terça-feira, 29 de junho de 2021

 



A análise de riscos de

incêndio e de explosão

 


Como deve ser executada a aplicação da metodologia de análise de riscos nas fases do projeto da instalação? Quais são os requisitos de severidade adotados para o estudo de análise de riscos? Quais são os requisitos de frequência de ocorrência? Qual deve ser a matriz de risco a ser adotada para o estudo de análise de riscos? Quais devem ser os requisitos de severidade? Esses questionamentos estão sendo exibidos na NBR 16955 de 04/2021 - Sistemas de prevenção de deflagração - Análise de riscos de incêndio e de explosão - Requisitos.

 


NBR 16955 de 04/2021 – Sistemas de prevenção de deflagração – Análise de riscos de incêndio e de explosão – Requisitos

 

A NBR 16955 de 04/2021 – Sistemas de prevenção de deflagração – Análise de riscos de incêndio e de explosão – Requisitos especifica a metodologia e as técnicas usadas na análise de riscos de incêndio e de explosão para identificar e analisar as causas e suas consequências, bem como avaliar os eventos de incêndio e/ou explosão em projeto de processos de instalações industriais, com sistemas de prevenção de deflagração, nas fases de estudos de viabilidade e preliminar, nos projetos básico e executivo, e também nas instalações existentes.


A análise e avaliação de riscos têm se consolidado como uma das mais importantes ferramentas de tomada de decisão, nas diversas áreas do conhecimento como, engenharia, economia, saúde pública, ciências ambientais entre outras. Este amplo campo de aplicação decorre entre outros fatores, da importância da avaliação de risco como uma ferramenta de prevenção de acidentes.

 

O risco de uma instalação industrial para a comunidade e para o meio ambiente, circunvizinhos e externos aos limites do empreendimento, de acordo com o autor Brauer, está diretamente associado às características das substâncias químicas manipuladas, às suas respectivas quantidades e à vulnerabilidade da região onde a instalação está ou será localizada.

 

A metodologia de análise de riscos foi desenvolvida, após a ocorrência de um trágico acidente em 1974, em Flixborough, na Inglaterra, com técnicas como, análise preliminar de perigos (APP), hazard and operability (HAZOP), árvores de eventos e de falhas e análise de consequências e de vulnerabilidades. A metodologia de análise de riscos de incêndio e de explosão é composta por três etapas: análise, avaliação e gerenciamentos de riscos.

 

A metodologia de análise de riscos deve ser aplicada aos projetos de processos industriais e efetuada pelo projetista da instalação ou por especialista independente, a partir da fase de viabilidade, estudo preliminar, projetos básico e executivo e operação da instalação. As instalações existentes e em operação também devem ser submetidas à metodologia de análise de riscos.

 

Para as instalações em operação, essa metodologia deve ser aplicada também a partir da fase de projeto de qualquer modificação, portanto, antes de sua implementação. A metodologia de análise de riscos, quando necessária, deve ser aplicada internamente ou por entidade independente em relação ao empreendimento. Seu conteúdo e resultados devem ser descritos em forma de relatório e desenhos, e devem fazer parte da documentação de segurança, a ser encaminhada às autoridades constituídas para análise, licenciamento e aprovação do empreendimento. Na figura abaixo é apresentada a composição da metodologia de análise de riscos de incêndio e de explosão.

 



As fases da metodologia, as técnicas e as suas relações com as fases de projeto da instalação, em análise, são descritas em 4.4. A seleção da técnica de análise a ser utilizada para avaliar os riscos de uma instalação ou processo depende do tipo de processo em projeto ou do processo existente. A análise de perigos tem por objetivo de identificar o cenário acidental de consequências mais severas para as pessoas, equipamentos e instalações.

 

A identificação de perigos e/ou riscos de incêndio e de explosão é qualitativa e tem o objetivo de: caracterizar o empreendimento e identificar os perigos (cenários) possíveis de ocorrer no processo; estabelecer os parâmetros iniciais de cenários de acidentes maiores, conforme a NBR 16385; indicar as medidas de segurança para mitigar os níveis de risco identificados pela análise; estimar a severidade e a frequência de ocorrência de acidentes potenciais (classificação do perigo). As NFPA 652 e NFPA 551 apresentam os modelos de análises de riscos que podem ser usados para os processos com pós combustíveis (dust hazard analysis – DHA) e com incêndio, respectivamente.

