PLANEJAMENTO
DE PARADA DE MANUTENÇÃO INDUSTRIAL
As paradas de manutenção (ou turnaround, em
inglês) fazem parte do plano de manutenção Industrial e são eventos dedicados a
executar atividades de reparo e inspeção, com a finalidade de restabelecer ou
melhorar as condições de funcionamento de equipamentos e das próprias
instalações.
Parada
é a cessação da produção de uma Unidade de Processo.
O termo “PARADA
DE MANUTENÇÃO” se deve ao fato de que, durante seu período de realização,
as instalações sofrem interrupção parcial ou total, o que implica diretamente
no faturamento da planta.
Desafios
de 2021 e 2022
Em 2020, devido à pandemia da Covid-19, houve um
grande número de paradas de manutenção adiadas, seguindo determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA
a respeito do distanciamento social e recomendações sobre a saúde da população.
Assim, 2021
e 2022 passaram a concentrar uma
grande quantidade de projetos de parada, embora com algumas dificuldades como
maiores cuidados para mobilizar a mão de obra necessária, falta de insumos e
muitos materiais e equipamentos fundamentais para execução das atividades
correlatas.
Outro fator preponderante neste ano foi a grande alta
dos custos, um problema de abrangência mundial, que atingiu os processos de
aquisição.
Dentro deste contexto, o planejamento é ainda mais
essencial, para que seja possível otimizar todo o processo, visando alcançar o
resultado previsto no escopo das respectivas indústrias.
Características
de uma parada de manutenção
Independentemente do
tipo de indústria, químicas, petroquímicas, siderúrgicas e usinas de geração de energia, a parada de
manutenção deve ocorrer periodicamente, conforme legislação vigente,
podendo ser planejada para durar o menor tempo possível ou ter o menor custo
possível, ou ainda uma combinação destas duas possibilidades.
O impacto econômico de uma parada é relevante para o
balanço final das operações de um complexo industrial, pois além de envolver
uma grande quantidade de recursos humanos e materiais, precisa atender a tudo
que consta no planejamento estratégico elaborado especialmente para este fim.
A grande importância desta modalidade de manutenção é
evitar que seja necessário fazer uma parada obrigatória para manutenção de
algum item do processo industrial, que pode comprometer os resultados dos
processos.
Por isso, este artigo utiliza, a partir deste ponto, a
designação de “parada programada de manutenção”, pois ela age de forma
preventiva e não corretiva.
A
parada programada pode ser:
· Geral –
É toda parada de unidade planejada para ser realizada com perda total da
produção, para execução de serviços de manutenção geral podendo incorporar
projetos de melhoria operacional ou de ampliação de capacidade.
· Parcial –
É toda parada que pode causar perda total ou parcial da produção, para execução
de serviços de manutenção e ou projetos em um equipamento
específico, descoqueamento de fornos, etc.
Objetivos
da parada de manutenção
Os
principais objetivos a serem alcançados são:
· Executar
atividades de limpeza interna, inspeção e reparos em equipamentos que não têm
possibilidade de serem feitas com a planta em operação plena.
· Avaliar
e registrar a integridade física dos equipamentos para a devida garantia de
segurança dos próprios equipamentos, das pessoas e do meio ambiente para
continuidade dos processos operacionais.
· Atender
exigências legais (NR-13) – esta norma determina requisitos mínimos para a
gestão da integridade estrutural de caldeiras a vapor, vasos de pressão e suas
tubulações de interligação com relação à operação, inspeção, instalação e manutenção.
Também determina um intervalo máximo de 6 anos entre as paradas de manutenção.
· Introduzir
modificações de melhorias do processo e atualização tecnológica, visando
aumento de produção e/ou qualidade dos produtos.
· Introduzir
maior confiabilidade, segurança, produção e redução de perdas.
Classificação
da parada de manutenção
A
parada programada de manutenção pode ser de:
· Pequeno porte –
quando utiliza um número pequeno de equipamentos e recursos. Tem curta duração,
geralmente em torno de uma quinzena.
· Médio porte –
envolve quantidade limitada de equipamentos e uma significativa mobilização de
recursos. Tem duração aproximada de 16 a 25 dias.
· Grande porte (Revamp) –
utiliza um número expressivo de equipamentos e recursos. Tem duração maior,
normalmente acima de 25 dias.
Gestão
Estratégica da parada de manutenção
É fundamental no planejamento das paradas de
manutenção.
