6
QUESTÕES SOBRE A NR-20: SEGURANÇA COM LÍQUIDOS INFLAMÁVEIS E COMBUSTÍVEIS
SEGURANÇA COM LÍQUIDOS INFLAMÁVEIS E COMBUSTÍVEIS
O artigo abaixo é uma
compilação de artigos traduzidos do site Canadian Centre for Occupational
Health and Safety e de outros na Internet escritos por especialistas no Brasil.
Selecionamos 6 questões básicas sobre o assunto.
Líquidos Inflamáveis e
Combustíveis são aqueles que não evaporam rapidamente nas condições de
temperatura e pressão do local onde se encontram, permitindo o acúmulo de vapor
suficiente para inflamar na presença de uma fonte de ignição. A menor
temperatura na qual o vapor de um líquido pode ser inflamado por uma chama ou
por uma faísca é conhecida como ponto de ignição desse produto
químico.
Em
primeiro lugar, vejamos como a NR-20 define a questão. Para isso, abrimos a
pasta da NR-20 no site www.nrfacil.com.br e selecionamos no Remissivo, o item
Definições:
A foco dessa definição (ponto de fulgor e inflamabilidade) é exatamente o risco de grandes acidentes que levam principalmente a agravos não só aos trabalhadores, mas sobretudo ao meio ambiente. Veja mais sobre a nova NR-20, publicada em Março de 2012 e analisada em um post deste Blog (clique aqui)
Em
seguida, passamos ao estudo de 6 questões selecionadas sobre o tema:
Questão
1:
Quais
os conceitos importantes quando se trabalha com gases e líquidos inflamáveis e
combustíveis?
Combustão: reação química
de oxidação, exotérmica, favorecida por uma energia de iniciação, quando
os componentes, combustível e oxidante (geralmente o oxigênio do ar) se
encontram em concentrações apropriadas.
Ponto de fulgor: menor
temperatura de um líquido ou sólido, na qual os vapores misturados ao ar
atmosférico, e na presença de uma fonte de ignição, iniciam a reação de
combustão.
Ponto de combustão: é a
menor temperatura, poucos graus acima do ponto de fulgor, na qual a
quantidade de vapores é suficiente para iniciar e manter a combustão
(somente para líquidos e sólidos).
Ponto de autoignição: é a
menor temperatura na qual os gases ou vapores entram em combustão pela
energia térmica acumulada (ondas de calor).
Temperatura crítica:
temperatura, característica de cada gás, acima da qual não existe fase
líquida dentro do cilindro.
Questão
2:
Porque
eu devo substituir por agentes menos perigosos quando possível?
Substituição pode ser a
melhor maneira de evitar ou reduzir um risco. Geralmente, é claro, isto não é
fácil ou mesmo possível encontrar um substituto não inflamável ou menos
inflamável para realizar o trabalho de forma efetiva e segura. O melhor é
começar a verificar a legislação e órgãos técnicos para checar todos os
possíveis materiais de substituição. É preciso ter todas as informações de
riscos (incêndio, potencial de lesões, reatividade química) desses materiais
antes de fazer qualquer mudança. Escolha o material com menos risco que possa
dar conta do trabalho de forma eficiente e segura. Aprenda como trabalhar de
forma segura com esses materiais.
Para trabalhar com
segurança você precisa estar informado sobre as propriedades e os perigos
associados à manipulação de produtos químicos. Este documento ajudará você a
identificar os perigos e a entender as Folhas de Informação sobre Produtos
Químicos (FISPQ, ou MSDS – Material Safety Data Sheets) que podem ser
solicitadas para todos os produtos químicos comercializados. Muitos destes
produtos químicos, inclusive, representam perigos múltiplos à saúde,
ao ambiente de trabalho e ao meio-ambiente.
Questão 3:
Quais
os fatores que podem contribuir para a ocorrência de um incêndio?
A existência de uma
atmosfera oxidante (ar)
Acumulo de gás ou vapor
inflamável
Fonte de ignição
Assim, o segredo da
redução do risco de incêndio consiste no controle de um ou mais dos fatores
causadores, na seguinte ordem de prioridade: 1. Controle da fonte de ignição,
2. Redução da concentração de vapores inflamáveis e 3. Redução da
disponibilidade de oxigênio, se possível.
Questão
4:
Quais
os riscos envolvendo manuseio de produtos perigosos inflamáveis?
O risco mais
significativo diz respeito à possibilidade de vazamento na presença de fontes
de ignição. As fontes de ignição podem ser as mais variadas possíveis e podem
gerar temperaturas suficientes para iniciar o processo de combustão da maioria
das substâncias inflamáveis conhecidas:
Eletricidade
estática: Como exemplo de cargas acumuladas
nos materiais. As cargas eletrostáticas surgem naturalmente,
principalmente devido a atrito com materiais isolantes; as manifestações da
eletricidade estática são observadas, principalmente, em locais onde a umidade
do ar é muito baixa, ou seja, locais secos;
Faíscas: O
impacto de uma ferramenta contra uma superfície sólida pode gerar uma alta
temperatura, em função do atrito, capaz de ionizar os átomos presentes nas
moléculas do ar, permitindo que a luz se torne visível. Normalmente
chamada de faísca, esta temperatura gerada é estimada em torno de 700ºC;
Brasa
de cigarro: Pode alcançar temperaturas em torno de
1.000ºC;
Compressão
adiabática: Toda vez que um gás ou vapor é
comprimido em um sistema fechado, ocorre um aquecimento natural. Quando
esta compressão acontece de forma muita rápida, (dependendo da
diferença entre a pressão inicial (P0) e final (P1), e o calor não sendo
trocado devidamente entre os sistemas envolvidos, ocorre o que
chamamos tecnicamente de compressão adiabática. Esta compressão pode
gerar picos de temperatura que podem chegar, dependendo da
substância envolvida, a mais de 1.000ºC. Isto pode acontecer, por exemplo,
quando o oxigênio puro é comprimido, rapidamente passando, de 1 atm para
200atm, em uma tubulação ou outro sistema sem a presença de um regulador
de pressão;
Chama
direta: É a fonte de energia mais fácil de ser
identificada. Algumas chamas oxicombustíveis, por exemplo, podem
atingir temperaturas variando de 1.800ºC (hidrogênio ou GLP com oxigênio)
a 3.100ºC (acetileno / oxigênio).
