RISCOS
RESPIRATÓRIOS DA INALAÇÃO DE FUMOS METÁLICOS
O
que são fumos metálicos?
Os fumos metálicos são partículas sólidas muito finas
de óxidos de metais formadas durante a soldagem, que podem gerar danos à saúde,
de acordo com as impurezas, a concentração e à intensidade dos fumos/gases.
Podem ser encontrados nos fumos metálicos de solda: arsênico, cádmio, ferro,
cobalto, cromo, níquel, chumbo, manganês e zinco, dentre outros metais e
combinações.
Esses fumos metálicos têm graus de toxicidade
distintos, de acordo com o tempo de exposição e podem ser danosos a várias
partes do corpo humano, como o coração, os pulmões, os rins e o sistema nervoso
central.
Soldagem
e liberação de fumos metálicos
De
acordo com o Programa de Proteção Respiratória da Fundacentro (PPR) soldagem é:
Soldagem é um processo para unir materiais, geralmente
metais, pela fusão. Na construção civil, construção naval, automobilística
etc., é frequente o uso dos processos de soldagem MIG / MAG, Flux core, TIG,
MMA e soldagem a laser. Durante estes processos, os respiradores estão sujeitos
a riscos adicionais como o excesso de calor, presença de fagulhas/respingos de
metal, compatibilidade eletromagnética (EMC) e radiação UV, exigindo dos
respiradores alta resistência/proteção contrastais riscos, além dos requisitos
básicos.
Os tipos disponíveis de solda industrial são o
resultado de uma grande evolução técnica que oferece soluções adequadas para
unir materiais diferentes, de acordo com o objetivo da montagem da nova peça e
dos equipamentos que serão utilizados.
Os
seguintes equipamentos são necessários para a soldagem:
· De processo –
tocha, esmeril, contador a gás, além da infraestrutura para dispor energia.
· De apoio –
para transportar e alocar as peças e as ferramentas.
· Ambientais –
representados por itens como exaustor, insuflador, abafador de ruído, máscara
de soldagem e cortina de proteção.
As
técnicas de soldagem mais utilizadas são:
· MMA
ou SMAW: Soldagem manual com eletrodo revestido.
· FCAW:
Soldagem por arame tubular.
· GMAW:
Soldagem MIG/MAG.
· Soldagem
a plasma.
· CMT:
Transferência de Metal Frio.
A soldagem é uma atividade que pode causar efeitos
danosos para a saúde dos trabalhadores que a executam, dos pontos de vista
químico e físico, mesmo que sejam considerados os processos mais modernos e
eficientes.
Os riscos químicos estão ligados ao fumo e aos gases
da solda, que ficam dispersos no ar e que são denominados de fumos metálicos
e/ou gases. De acordo com o PPR da Fundacentro fumos são:
Fumos: aerodispersóides gerados termicamente,
constituídos por partículas sólidas formadas por condensação de vapores,
geralmente após volatilização de substância fundida (por exemplo: solda),
frequentemente acompanhada de reação química, tal como oxidação.
O produto da queima da solda metálica (fumos
metálicos) contém metais pesados que podem ser absorvidos pelo trato
respiratório inferior (traqueia, brônquio, pulmão) e chegar a corrente
sanguínea provocando sérios problemas de saúde.
Os riscos físicos se referem à radiação não ionizante
que pode provocar queimaduras, cegueira e problemas de respiratórios crônicos
devido a inalação de partículas mecânicas que em geral irão afetar o trato
respiratório superior (nariz, cavidade nasal, faringe, laringe).
Segundo a Norma Regulamentadora NR-09, Avaliação e
Controle das Exposições Ocupacionais a Agentes Físicos, do Ministério do
Trabalho, em seu item 9.1.5.2., agentes químicos são considerados “as
substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo pela via
respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores,
ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser
absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão”.
Como
os fumos metálicos são formados
A queima dos reagentes da solda acontece em altas
temperaturas e isso produz uma névoa de fumos metálicos extremamente tóxicos e
nocivos ao trato respiratório. Além disso, quando esse material vaporizado
resfria ele pode se combinar com o oxigênio da atmosfera produzindo uma poeira
também tóxica e nociva. Quanto menores as partículas, maiores serão os níveis
tóxicos do pó.
Para piorar ainda mais o cenário, em algumas situações
os fumos metálicos podem se combinar com os gases de solda podendo gerar ozônio
(O3) e dióxido de carbono (CO2). Se o ambiente for pouco ventilado, pode ainda
haver formação de monóxido de carbono (CO) devido a queima do CO2 no lugar do
O2.
Os resíduos da solda são dispersos no ambiente em
forma e quantidades que dependem de vários fatores, mas a falta de ventilação e
exaustão adequada costuma ser uma das grandes causas de problemas respiratórios
e doenças crônicas ocupacionais.
Riscos
à saúde devido fumos metálicos
Os problemas de maior destaque relativos à saúde dos
trabalhadores durante processo de soldagem são:
· Problemas
respiratórios:
· Pneumonoconioses:
devido a absorção dos metais pesados pelo organismo como devido a absorção de
alumínio, carbono, berílio, estanho, ferro, sílica, cobre e asbesto.
· Intoxicação e Asfixia:
devido os gases irritantes – ozônio, fosgênio, óxido de nitrogênio e fosfina,
monóxido de carbono, dióxido de carbono ou gases inertes.
· Diminuição
da acuidade visual e perda da visão;
· Distúrbios
músculo esqueléticos;
· Efeitos
da radiação ultravioleta - uv e mutações genéticas (neoplasias malignas);
· Queimaduras
por faíscas e respingos de solda;
· Irritantes
pulmonares e tóxicos sistêmicos – cádmio, cromo, chumbo, fluoretos, manganês,
mercúrio, níquel, titânio, vanádio e zinco.
