quando começou, praticamente 100% das
vestimentas foram reprovadas.
Em 2015, durante a Reunião do TC 94/SC 13 da ISO,
realizada em Valência, na Espanha, Ramos apresentou trabalho desenvolvido pelo
IAC contestando o método de calibração e os resultados obtidos pela ISO
17491-4. “Tais resultados, aliados a observações realizadas pelo Japão, levaram
à revisão da norma, cujas alterações estão sendo atualmente discutidas por 10
laboratórios no mundo”, afirma o pesquisador. Os primeiros resultados das
alterações propostas para a ISO 17491-4 foram discutidos durante o encontro no
Japão, em março de 2016.
Em 2014, durante a 6ª Conferência europeia sobre
Equipamentos de Proteção, em Bruges, na Bélgica, o pesquisador do IAC
apresentou dois trabalhos. Um comparando métodos de análise para materiais de
nível 3 de proteção, considerada a máxima, e outro mostrando a interferência do
método de lavagem sobre a vida útil de vestimentas de proteção.
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