Ventilação em Espaços Confinados
Ventilação em Espaços Confinados é o tema desta série
especial, em dois posts, que vamos começar hoje. Nesta primeira parte
abordaremos as definições, técnicas e sistemas usados nesta atividade.
Quando a realização de um trabalho acontece em espaços confinados devemos ter
atenção redobrada. Por natureza são ambientes mais perigosos que outros locais
de trabalho convencionais. Nas pesquisas dos diversos tipos de acidentes,
notadamente os fatais, verifica-se uma incidência maior nestes ambientes. Esta
constatação está relacionada principalmente às condições do ambiente
atmosférico que se apresentam com deficiência ou enriquecimento de oxigênio.
Mas os riscos também ocorrem quando há presença de gases e vapores tóxicos e
atmosferas inflamáveis e explosivas.
Qual
a importância da Ventilação em Espaços Confinados?
A simples ocorrência destas situações de perigo na
atmosfera do espaço confinado associada a algumas deficiências técnicas, como
por exemplo, ausência ou inadequação de verificação da qualidade do ar presente
ou de ventilação apropriada antes e/ou durante a realização de um trabalho,
desenvolve todas as possibilidades antecedentes de acidentes sérios. A
estatística neste caso, é cruel, pois demonstra que 100% das ocorrências relacionadas
a acidentes por gases tóxicos e por deficiência de oxigênio tiveram como causa
a não utilização de medidores/sensores e de sistemas de ventilação nos
trabalhos em espaços confinados.
Sendo assim podemos considerar que, além dos sensores,
a ventilação em espaços confinados é elemento crítico fundamental como medida
de controle da segurança desses locais de trabalho.
A ventilação, uma vez adotada como medida de controle
das condições atmosféricas de um espaço confinado, requer a utilização de técnicas
e sistemas apropriados que dependem de um conjunto de fatores, dentre os quais
podemos incluir: configuração do espaço, fontes de emissão dos gases, vapores e
partículas, a natureza desses contaminantes, opção de ventilação e equipamentos
disponíveis e as vantagens e limitações de cada alternativa escolhida. Do ponto
de vista mais simples 3 tipos de ventilação podem ser adotados: insuflação,
exaustão e combinados (insuflação + exaustão).
No último post sobre Ventilação em Espaços Confinados
trataremos em detalhes sobre os gases tóxicos, equipamentos e conceitos da
NR33. A importância da ventilação no que se refere à exposição de gases tóxicos
está no uso da técnica de exaustão. Ela retira os gases de dentro do espaço
confinado de modo mais efetivo, principalmente se aplicada mais perto da fonte.
Neste caso, o auxílio do sistema de canalização também acelera o processo. A
insuflação somente seria mais eficiente de modo a acelerar a retirada do
contaminante quando usado simultaneamente com a exaustão. De qualquer modo a
configuração do espaço, o tipo de contaminante e as saídas existentes irão
influenciar esta decisão. É importante salientar, neste caso, que em se
tratando de gases tóxicos as ventilações terão de ser em maior número.
Quais
as diferenças entre as técnicas de ventilação?
Em relação a utilização dos equipamentos, a própria
técnica de ventilação já os define. Os exaustores, como o nome sugere, atua no
processo de exaustão. Ou seja, de retirada mais imediata do contaminante
presente onde quer que ele esteja (no alto, em baixo, em bolsões, etc.)
aceitando a ventilação natural como saneadora do ambiente. Já o insuflador
sugere um comportamento de “soprar ou expulsar “ o ar contaminado. Esta técnica
realiza a troca através do ar limpo que traz do ambiente externo para dentro do
espaço confinado. Entretanto, dependendo das características do espaço
confinado, sua ação isolada pode limitar a efetividade ao espalhar o
contaminante no ambiente. Por outro lado, o insuflador auxilia também
refrescando o ambiente normalmente quente do confinamento, oferecendo mais
conforto térmico ao trabalhador.
Um fato importante também é que algumas substâncias,
sejam elas gases, vapores e partículas, podem ser inflamáveis e o risco de
explosão e incêndio estará presente nos ambientes denominados como “áreas
classificadas”. Se em ambientes externos essas substâncias apresentam
graves riscos, com mais razão ainda os riscos se agravam em espaços confinados.
Basta uma chama ou mesmo uma centelha ou faísca para que o acidente ocorra.
Sendo assim, os equipamentos elétricos e eletrônicos ou ferramentas que gerem
faíscas por contato ou atrito, requerem tratamento especial nestes ambientes.
Os equipamentos elétricos e eletrônicos necessitam ser certificados como
intrinsecamente seguros e à prova de explosão. Para isto, é exigido a chancela
do certificador nacional que é o Inmetro. E, em se tratando de ventiladores,
certamente estão na relação daqueles que necessitam desta certificação, quando
se trata de trabalhos com a presença de inflamáveis em espaços confinados.
O
que diz a NR33 sobre a Ventilação em Espaços Confinados?
A
ventilação em espaços confinados, portanto, é um procedimento de segurança
muito importante e a NR33 no subitem 33.3.2 o inclui como um dos que requerem
ser observados quando diz:
· antecipar,
reconhecer, avaliar e controlar os riscos químicos (oxigênio, tóxicos
e inflamáveis);
· implementar
medidas necessárias para eliminação ou controle dos riscos atmosféricos;
· avaliar
a atmosfera antes da entrada de trabalhadores e manter condições atmosféricas
aceitáveis na entrada e durante toda a realização dos trabalhos,
monitorando, ventilando, purgando, lavando ou inertizando o espaço
confinado;
· monitorar
continuamente a atmosfera nas áreas onde os trabalhadores estiverem
trabalhando;
· proibir
a ventilação com oxigênio puro.
Fonte
Autor: Renato Crusius é Engenheiro Eletricista, com
especialização em Segurança do Trabalho e Qualidade e integra a equipe técnica
da CONECT.
https://conect.online/blog/ventilacao-em-espacos-confinados-2/
https://conect.online/blog/ventilacao-em-espacos-confinados-1/
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