Os riscos dos fumos metálicos também podem causar
ulcerações de pele e dermatite alérgica.
Outro risco extremamente grave são alguns tipos de
câncer ósseo e pulmonar, devido ao fluoreto de cálcio e ao óxido de zircônio
que estão presentes no revestimento dos eletrodos. É necessário um alto nível
de atenção quando forem usados, durante o processo de soldagem, materiais com
teores tóxicos elevados.
Como um complemento, devem ser adotadas medidas de
restrição severas no acesso aos locais em que a atividade de trabalho esteja
sendo exercida, além de ventilação adequada e a proibição de que seja ingerido
qualquer tipo de alimento no local.
Problemas
crônicos de saúde ocupacional devido os fumos metálicos
No caso do aparelho respiratório, pode haver a
ocorrência de asma, problemas no septo nasal, câncer de pulmão e outras
patologias pulmonares, dependendo da frequência de exposição e dos teores de
concentração.
Como decorrência de ser formado por partículas muito
finas, os fumos metálicos são de fácil inalação e conseguem ficar no pulmão,
principalmente, por um longo período de tempo.
Os elementos usados no processo de soldagem e que
representam maiores riscos são o Cromo Hexavalente Cr (VI), Manganês, Níquel,
Chumbo e similares, que podem ser encontrados na solda de aços inoxidáveis.
Fumos
metálicos dos processos MMA e FCAW geralmente possuem teores
significativos de Cromo Hexavalente – Cr (VI).
O processo de soldagem que utiliza eletrodo com
revestimento tem liberação de fumos metálicos danosos à saúde, podendo causar
irritações nos olhos e nas vias áreas, com possibilidade de evoluir para
problemas mais graves no futuro, dependendo dos períodos de exposição.
Neste caso, é fundamental que estes elementos sejam
utilizados, no local de trabalho, seguindo limites determinados por normas
regulamentadoras, como a Norma Regulamentadora NR-15, do Ministério do
Trabalho, Atividades e Operações Insalubres, e da norma americana ACGIH - American Conference of Governmental
Industrial Hygienists, que são praticamente os mesmos.
O termo TWA -
Time Weighted Average, Média Ponderada de Tempo, representa a concentração
para um tempo de trabalho de oito horas por dia e quarenta horas por semana, de
exposição do trabalhador, sem que sejam ocorram danos à saúde.
O
Quadro 1 mostra os limites de exposição para substâncias químicas e agentes
físicos.
Quadro
1 – Limites de exposição
Substância |
Limite de Exposição (TWA) |
Peso Molecular |
Efeito Crítico |
Chumbo
elementar e compostos inorgânicos com chumbo |
0,05
mg/m3 |
207,20 |
Sistema
Nervoso Central (SNC), sangue, rins e aparelho reprodutivo. |
Cobre,
fumos, poeiras e névoas |
0,2
a 1,0 mg/m3 |
63,55 |
Irritação,
febre dos fumos metálicos (febre de fumaça de solda ou febre de soldador). |
Ferro,
óxido, poeira e fumos (Fe2O3) |
5,0
mg/m3 |
159,70 |
Pneumoconiose. |
Manganês |
0,2
mg/m3 |
54,94 |
SNC
(manganismo), pulmões. |
Fonte:
ACGIH
O
Quadro 2 apresenta os limites de exposição de gases.
Quadro
2 – Limites de exposição para gases.
Agente |
Limite de Tolerância |
Dióxido
de Carbono |
7020,00
mg/m3 |
Dióxido
de Nitrogênio |
7,00
mg/m3 |
Monóxido
de Carbono |
43,00
mg/m3 |
Ozona
(Ozônio) |
0,16
mg/m3 |
Fonte:
NR-15
Equipamento
de Proteção Individual – EPI
A Norma Regulamentadora NR-06, do Ministério do
Trabalho, em seu item 6.1, considera que “Equipamento de Proteção Individual –
EPI, todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador,
destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no
trabalho”. O uso do EPI é de responsabilidade tanto do empregador quanto
do empregado.
No caso das atividades de soldagem, a recomendação de
EPI’s é no mínimo a seguinte: avental de raspa, botas de couro com bicos de
aço, luvas de vaqueta, protetor auricular e máscara de solda. Mas além dos EPI’s
é essencial que empresa tenha uma visão holística do ambiente de soldagem, do
maquinário, matéria prima e principalmente que existam controles para garantir
que o operador fique minimamente exposto ao risco ocupacional. Por exemplo,
podemos citar um sistema de exaustão contínuo para remoção dos fumos metálicos
do ambiente de trabalho e um sistema de ventilação também adequado que garanta
uma temperatura ambiente adequada e uma atmosfera constantemente renovada para
o trabalhador. Essas medidas ambientais do local de trabalho são tão importantes
quanto a qualidade dos EPI’s e maquinários empregados na atividade laboral.
Equipamento
de proteção respiratória - EPR para soldagem
Dependendo da concentração de fumos na atmosfera do
soldador, pode ser necessário o uso de uma máscara do tipo PFF2 (peça
semifacial filtrante para partículas com até 94% de eficiência contra cloreto
de sódio ou óleo de parafina com manta de carvão ativado). Mas caso o Fator de
proteção atribuído - FPA não seja atingido para determinado local, deve-se
procurar outros respiradores como o respirador purificador de ar motorizado - PAPR
ou um sistema de linha de ar de adução (ar mandado) que forneça ar para um
capuz ou máscara de soldagem com sistema de ar mandado. Esses últimos, são os
mais eficientes e darão um Fator de proteção atribuído - FPA superior a
qualquer tipo de respirador purificador de ar.
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