Misturas
perigosas: Sempre que possível, deverá ser evitada qualquer
mistura acidental de líquidos inflamáveis. Por exemplo: uma pequena
quantidade de acetona dentro de um tanque de querosene, pode baixar o ponto de
fulgor de seu conteúdo devido à volatilidade relativamente alta da acetona, o
que cria uma mistura inflamável, quando da utilização desse mesmo querosene. A
gasolina misturada com um óleo combustível pode mudar o ponto de fulgor deste,
de tal forma que seja perigoso para um uso corriqueiro. Em cada caso, o ponto
de fulgor baixo pode fazer as vezes de um detonador para a ignição de materiais
que têm pontos de fulgor altos.
Questão
5:
Como
podem ser identificados tanques de produtos perigosos?
É obrigatório identificar
qualquer tanque contendo produto perigoso colocando o nome do produto
existente. Em complemento, os tanques podem ser sinalizados através de cores
que permitem identificar os riscos dos produtos contidos. A identificação pelo
nome e cores contribui para que a equipe de emergência identifique rapidamente
os riscos do produto armazenado.
Uma forma adicional de
sinalização por cores pode ser feita através do Diamante de Hommel, previsto na
Norma NFPA 704. Vale ressaltar que este tipo de identificação não é obrigatório
pela legislação brasileira, tão pouco pode ser utilizado nos tanques
rodoviários e ferroviários. Líquidos inflamáveis e combustíveis devem ser
acondicionados em embalagens de boa qualidade, construídas e fechadas de
forma a evitar que, por falta de estanqueidade, venham a permitir qualquer
vazamento provocado por variações de temperatura, umidade ou pressão
(resultantes de variações climáticas ou geográficas), em condições normais de
transporte.
A parte externa das
embalagens não deve estar contaminada com qualquer quantidade de produtos
perigosos, sejam novas ou reutilizadas. Numa embalagem reutilizada, devem
ser tomadas todas as medidas necessárias para prevenir contaminação.
As partes da embalagem
que entram em contato direto com os produtos não devem ser afetadas por
ação química, ou outras ações daqueles produtos (se necessário, as
embalagens devem ser providas de revestimento ou tratamento interno adequado), nem
incorporar componentes que possa reagir com o conteúdo, formando com estas
combinações nocivas ou perigosas, ou enfraquecendo significativamente a
embalagem.
Toda embalagem nova ou
recondicionada, exceto as internas de embalagens combinadas, deve adequar-se
a um projeto-tipo devidamente ensaiado conforme Regulamentos Técnicos do
INMETRO.
Exceto quando haja
prescrição específica em contrário, os líquidos não devem encher
completamente uma embalagem à temperatura de 55ºC, para prevenir vazamento
ou deformação permanente da embalagem, em decorrência de uma expansão do
líquido, provocada por temperaturas que podem ser observadas durante o
transporte.
Qualquer vazamento do
conteúdo não deve prejudicar significativamente as propriedades do
material de acolchoamento, nem a embalagem externa.
Produtos incompatíveis
entre si não podem ser acondicionados em uma mesma embalagem externa.
Embalagens contendo
substâncias umedecidas ou diluídas devem ser fechadas de forma que o teor
de líquido (água, solvente ou dessensibilizante) não caia, durante o
transporte, abaixo dos limites prescritos.
Questão
6:
Quais
os riscos à saúde de líquidos e inflamáveis?
Os líquidos inflamáveis e
seus vapores, podem criar riscos à saúde, tanto por contato como por
inalação dos vapores tóxicos.
Muitos vapores tóxicos
produzem irritações devido à ação solvente sobre a oleosidade natural da pele e
dos tecidos. Em quase todos os casos existe um risco de intoxicação.
A magnitude do risco certamente dependerá da concentração do vapor.
Alguns vapores
inflamáveis são mais pesados que o ar e se dirigem para os fossos, aberturas de
tanques, lugares fechados e pisos rebaixados, contaminando o ar local e criando
uma atmosfera tóxica e explosiva. Nos recipientes fechados, pode ocorrer o
problema da falta de oxigênio, como por exemplo em um tanque que tenha estado
fechado por muito tempo, no qual a formação de óxidos consumiu oxigênio. Antes
de se entrar em um tanque nessas condições, o mesmo deverá ser ventilado e
medições devem ser feitas, tendo-se assim a certeza de que não há uma atmosfera
tóxica ou explosiva ou com deficiência de oxigênio.
Fontes:
Canadian
Centre for Occupational Health and Safety
RiscoZero
Deixe seu comentário e compartilhe este artigo em suas
redes sociais para que mais pessoas se informem sobre o tema!
Nenhum comentário:
Postar um comentário