 

A avaliação de risco em processo ou instalação é quantitativa e tem o objetivo de: selecionar os cenários de acidentes mais severos identificados anteriormente; determinar o nível de consequências referentes à radiação térmica de um incêndio, as sobrepressões de uma explosão e os níveis de concentração tóxica emitida durante o desenvolvimento do cenário acidental selecionado; desenvolver a sequência de ocorrência ou o mecanismo do cenário acidental; quantificar a frequência de ocorrência do cenário em análise; apresentar as medidas mitigadoras de risco para a redução dos efeitos da ocorrência do cenário. O controle dos riscos em função dos riscos inerentes propõe sistema ou procedimentos que supervisionem e controlem esses riscos.

 

O gerenciamento de riscos em instalações industriais tem como objetivo: selecionar as atividades de gerenciamento para controlar os riscos da possível ocorrência dos cenários acidentais analisados; implantar os procedimentos de gestão de riscos; transformar os resultados pontuais da análise e avaliação de riscos, em atividades dinâmicas de gestão de riscos; desenvolver os planos de ação de emergência, de contingências e de crises e auditorias periódicas de segurança. A metodologia de análise de riscos de incêndio e de explosão é composta pelas etapas apresentadas a seguir. A metodologia de análise de riscos de incêndio e de explosão (MARIE) é composta pelas etapas apresentadas na figura abaixo.

 



Na caracterização do empreendimento da instalação, é importante descrever a localização geográfica, a meteorologia e a comunidade locais, acessos, descrição física da instalação, tipos de produtos em processo e sistemas de segurança e de resposta às emergências e às contingências ou crise. A identificação dos perigos potenciais do processo ou da instalação é realizada pelo emprego de técnicas de análise de risco, como, APP (análise preliminar de perigos), What-if (questionamentos do tipo o que aconteceria se…), hazard e operability (HAZOP) análise do binômio operador-máquina, fail mode and effect analysis (FMEA) ou análise de modos de falhas e seus efeitos (AMFE) e dust hazard analysis (DHA) análise de risco para pós combustíveis.

 

Os perigos identificados são classificados com relação à sua gravidade e a probabilidade de ocorrência, conforme uma matriz de risco previamente elaborada para a análise de risco. É nessa fase que se definem os potenciais perigos encontrados no processo ou na instalação e que serão objeto de estudos quantitativos posteriores, se necessários. Com base na classificação de perigos realizada na etapa de identificação de perigos, selecionam-se os cenários potenciais de acidente.

 

Com os cenários acidentais estabelecidos definidos, realizam-se as simulações de ocorrência de cenários, por meio de programas de computador para se determinar a extensão dos efeitos danosos à vida, ao meio ambiente e ao patrimônio do empreendimento. Esta fase também avalia a vulnerabilidade das pessoas e dos materiais e/ou estruturas aos efeitos desses acidentes. Essa avaliação é efetuada para se determinar o nível de radiação térmica absorvida durante um incêndio e o nível de sobrepressão recebido durante uma explosão no interior da instalação em análise.

 

Os estudos de dispersão atmosférica de nuvens tóxicas devem ser elaborados para os casos de produtos tóxicos emitidos durante o acidente de processo. As ferramentas computacionais do tipo CFD (estudo dinâmico de fluídos) podem ser utilizadas na ACV. A análise de riscos tem características qualitativas e, com a estimativa de frequências de riscos dos cenários, é iniciada a quantificação de seus riscos.

 

A quantificação de riscos é realizada com o emprego de técnicas do tipo árvores de eventos (AAE) e de falhas (AAF). A árvore de eventos estuda a sequência de ocorrência de um evento indesejável, aplicando a teoria de Delphi. Estas duas técnicas AAE e AAF também são conhecidas pelas siglas inglesas, ETA – event tree analysis e FTA – fault tree analysis, respectivamente. A técnica de árvore de falhas considera a probabilidade de ocorrência do evento topo (cenário acidental indesejável) e de suas causas.

 

A construção da árvore de falhas se baseia na determinação de portas de ocorrência de causas do tipo E/OU. Para essa quantificação, usam-se conceitos de álgebra Booleana para a determinação da frequência de ocorrência do evento topo a ser estudado. A IEC 61025 apresenta um procedimento para a análise por árvore de falhas.

 

Os dados utilizados neste estudo devem ser compatíveis com estruturas já existentes, ou que possuam a mesma vulnerabilidade. Estes dados de probabilidades são obtidos em banco de dados conhecidos e específicos. A avaliação de riscos é determinada pelo cálculo dos riscos sociais e individuais decorrentes do potencial de cada cenário acidental. Para essa avaliação é necessário o uso de programa de computador de última geração.