Em
termos gerais, a gestão estratégica abrange os seguintes pontos:
· Análise
da situação da organização através de uma verificação estratégica relativa a
fatores ligados a competitividade, vulnerabilidade e qualidade de produtos,
serviços e processos.
· Implementação
de projetos para modificação e otimização de processos.
· Monitoramento
de fases de implantação, de acordo com a eficácia das atividades ligadas à
estratégia.
No que se refere à manutenção, a gestão estratégica
trilha os mesmos pontos, na busca para alcançar o maior tempo possível de
operação dos equipamentos consumindo a menor quantidade de recursos aplicados.
Neste contexto, a estratégia da gestão de manutenção
vai responder, unicamente, a seguinte questão: por que, quando e onde cada tipo
de manutenção pode ser aplicado. Tudo isso deve estar inserido no planejamento
estratégico da manutenção.
Cada participante deste planejamento se transforma num
agente que pode mudar a cultura da organização no tocante à importância da
manutenção, pois o estudo do ambiente e a interação com os demais colaboradores
aguça esta percepção.
O
planejamento estratégico deve estar sintonizado com as seguintes orientações:
· Agrupar
ideias e ações em torno de um eixo comum – foco na visão.
· Percepção
dos ambientes externo e interno à manutenção, buscando ações para utilizá-los e
melhorá-los.
· Proatividade
quanto aos desafios a serem enfrentados.
· Aumento
da capacidade de adaptação frente a mudanças no ambiente.
· O
desenvolvimento da função exige planejamento como qualquer outra atividade,
seja de manutenção, seja administrativa. O serviço não planejado
utiliza até 5 vezes mais recursos que o que foi planejado.
· Necessidade
de acompanhamento constante da execução do plano. A energia deve ser gasta em
dois momentos: planejar o que vai fazer e fazer o que foi planejado.
· Importância
dos aspectos de aprendizagem do Planejamento Estratégico, com a mudança da
cultura de manutenção reativa para a proativa.
· O
processo de elaboração do Planejamento Estratégico é tão ou mais importante que
o resultado, pois é nele que se estabelecem os vínculos entre os gerentes e as
possibilidades de crescimento – modelagem de padrões mentais de gerentes, ou
seja, mudança de cultura.
As
atividades do planejamento de manutenção são:
· Detalhamento dos serviços –
Definição das principais tarefas, dos recursos necessários e do tempo de
execução para cada uma delas.
· Micro detalhamento dos
serviços – Inclusão de ferramentas e máquinas de
elevação ou carga que podem se constituir
em gargalos ou caminhos críticos na cadeia de
programação.
· Orçamento dos serviços –
Definição dos custos dos recursos humanos, hora/máquina e de materiais para a
execução do serviço.
· Facilitação dos serviços –
Análise prévia dos orçamentos e aprovação dos custos do serviço a ser
executado.
Planejamento
e execução da parada
As Paradas de Manutenção em indústrias química,
petroquímicas, siderúrgicas e de geração de energia são eventos
necessários para restabelecimento de condições operacionais das respectivas
Unidades de Processamento, normalmente após campanhas regulares de produção, ou
para modernizar os equipamentos, com o objetivo de obter novos perfis de
produção e aumento do grau de confiabilidade ou ainda para sanar defeitos
extemporâneos, em paradas emergenciais.
No planejamento de paradas de manutenção existe a
preocupação de utilizar soluções tecnológicas atuais, mesmo que não estejam à
disposição no país, para obter o máximo de melhoria nos resultados finais,
considerando os prazos de interrupção previstos, bem como o que se relaciona à
segurança, ao meio ambiente e à saúde, gerando um cenário de mais
confiabilidade para uma nova campanha.
Para organização do escopo da parada é utilizada a
Estrutura Analítica do Projeto (EAP), também conhecida com Work Breakdown
Structure (WBS), que distribui, de modo hierárquico, todas as atividades
que fazem parte do projeto.
Para
atender a este escopo, algumas atividades precisam ser adotadas e seguidas à
risca:
· Envolvimento
efetivo e integração entre as áreas de manutenção, operação, segurança industrial,
engenharia e apoio logístico, a partir da fase inicial do planejamento.
· Ativação
das providências dentro da antecedência programada – de 12 a 18 meses –
tornando viável o preparo de um planejamento com confiabilidade e com o máximo
de otimização de todos os recursos a serem utilizados, sejam eles próprios ou
contratados.