 

O nível de segurança da instalação em projeto ou existente deve atender ao critério de aceitabilidade de riscos adotado pela legislação vigente. A conformidade de segurança desta instalação, às medidas mitigadoras de riscos recomendadas deve ser efetuada nesta etapa da metodologia. Para as respostas à emergência e à contingência (REC), estabelecer o plano de ação de emergências (PAE), apresentando a definição dos cenários de emergência, da equipe de emergência (inclusive organograma), suas funções e responsabilidades, procedimentos de emergência, descrição dos sistemas de combate, sistema de comunicação de emergências, estabelecimento de rotas de fuga, saídas de emergência, pontos de encontro e telefones importantes para situações de emergências (ver Anexo B), em conformidade com a NBR 15219.

 

Elaborar o plano de contingência ou crise, visando à garantia da segurança física e patrimonial das pessoas e das instalações de processo, por exemplo, perímetro e processos da unidade industrial, a subestação elétrica e sala de controle operacional, contra atividades ilícitas (greve, atos criminosos, atos de vandalismo, terrorismo, etc.) que possam ocasionar danos aos sistemas operacionais da instalação industrial (ver Anexo B). A brigada de emergência deve atender à NBR 14276. Estes planos são de responsabilidade do gestor da instalação industrial e devem ser elaborados e ensaiados antes do início de sua operação.

 

A NBR 15219:2020, Anexo D, apresenta um resumo das etapas para implantação de um plano de emergência. Quanto às medidas mitigadoras de riscos (MMR), o encerramento da aplicação da metodologia de análise de riscos para instalações industriais ocorre após a implantação das medidas de segurança que mitigam os perigos encontrados ao longo do trabalho.

 

Essas medidas podem ser de caráter administrativo ou técnico. Sua implantação é vital para assegurar a redução dos riscos encontrados na instalação ou no processo e deve ser efetuada ainda na fase de projeto, portanto antes do início da operação da instalação. Nos casos das instalações industriais em operação, as medidas de segurança resultantes da aplicação do MARIE na instalação, por ocasião de modificações no processo da instalação, devem ser implantadas antes da instalação reiniciar a sua operação.

 

Para a análise de conformidade de segurança (ACS), a segurança implantada em instalações industriais, resultante das recomendações de segurança descritas na aplicação das técnicas de análise de riscos em instalações industriais, deve ser verificada in loco por meio de uma auditoria técnica de segurança, antes do início de operação da instalação. Uma das técnicas de análise de riscos de incêndio e de explosão é a análise preliminar de perigos (APP).

 

A técnica APP ou PHA (preliminary hazard analysis) permite inicialmente identificar e analisar de forma abrangente os potenciais riscos que podem estar presentes na instalação analisada. A técnica possui um formato padrão tabular, onde, em que a cada perigo identificado é levantada suas possíveis causas, efeitos potenciais, medidas de controle básicas para cada caso para o nível preventivo e/ou corretivo, tanto aquelas medidas já existentes ou projetadas como aquelas a serem implantadas no estudo APP efetuado.

 

Finalmente, os perigos identificados pela técnica APP são avaliados com relação à frequência de ocorrência, ao grau de severidade e ao nível de suas consequências, considerando os potenciais danos resultantes às pessoas, aos materiais (equipamentos e edificações), ao meio ambiente e à comunidade em geral. As categorias de perigo foram adaptadas para as instalações industriais convencionais, a partir de requisitos de segurança da indústria aeronáutica. As categorias de perigo originalmente determinadas constam de tabelas e da matriz de risco que devem ser consideradas na categorização dos perigos identificados por esta técnica.

 

Esta categorização tem como objetivo estabelecer a priorização na implantação das recomendações de segurança na instalação industrial analisada. Estas informações também podem ser utilizadas nas outras técnicas de identificação de perigos. Os resultados da APP são apresentados em planilhas (ver Anexo A) de análise elaborada de acordo com o seguinte: perigo: condição com potencial para causar determinado dano; causas possíveis: procedimentos ou condições que dão origem aos riscos; categorias de frequência: critério que estabelece o nível do valor da probabilidade de ocorrência da causa identificada e analisada; consequências: efeitos danosos ao operador e/ou no material; categorias de consequência: critério que classifica o risco de acordo com quatro categorias consequências (desprezível, marginal, crítica e catastrófica); medidas preventivas e/ou corretivas existentes: medidas gerais e específicas, em nível preventivo e/ou corretivo, já projetadas na instalação em estudo; medidas preventivas e/ou corretivas a serem implantadas: recomendações de melhoria operacional e/ou de segurança, a serem ainda implementadas na instalação em estudo; avaliação preliminar do risco: critério de avaliação do potencial de risco encontrado com a aplicação da matriz de risco.

 

 

Fonte: Equipe Target

 

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