· Durante
a parada de manutenção, os serviços que não fizerem parte da programação devem
ser reduzidos ou cancelados, se possível. Assim, na “parada” somente o que é
“da parada”.
O planejamento de uma parada de manutenção é
considerado como um projeto, pois tem duração determinada para que seja
cumprido um grupo de atividades relacionadas a um produto ou a um serviço, mas
sempre em busca de um resultado.
As
atividades a serem executadas de acordo com o período de realização das
diversas fases da parada são:
· Definição
de objetivos e metas.
· Elaboração
do cronograma das atividades de planejamento.
· Definição
do escopo de serviços.
· Planejamento
e execução dos serviços.
· Aquisição
de materiais.
· Elaboração
de especificações, contratações, gerenciamento e fiscalização de contratos.
· Elaboração
do plano de contingências.
· Elaboração
do plano de comunicação e infraestrutura.
· Elaboração
do planejamento operacional.
· Elaboração
do planejamento de SMS (Segurança, Meio Ambiente e Saúde).
· Avaliação
e elaboração das lições aprendidas.
No
planejamento, há etapas que precedem e outras que sucedem a parada propriamente
dita, conforme apresentado a seguir.
· Fase 1 –
Preparação conceitual da parada – acontece de 12 a 18 meses antes do início.
· Fase 2-
Preparação preliminar da parada – de 9 a meses de antecedência.
· Fase 3 –
Preparação detalhada da parada – de 4 a 9 meses antes.
· Fase 4 –
Execução da pré-pagada e final da preparação da parada – até 4 meses antes.
· Fase 5 –
Execução da parada
· Fase 6 –
Pós-parada – até 2 meses depois de finalizadas as atividades da parada.
· Fase 0 –
entre as fases 6 e 1 acontece o planejamento em campanha, onde começam a ser
identificados os primeiros pontos a serem considerados na próxima parada.
Estas etapas podem variar de período ou de
aplicabilidade, de acordo com o segmento industrial, mas a distribuição e a
duração de cada fase são utilizadas pela maioria das indústrias onde a parada
de manutenção acontece.
Para cumprir todas as atividades citadas, segundo a
aplicabilidade dentro das fases de 0 a 6, é necessário movimentar um grande
número recursos distribuídos dentro de setores como Operações, Segurança do
Trabalho, Infraestrutura/Logística e Segurança Patrimonial.
Operações
de uma parada de manutenção
O setor operacional participa ativamente na execução
de tarefas de manutenção mecânica, elétrica, instrumentação, hidráulica,
automação, robótica, caldeiraria e apoio em montagem de andaimes e outros
equipamentos e ferramentas que trabalham em condições especiais e de acordo com
a segurança do trabalho.
Sua
participação pode ser destacada nas seguintes macro atividades:
· Comissionamento operacional da pré-pagada
–
as últimas ações prévias à parada, antes da refinaria estar liberada para as
atividades programadas.
· Tarefas da parada –
são todas as tarefas que foram planejadas para serem executadas, como obras,
serviços, inspeções etc.
· Retorno operacional –
atividades que tem o foco para que a refinaria retorne à operação normal, como
testes de estanqueidade, energização de sistemas e retiradas de bloqueios
colocados para permitir as atividades de manutenção e como medida de segurança.
· Operação assistida –
relativa a um sistema ou a um equipamento que precisa ser monitorado mais algum
tempo depois de voltar à condição de operação normal.
· Lista de pendências –
atividades que não foram total ou parcialmente executadas e que deverão fazer
parte da próxima parada, ou serem realizadas durante a campanha, considerando
seus graus de criticidade e suas influências na operação da refinaria.
· Lições aprendidas –
reúne a identificação dos pontos fortes, dos pontos fracos e os pontos de
atenção relativos às atividades planejadas para a parada.
Infraestrutura/Logística
da parada de manutenção
Estes setores são responsáveis pela disponibilização
de recursos materiais e mão de obra necessária para a execução das atividades
operacionais, obedecendo ao que foi inserido no planejamento.
Embora sejam áreas que são classificadas como de
apoio, são de importância fundamental para o êxito da parada, pois a falta de
um item previsto no planejamento de uma atividade pode comprometer parcial ou
totalmente sua execução.
O
atendimento a um conjunto formado pelos recursos listados a seguir faz com que
os setores de infraestrutura e logística sejam primordiais em qualquer fase da
parada:
· Escopo
da parada.
· Quantidade
de mão de obra necessária.
· Características
do local onde a refinaria está instalada.
· Acesso
à refinaria,
· Legislação
em vigor.
· Alimentação,
transporte e instalações sanitárias para os trabalhadores envolvidos em todas
as atividades.
· Meios
de Comunicação.
· Tecnologia
da Informação.
· Administração
de contratos.
· Serviços
de locação/aquisição de itens, máquinas e equipamentos.
· Administração
financeira.
· Administração
de pessoal.
· Atendimento
médico e ambulatorial.
A complexidade de todos estes recursos envolvem um sem
número de micro atividades que devem ser cumpridas em todas as suas etapas,
dentro do que foi planejado e do que precisa ser entregue como resultado final.
Segurança
do Trabalho na parada de manutenção
A parada de manutenção envolve a necessidade de
atendimento na questão da segurança do trabalho, não apenas no cumprimento do
que está previsto na NR-13, mas também em outras normas regulamentadoras
aplicáveis a cada segmento.
Os procedimentos destas normas precisam ser atendidos
não apenas com relação aos trabalhadores efetivos da refinaria, mas também a
toda a mão de obra que venha a ser contratada durante a parada.
A NR-13 tem a finalidade de garantir que as inspeções
sejam feitas dentro dos prazos estabelecidos, que existem dispositivos de
regulagem e mão de obra apta à operação de equipamentos, além de determinar a
necessidade de bloqueio dos dispositivos.
A norma requer a classificação correta de vasos de
pressão, quanto ao risco potencial e ao fluido, e das caldeiras conforme seu
volume interno e do vapor sob pressão.
A
NR-13 prevê as responsabilidades da refinaria, no caso:
Definição de medidas que tenham a finalidade de
eliminar, reduzir ou controlar os riscos inerentes às atividades de seu escopo.
Preparação de toda a documentação prevista, para que
esteja sempre atualizada e disponível, considerando que pode ser requisitada a
qualquer momento por autoridade responsável ou delegada.
Existência de planos que sejam relacionados à
paralisação de toda e qualquer atividade que possa colocar em risco o
trabalhador, inclusive com plano de fuga em casos em que seja necessário
evacuar o local.
A não observância a qualquer conteúdo sensível
normatizado pode causar a paralisação das atividades, comprometendo a execução
do cronograma estabelecido no planejamento.
A questão é preocupante, pois durante as paradas um
número maior de casos de acidentes é registrado.
Para
garantir mais condição de proteção a todos os trabalhadores, as medidas a
seguir devem ser adotadas, na ordem apresentada:
Equipamentos
de Proteção Coletiva (EPC’s) – redes de proteção (nylon),
placas e cartazes de sinalização e advertência, extintores de incêndio, dentre
outros.
Procedimentos administrativos para organizar as
rotinas de trabalho – usar sinalização e/ou alertas, além de controles
adequados a cada atividade.
Equipamentos
de Proteção individual (EPI’s) – protetores auriculares,
proteção respiratória (máscara e filtros), proteção visual e facial (óculos e
viseiras), proteção de cabeça (capacete), proteção de membros inferiores e
superiores, dentre outros.
Segurança
Patrimonial na parada de manutenção
Setor de grande importância nas paradas de manutenção,
por representar um grupo de meios de prevenção com a finalidade de evitar perda
de patrimônio e também proporcionar a integridade física de todos os recursos da
indústria.
Os procedimentos correspondentes à segurança
patrimonial devem ser previstos no planejamento para que estejam em sintonia
com todas as atividades a serem executadas nas diversas fases da parada.
Assim,
algumas formas de atuação da segurança patrimonial concorrem para aumentar seu
desempenho:
· Câmeras de segurança –
o monitoramento por câmeras visa proteger não somente o patrimônio, mas também
dar apoio para que a segurança do trabalho possa ter condições suficientes para
exercer suas atividades.
· Controle de acesso –
a identificação de todos os trabalhadores e também de prestadores de serviços
garante a execução de todas as atividades dentro dos prazos previstos e com
pessoal autorizado.
· Disponibilidade de equipamentos de
segurança – importante para as primeiras providências
em caso de incêndio, por exemplo. Neste caso, é imprescindível que componentes
da segurança patrimonial façam parte da brigada de incêndio, para que as
providências de controle possam convergir para o plano elaborado pela equipe de
segurança.
Parada
de manutenção nas Indústrias química e petroquímica
Nas indústrias químicas e petroquímicas geralmente há
um setor dedicado ou uma equipe dedicada a todo o planejamento das paradas de
manutenção.
Esta preocupação é fundamental para que seja alcançado
o máximo de desempenho na execução de todas as tarefas previstas e que o escopo
da parada seja alcançado em sua plenitude.
Também nas petroquímicas é utilizada a Estrutura
Analítica do Projeto (EAP), ou Work Breakdown Structure (WBS), para
distribuição hierárquica de todas as atividades que fazem parte do escopo da
parada.
A
distribuição a seguir, contudo, pode ser utilizada para a preparação de um
organograma típico aplicável a uma parada de manutenção química ou
petroquímica.
· Gerente
de Contrato
· Gestor
da Qualidade
· Gestor
de Suprimentos
· Gestor
de SMS
· Gestor
de RH
· Responsável
pelo escopo
· Setor
Administrativo
· Setor
de Controle de Qualidade
· Supervisão
Geral (turno de 24 horas)
· Almoxarifado
· Elétrica
· Mecânica
· Hidráulica
· Automação
· Tecnologia
da Informação
· Setor
de Logística
· Pessoal
Técnico de Segurança (turno de 24 horas)
· Setor
de Planejamento (turno de 24 horas)
Parada
de manutenção nas Indústrias siderúrgicas e metalúrgicas
Empresas siderúrgicas e metalúrgicas precisam contar
com um plano de manutenção que seja eficiente para enfrentar o desgaste em
maquinas e equipamentos, decorrente das elevadas temperaturas de elevação.
A manutenção de alto forno é fundamental para a
execução das atividades diárias destes segmentos industriais, pois a utilização
de calor é necessária para o processo de produção.
As paradas de manutenção afetam um indicador nomeado
como Overall Equipment Effectiveness (OEE) – Eficiência Total do
Equipamento, que mede a eficiência de uma máquina, para que seja possível que
falhas sejam identificadas e sanadas.
Considerando que é necessário que o processo inclua
aquecimento em temperaturas altas para a produção, os procedimentos que
correspondem a resfriar e aquecer, como resultado das atividades de manutenção,
têm impacto não apenas no equipamento, mas também pode gerar riscos
relacionados à dilatação e contração de peças e de ferramentas.
Dependendo da capacidade do equipamento, são
necessários de 12, 24 ou 48 horas para que possa ser completado o ciclo de
resfriamento (para possibilitar a manutenção) e aquecimento (para iniciar
novamente a produção).
Estes períodos de tempo são a essência do planejamento
da manutenção para que a análise de riscos indique a inclusão deste processo de
manutenção numa parada programada.
Parada
de manutenção em Usinas Hidrelétricas
Neste caso, as atividades de planejamento de parada
para manutenção levam em consideração, em grande parte, o tempo limite de
operação dos equipamentos, razão pela qual a manutenção preditiva é um fator de
grande destaque.
Os procedimentos de manutenção em usinas hidrelétricas
são tratados de modo especial pelos operadores dos sistemas, pois é fundamental
pra obter um nível de qualidade que seja de acordo com as demandas de geração.
As paradas de manutenção precisam ser evitadas, pois
afetam grandemente este atendimento, além de interferir na receita operacional,
afetando os custos e colocando em observação o índice de confiabilidade do
sistema.
Assim, há décadas, as paradas de manutenção em usinas
hidrelétricas são frutos de pesquisas, que buscam a formulação para este
problema.
Já aconteceram estudos matemáticos de probabilidade
para determinas a capacidade efetiva dos sistemas e fazer uma estimativa em
função da programação da manutenção, com alternativas de geração de energia
durante este evento.
O que predomina, contudo, é o uso da experiência do
corpo técnico para que seja sempre elaborado um planejamento que indique o
momento mais adequado para que ocorra uma parada de uma máquina do sistema
gerador.
As usinas também contam com equipamentos de auxílio
técnico, com destaque para painéis de controle, transformadores, disjuntores,
chaves seccionadoras, subestações auxiliares. Também existem os equipamentos de
auxílio mecânico, como bombas, compressores, sistemas de tubulação e de
frenagem, mancais, sistemas de tratamento de óleo, sistemas de filtragem e ar
condicionado.
Importante ressaltar que cada subsistema tem sua
topologia e suas características relativas à hidrologia da bacia, o que deixa
clara a necessidade de uma forma diferenciada de manutenção, o tocante aos
recursos humanos, garantia de cada componente correspondente à unidade
geradora, sazonalidade de cada bacia, demanda de energia, dentre outros.
Estes são alguns dos aspectos a serem considerados
como desafios para que sejam minimizados os desgastes e a perda de rendimento,
que concorrem para a redução da quantidade de paradas de manutenção.
Em todo sistema hidráulico, a contaminação originada
por fluidos é outra das causas de grande contribuição para as paradas de
manutenção.
Especificamente em usinas hidrelétricas esta
contaminação pode dar origem a processos de desgaste por cavitação, que podem
causar graves danos aos componentes que acionam as comportas. Assim, pode haver
perdas no rendimento, com consequente aumento no custo da manutenção. Uma forma
de mitigar este risco é utilizar filtros de qualidade assegurada.
Outro fator a comentar é a obsolescência de
componentes, que pode dar origem a problemas de ajustes em componentes
eletromecânicos, com queda na confiabilidade nos comandos de controle e
operação, aumentando o número de atividades de manutenção.
A modernização destes componentes, de máquinas,
equipamentos e também a inmplementação de tecnologias baseadas em IoT (Internet
das Coisas – Internet of Things) devem fazer parte do planejamento de
manutenção preditiva e, eventualmente das paradas de manutenção.
O
tempo de vida útil é um fator de extrema relevância a ser considerado na etapa
do projeto das usinas hidrelétricas e também deve fazer parte do plano de
manutenção, conforme indicado a seguir:
· Barragem
de terra ou concreto – 100 anos.
· Comportas
de aço – 40 a 60 anos.
· Condutos
forçados – 40 a 70 anos.
· Geradores
– 15 a 25 anos.
· Turbinas
– 20 a 40 anos.
A evolução tecnológica, contudo, é um fator que
confronta estes períodos de vida útil, devido ter sido cada vez mais rápida a
cada ano. O desafio é conseguir uma sintonia entre estes dois fatores.
Vale comentar que os processos de substituição de
equipamentos realizados no final da vida útil de um equipamento, apresentam um
custo significativamente maior, bem como um grau de risco mais alto.
Deste modo, é crucial que o planejamento
correspondente seja robusto e abrangente, com uma gestão eficiente, para
identificar todas as variáveis que podem advir do processo.
Para
que sejam consolidadas informações precisas sobre este processo, o relatório
final da parada deve trazer alguns pontos que facilitem a implementação de
procedimentos similares no futuro:
· Objetivo
da parada.
· Tempo
de campanha entre paradas.
· Estatística
de acidentes.
· Listagem
dos principais itens do escopo.
· Registro
dos principais acréscimos de escopo ocorridos.
· Registro
dos prazos planejados e prazos realizados.
· Identificação
da linha crítica da parada (prevista e realizada).
· Listagem
dos principais contratos com os respectivos custos, efetivos e escopo.
· Resumo
do efetivo e do total de homens-hora utilizados.
· Relatório
de custos, confrontando previsão orçamentária com custos realizados.
· Análise
crítica da parada, abordando as causas dos desvios observados.
· Recomendações
(lições aprendidas).
· Regime
de trabalho.
· Relação
de apoios de infraestrutura mobilizados para a parada.
· Acompanhamento
e controle dos trabalhos da parada.
· Desempenho
das empresas contratadas.
· Segurança.
· Logística.
· Comunicações.
· Recomendações
e lições aprendidas.
Dentro da evolução dos conceitos tecnológicos, é
necessário considerar o efeito da indústria 4.0 ou quarta revolução industrial
nas atividades de manutenção, pois novas soluções com o devido investimento
visam reduzir o risco de perdas, quebras e pausa na operação, tornando
possíveis procedimentos operacionais de maior flexibilidade e uma quantidade
menor de paradas.
Neste processo evolutivo, a integração de sistemas
digitais, físicos e biológicos na envolvam produção, estocagem, logística e
recursos humanos pode agregar valor às instalações industriais existentes.
Sistemas de análise em tempo real de análise e
critérios assertivos de decisão podem apontar rapidamente as soluções dedicadas
a cada operação, ou seja, ação em tempo real.
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